Para os mais velhos, o casario entre a Senhora da Vida e a Misericórdia tem o nome de Barrocas. Para lá da Senhora da Vida era o Moisém, o Largo da Feira, o Rato, etc. Não poucas vezes havia grandes cenas de pancadaria entre o rapazio das Barrocas e do Troino ou estes juntos contra os do Moisém, etc. Em tempo de tréguas, estas zonas da vila de Alcochete jogavam à bola entre si. Nos anos cinquenta, muitas vezes a bola era de trapos ou era a bexiga de um boi. Quem desse biqueiros na bexiga com as sapatilhas levava na cara. Foi assim que nos criámos, hoje assistindo de olhos arregalados para o adultério do tempo.
2 comentários:
Nos anos cinquenta, a maior parte dos miúdos andava descalça.
Os calçados, se queriam jogar, tinham de se descalçar, o que faziam de boa vontade.
Muitas vezes, as balizas eram sinalizadas com o calçado dos que tinham mais posses, o que ajudava também à vigia do que era de cada um.
Nos anos cinquenta, em Alcochete quase não havia carros.
De vez em quando passava uma carroça.
Uma qualquer rua mais larga servia para jogar à bola, umas vez que a miudagem era escorraçada dos campos da bola tanto do Desportivo como do Imparcial.
Sobre esta matéria haveria uma saga a escrever, mas algumas das personagens cujo papel não foi o mais heróico ainda estão vivas, razão por que o melhor é que eu me cale. Descicatrizar feridas velhas nunca dá resultado.
Enviar um comentário