30 novembro 2006

Agnosticismo (texto revisitado)

Desta vez não é de gnosticismo que falo, mas sim de agnosticismo.
O agnóstico afirma que é impossível ao homem alcançar conhecimento acerca de Deus.
Convém não confundir o agnóstico com o ateu. Este nega a existência de Deus, podendo-se descortinar nele uma estranha relação de natureza religiosa com o objecto negado. Na verdade, não há tema para o debate mais desejado pelo ateu do que toda a problemática em torno de Deus.
O agnóstico, do alto da sua indestrutível soberba, diz ser indiferente à existência ou não existência de Deus.
Mas a pergunta é esta: eu poderei ser indiferente a Deus e simultaneamente chegar ao homem bom? O agnóstico vê-se forçado a responder que sim porque se julgará o dispensador do bem, conceito este cujos termos já remetem para um princípio absoluto recusado pelo agnosticismo.
A contradição vivida pelo agnóstico jamais o poderá levar à deferência face ao outro porque o efeito da ideia titânica de que o homem se constrói a si próprio traduz-se inexoravelmente em desprezo pelo outro. Este apenas servirá de capacho para cardas dominadoras que matam.
Mas a minha fé em Deus é a minha fé em Cristo, o irmão maior que me faz ver um irmão no rosto de cada um.

28 novembro 2006

Para petizes de palmo e meio (9)


NATAL

Numa noite longa e fria
Nasceu o Jesus menino.
Traz um canto de alegria
No peitinho pequenino.

"Glória a Deus lá nas alturas,
Paz aos homens de vontade!"
Estas são vozes futuras
De outra era, nova idade.

Mãe e pai de cada lado
Do menino envolto em panos,
Por pastores adorado,
Gesto simples de serranos.

Chegaram magos do Oriente,
Homens de saber profundo,
Cada um com seu presente
P'rò Senhor de todo o mundo!

Vai-se a noite, vem o dia,
Primeiro da salvação.
O homem já tem um guia
Que o salve da servidão.

João Marafuga

27 novembro 2006

Ficção e realidade


Alguém notou que, no actual mandato autárquico, os anúncios inseridos pelo município de Alcochete no jornal local, listando as principais decisões tomadas em reuniões da câmara, omitem a identificação dos proprietários, a localização e características mínimas das novas construções licenciadas?
Não era esse o critério seguido no mandato anterior, como o executivo bem sabe.
Aliás, a maioria dos municípios do distrito publica a informação completa, nomeadamente nos respectivos sítios na Internet.
A câmara de Alcochete, além de omitir informação idêntica no seu sítio na Internet e não só, na publicidade paga menciona somente os números dos projectos de arquitectura autorizados, o que não sendo ilegal nem ilegítimo é inútil.
A opção é errada porque oculta informação respeitante a actos públicos administrativos.
Uma vez mais, a prática contradiz a promessa de apostar na transparência de critérios e de mecanismos de gestão da autarquia.

26 novembro 2006

O pedófilo

O pedófilo é um violador de menores.
É difícil dissecar o carácter do pedófilo exactamente por ele ser um indivíduo fechado ao outro. Este não conta, razão por que o pedófilo nunca confessa os seus crimes.
O pedófilo vive para a satisfação da parafilia que o afecta, mas conseguindo levar a cabo uma vida pública aparentemente normal.
Há uma "intelectualidade" cujos fins não confessa que defende a pedofilia sob a capa de sexo inter-geracional. Tudo serve desde que sirva para abalar os alicerces da civilização.
Um desses alicerces é a moral cristã que arvora a defesa da criança num dos seus primeiros valores: Deus encarna num menino.
Se a destruição da criança se convertesse em indiferença para a sociedade, atingir-se-ia a própria Encarnação, fundamento do mundo real. E se assim fosse, o homem reduzir-se-ia à total materialização, deixando de ter olhos para ver na criança um símbolo do divino.

Mensagem a Catarina Marcelino

Catarina Marcelino, cuja mãe é minha colega há 25 anos, no Jornal do Montijo de 24 de Novembro de 2006, através de artigo intitulado "Homens contra a violência", fala de qualquer coisa incompreensível para mim que designa por identidade de género.
Eu penso que entre mim e a Catarina, como entre mim e qualquer mulher, há de facto uma identidade porque somos simplesmente pessoas. Em rigor filosófico, para a tal hipotética identidade de género, os seres humanos teriam que ser desindividualizados.
Somos iguais porque todos somos pessoas. Na verdade, não há pessoas de primeira, pessoas de segunda, pessoas de terceira, etc. Mas cada um é como cada qual, isto é, cada um tem a sua individualidade. Então, não pode haver dois sujeitos que recebam os dados da cultura de igualíssimo modo. Como cabe aqui a identidade de género?
É no campo moral que se deve colocar a violência contra as mulheres como toda a violência em geral. A agressão física é a forma mais primária de me sobrepor ao outro, quero dizer, de manter o meu poder. Em vez de duas individualidades se complementarem, uma nega a outra.

23 novembro 2006

Desafio aos munícipes de Alcochete

Leiam-se atentamente as págs. 4 e 5 da última edição do jornal da terra.
Um dos edifícios condenados a demolição é este, há muitos anos classificado como monumento no Inventário do Património Arquitectónico, realizado pela Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), a que corresponde o número de registo IPA PT031502010019.
Há pouco mais de dois anos evitei a sua demolição. Continuo a não contemporizar com políticas de "bulldozer". O património edificado deve ser respeitado.
Conforme pode ser lido aqui, "pelo facto de o imóvel ser original, a Câmara Municipal de Alcochete encontra-se a estudar a solução para uma possível recuperação". Esta informação é oficial e do ano passado. Está à vista que sim, mas também...
Desafio os munícipes a reagirem da forma que entenderem justa e necessária. E já, antes que seja tarde demais!
Há legislação suficiente para a câmara expropriar ou tomar posse administrativa desta jóia, dispõe da capacidade financeira necessária para tratar do realojamento temporário da única locatária, assim como meios para assumir directamente a recuperação e exploração do precioso imóvel até ter sido ressarcida das despesas inerentes.
Se nada suceder e o edifício começar a ser demolido, deixo expressa uma promessa solene: no mesmo dia em que as máquinas começarem a destruí-lo cessarei a minha intervenção neste blogue.

P.S. - Há pessoas com dificuldade em chegar à página da Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, referida acima, por ser impossível apresentar uma hiperligação directa.
Recomendo o uso exclusivo do browser IExplorer (com o Firefox, por exemplo, a operação resulta infrutífera) e a execução dos seguintes procedimentos:
1. Entre na página http://www.monumentos.pt/
2. No topo da página click na última opção Site;
3. No capítulo Sistema de Informação, click em Inventário;
4. Na coluna com fundo branco preencha apenas as opções País (Portugal), Região (Lisboa e Vale do Tejo) e Concelho (Alcochete);
5. Em seguida coloque o cursor na quadro N.º IPA e carregue em ENTER ou ENTRAR no teclado do seu computador;
6. Aparecerá a primeira de cinco páginas listando os monumentos e sítios classificados no concelho de Alcochete. No topo dessa lista encontra a sequência de acesso às 5 páginas de monumentos locais. O edifício em causa encontra-se na pág. 3;
7. As referências do edifício são as seguintes:
Edifício na Rua Dr. Ciprião de Figueiredo, n.º 38 - 44
Setúbal, Alcochete, Alcochete Nº IPA PT031502010019

Americanos ricos e patos bravos

Não me oponho ao desenvolvimento. Pelo contrário, entendo que para melhor deve mudar-se sempre, desde que se respeitem a Natureza e o bem-estar da comunidade.
Mas o desenvolvimento apregoado em campanhas eleitorais tem sido distinto do que se observa na prática. Para caçar votos pintam-se as coisas em tons cor-de-rosa, embora tempos depois se descubra ser conversa da treta.
Tenho escrito isto vezes sem conta: individualmente ninguém conseguirá forçar a mudança de atitude dos eleitos locais. Apenas reacções e mobilização significativas terão sucesso.
Encaro com reservas o assunto tratado num aviso do município, publicado em suplemento ao «Diário da República» de ontem (ver pág.3), respeitante a um projecto do proprietário da Herdade da Barroca d'Alva, congelado desde 1998 por razões ambientais.
Aviso que, nos termos legais, é de publicação imperativa e tem a finalidade de recolher sugestões e informações prévias.
Nunca há leis perfeitas e esta, reguladora da elaboração de planos municipais de ordenamento do território, deixa campo de manobra suficiente aos autarcas para cumprirem um formalismo sem revelarem, previamente, quaisquer estudos ou anteprojectos existentes.
Nada na lei impede o poder local de ter uma postura transparente, coerente e pedagógica. Mas da teoria à prática a distância é grande e, devido ao desconhecimento geral sobre a matéria em apreço, considero improvável qualquer reacção sobre assunto de tamanha relevância.
Normalmente a memória humana é curta e talvez já ninguém se recorde que o "megaprojecto" da Barroca d'Alva foi um dos temas que, em 2001/2002, os socialistas usaram para desgastar a imagem dos comunistas. A polémica durou semanas e encheu páginas de um jornal do concelho vizinho, cujo chefe de redacção viria a ser assessor de informação do novo poder.
Dois anos e meio depois assisti a uma conferência de Imprensa em que os comunistas classificavam o empreendimento da Barroca d'Alva como megalómano, bem como a debates autárquicos de que anotei acusações mútuas de incoerência.
O chefe da edilidade confirmava então que o público-alvo não se encontra no mercado nacional e que todo o núcleo turístico foi pensado para atrair americanos endinheirados, "pessoas que aliam o golfe aos negócios".
Agora que os papéis políticos se inverteram, novamente, delibera o executivo camarário "reiterar a intenção de dar seguimento ao Plano de Pormenor do Núcleo de Desenvolvimento Turístico da Barroca d’Alva".
Estranho que, tendo tal sido decidido há meses, não haja uma palavra de esclarecimento em parte alguma, nomeadamente no boletim municipal e no sítio da Internet, suportes informativos pagos com o nosso dinheiro e que deveriam servir para algo mais útil que a promoção da imagem pessoal de autarcas.
Sobre o projecto da Barroca d'Alva há muita coisa a carecer de clarificação. Por exemplo: a área contemplada voltou a crescer? Em 2001 eram 362 hectares, em 2004 saltou para 415 hectares e agora são já 444,6 hectares (equivalentes a cerca de 540 campos de futebol).
A este projecto chamei em tempos 'Nova Alcochete', cuja área é superior à da freguesia de São Francisco, contemplando muitas centenas de vivendas turísticas (outra informação a carecer de esclarecimento, porque ao longo do tempo o número varia entre 632 e 811), um hotel de luxo, campo de golfe e outras coisas boas e más.
Há na Internet informação suficiente sobre os inúmeros problemas ambientais causados pelos campos de golfe, pelo que me dispenso de escalpelizar o assunto.
Mas poucos sabem que, até meia centena de quilómetros de distância, a capital está rodeada de campos de golfe, a maioria sem procura suficiente que justifique a sua problemática existência.
Porque desertos ou não, os campos de golfe afectam os recursos aquíferos. Daí a necessidade de prudência na avaliação do custo e benefícios inerentes a tais equipamentos desportivos.

Questões ambientais impedem, há muitos anos, a concretização do projecto da Barroca d’Alva. Por isso desejo que os oito anos de impasse tenham sido aproveitados para repensar o assunto com realismo e segundo as melhores práticas nacionais e internacionais, pondo-se de lado a mania das grandezas, preservando e potenciando a última grande área rural que resta no município de Alcochete.
Nem é necessário voar muito tempo para descobrir boas alternativas. Será inútil, por exemplo, voar para o outro lado do Atlântico. A maioria dos americanos não sabe sequer onde se situa Portugal...

O aborto tem a ver com a consciência de cada um?

Não tenho a certeza absoluta de que o feto é inumano.
Face à dúvida, o mais seguro será não dar um tiro no escuro porque, se o der, poderei correr o risco de matar um ser indefeso.
Por este caminho, é falso que o problema do aborto tenha a ver com a consciência de cada um.
O extermínio de pobres indefesos às mãos dos poderosos tem a ver com a consciência de cada um?

Espírito de abstracção, aborto e feminismo

Quando se reduz o homem e o mundo a meia dúzia de ideias muito racionais cuja questionabilidade se não aceita e se força a vida a passar por elas, estamos perante o espírito de abstracção (hipertrofia do pensamento).
É, no fundo, devido ao espírito de abstracção que, por exemplo, Estaline mata 20 milhões de seres humanos para que o socialismo se implantasse em todas as Rússias.
As raízes mais distantes do espírito de abstracção mergulham no gnosticismo, entram em letargia nos quase mil anos de Idade Média, recrudescem com o Renascimento e são entronizadas por Descartes.
O espírito de abstracção é um traço masculinizante porque se relaciona directamente com a libido dominandi.
Ora o aborto é produto do espírito de abstracção: meia dúzia de ideias muito racionais cuja questionabilidade se não aceita e se força a vida a passar por elas. Mas é aqui mesmo que nos deparamos com a incomensurável contradição, uma vez que o feminismo, defensor do aborto, luta contra a colonização mental das mulheres levada a cabo pelos homens no seio da sociedade patriarcal.

22 novembro 2006

O aborto sob uma mera perspectiva racional

As pessoas contrárias à prática do aborto defendem que o feto é um ser humano. As pessoas a favor defendem que o feto é apenas um pedacito de carne.
As partes não chegam a consenso porque ainda não há uma resposta cabal da ciência à pergunta: o que é a natureza humana?
Nesta conformidade, há 50% de probabilidades de que o feto seja humano e 50% de probabilidades de que não seja. Mas investir nesta última hipótese é optar por um acto que tem 50% de probabilidades de ser um homicídio porque não havendo certeza absoluta da inumanidade do feto, extirpá-lo pressupõe uma decisão tomada no escuro.
Na verdade, os defensores de que o feto é um ser humano poderão reconhecer num futuro breve que empenharam altos sentimentos éticos na defesa de um pedacito de carne ou os defensores de que o feto é um pedacito de carne poderão descobrir que de um ser humano se tratava. Aqui e agora, eu prefiro correr o risco de estar com os primeiros, escolha que me resguardará de colaborar com o maior holocausto da História da Humanidade.

Urbanismo absurdo e condenável


A transformação de áreas rústicas em aberrações imobiliárias – visível em dois pontos distintos da Estrada da Atalaia, do lado esquerdo no sentido ascendente, defronte e pouco depois daquela urbanização abrasileirada denominada dos Barris – é inaceitável do ponto de vista ambiental e deveria suscitar a reacção da comunidade alcochetana.
A insuficiência financeira da autarquia para realizar obras de encher o olho, raramente prioritárias e destinadas a caçar votos (vulgo "elefantes brancos"), juntamente com pressões do mercado imobiliário, têm conduzido a estas e outras soluções urbanas condenáveis.
Entrementes, os centros históricos degradam-se e pouco falta para começarem a ruir edifícios classificados pelo próprio município como de interesse arquitectónico.

O que sei da actividade autárquica leva-me a questionar não apenas o planeamento urbanístico mas sobretudo as cortinas de ocultação que o rodeiam.
Há anos que ninguém mostra plano algum. A última vez foi em 1999 ou 2000, salvo erro.
No entanto, as edificações vão-se erguendo ao sabor das conveniências individuais, políticas e económicas de cada mandato.

Não sei se mais alguém repara nisso mas, em menos de uma década, anularam-se duas importantes potencialidades de Alcochete: a ruralidade e a rusticidade.
Até meados dos anos 90 era caso quase único na Península de Setúbal. Hoje é um concelho em vias de ser tão absurdo como os demais da região, acumulando-se disparates urbanísticos e atentados ambientais ante a indiferença geral.

Declarava, há dias, uma especialista em arquitectura que “urbanismo sustentável é aquele onde as pessoas se sentem bem".
Pergunto aos alcochetanos: sentem-se bem com o urbanismo recente na vossa terra? Acham que se tem construído respeitando as características ambientais herdadas?
Destaco os casos da Estrada da Atalaia por vários motivos: ambas as urbanizações eram propriedades agrícolas até muito recentemente, a licença de construção da exibida na imagem acima foi emitida já no actual mandato, ao contrário do habitual aí não foram previamente construídas as infra-estruturas, a volumetria parece-me desproporcionada e os edifícios têm uma orientação que os desarticula totalmente com o tecido urbano contíguo.
Sem uma deslocação à câmara não é possível conhecer qualquer plano de pormenor – embora se trate de documentos públicos que os munícipes deviam poder consultar livremente na Internet – pelo que cabe aos autarcas explicar e justificar o licenciamento de mais um aborto de 22 moradias.
Numa das extremidades existe um eixo rodoviário fundamental (Estrada da Atalaia), estreito, com lombas e visivelmente incapaz de escoar o tráfego inerente a este tipo de urbanismo.
No outro extremo ainda não percebi ao certo o que haverá (talvez uma nova artéria), nem ninguém o explicou até hoje.

Quando acabará a política do costume: primeiro constrói-se e quem vier a seguir que resolva os problemas inerentes? Quanto aos munícipes, desenrasquem-se!
Na mesma Estrada da Atalaia, o primeiro disparate urbanístico ocorreu no mandato anterior, quando foi autorizada uma urbanização de 20 vivendas, em local onde existia outra propriedade agrícola, com pomar, poço, aeromotor e a pequena casa dos proprietários.
Situa-se algumas centenas de metros antes da acima referida e dela é apenas visível, por enquanto, a construção de infra-estruturas.

Nasceu junto a ela um novo cruzamento, de que prometo falar quando forem mais frequentes os casos de chapa amolgada e vítimas no hospital, pois os automobilistas procedentes da Rua da Escola Secundária já tinham a visibilidade prejudicada por muros, sebes e veículos mal estacionados e a breve prazo os riscos aumentarão significativamente.
E não me custa a crer que, em poucos anos, este urbanismo tipo 'outlet' (tudo ao molho) ou PMV (de pequena e média visão) e os cruzamentos-ratoeira se repetirão noutras apetecidas propriedades da Estrada da Atalaia.
Nomeadamente porque:
1. Os autarcas precisam das receitas do imobiliário para financiar "elefantes brancos" e estão-se nas tintas para a estética urbanística;
2. As vivendas, porque têm preço elevado, não beneficiam de isenção de IMI e os proprietários começam a pagar esse imposto municipal no ano posterior à celebração da escritura de aquisição;
3. Os construtores aliciam, há anos, vários proprietários da Estrada da Atalaia para adquirirem e urbanizarem terrenos agrícolas.
O meu conselho é o do costume: reclamem, reclamem muito para a câmara.
Obriguem os autarcas a explicar-se e, principalmente, a emendar-se.

19 novembro 2006

O estupro das soberanias nacionais

«A ONU está firmemente decidida a tornar o abortismo obrigatório em todas as nações do mundo, sob pena de sanções económicas. É a mais vasta e brutal interferência uniformizante que um poder transnacional já ousou fazer em países nominalmente soberanos. A intromissão vai furar a casca jurídica e administrativa e ir directo aos fundamentos de cada sociedade. Será a extirpação completa das raízes morais e religiosas milenares de culturas inteiras - e não é preciso dizer que junto com esses fundamentos irão embora as respectivas identidades nacionais.
[...]
A decisão quanto ao aborto assinala o que Mao Tsé-Tung chamaria "salto qualitativo": uma lenta acumulação quantitativa de factores homogéneos muda, de repente, a natureza do processo. Décadas de manipulação sorrateira tornaram as nações suficientemente passivas para curvar-se, sem o mínimo questionamento, à imposição ostensiva de uma nova lei moral, contrária a tudo em que acreditaram durante séculos ou milénios.
Se há uma situação em que faz sentido falar de "genocídio cultural" é essa. E não é preciso dizer que novas medidas do mesmo teor virão nos próximos anos, varrendo do mapa símbolos, valores, costumes e tradições que desagradem ao autonomeado governo do mundo. A profundidade e abrangência da mutação planejada vai além de tudo o que a imaginação banal dos politólogos académicos e dos analistas económicos da mídia pode hoje conceber.
De um lado, a substância ideológica dessa revolução é extraída directamente do materialismo revolucionário do séc. XVIII: trata-se de criar uma sociedade global totalmente administrada e controlada por uma elite de intelectuais iluminados, porta-vozes da razão científica contra o pretenso obscurantismo das religiões e culturas tradicionais.
Mas todo esse racionalismo é somente uma casca brilhante construída para engodo das multidões. Por dentro, o iluminismo inteiro foi uma amálgama tenebrosa de ocultismo, magia, gnosticismo, sociedades secretas, rituais entre cómicos e macabros.
Do mesmo modo, o laicismo "esclarecido" da nova ordem global é puro teatro. Suas fontes são as mesmas do ocultismo da "Nova Era" (New Age). Seus gurus são H. P. Blavatsky, A. Bailey, A. Crowley e outros saídos do mesmo esgoto espiritual. [...] O governo mundial que se forma diante dos nossos olhos tem um programa "religioso" bem definido: criar uma nova "espiritualidade global" que domestique as religiões tradicionais e as nivele a qualquer seita ocultista, mágica ou satanista, e na qual o objectivo essencial da actividade religiosa não seja o culto a Deus, mas a "reforma social" - na linha, é claro, escolhida pela burocracia» (Olavo de Carvalho, Diário do Comércio, 20 de Março de 2006).

18 novembro 2006

Desafio a António Paracana

António Paracana, cidadão que conheci há 40 anos, no Jornal do Montijo (17 de Novembro de 2006), sem o demonstrar minimamente, escreve que «o aborto não é nem pode ser encarado [...] como um meio de controlo de natalidade». Ora eu sei que não é assim.
Desafio António Paracana a descer a este blog e debater comigo esta divergência de pontos de vista para esclarecimento de todos os interessados.
Ao contrário do que diz, António Paracana faz a apologia do aborto. De facto, esta figura bem conhecida da nossa sub-região, desconfiado de que não fosse suficiente afirmar à cabeça do artigo que votará SIM no referendo, reafirma o mesmo propósito no fim.
O discurso de António Paracana a favor do aborto evita aos olhos de todos a problemática moral e agarra-se à esfera jurídica e política: ele não quer tanto afirmar o valor da vida, mas defender um direito que até pode coexistir com a condenação moral do acto.

17 novembro 2006

Demorou mas...

A moção de protesto aprovada, por unanimidade, pelo executivo da Câmara Municipal de Alcochete, respeitante ao encerramento da urgência do Hospital Distrital de Montijo, demorou dois meses a chegar à luz do dia mas toca na maioria dos pontos certos.
Parece-me ter escapado um relevante: com ou sem urgência o hospital não pode fechar, carece de obras e de mais pessoal habilitado.

Mosquitos os mordam!

Se eu fosse este mosquito, sei quem seriam os meus preferidos para chupar avidamente o sangue.
Como não sou, acautelem-se.

Não se iludam

Nenhum munícipe deve encarar esta notícia com optimismo.
Lembre-se do caso do Imposto Municipal sobre Imóveis – introduzido em substituição da Contribuição Autárquica – relativamente ao qual os órgãos deliberativo e executivo municipais têm também a faculdade de, anualmente, fixar uma taxa variável.
Lembram-se do que sucedeu? O previsível: invocaram uma série de argumentos para aplicar a taxa máxima.
Em Alcochete há até um bizarro caso de amnésia política: regressado ao poder, há pouco mais de um ano, quem tanto criticara essa opção dos antecessores fez exactamente o mesmo.

Um ano é pouco tempo


Este blogue faz hoje um ano.
É ainda uma criança.

Mas os dois autores escrevem que se fartam: 754 textos em 365 dias. É obra!
Estatisticamente, mais de metade dos visitantes consultam «Praia dos Moinhos», pelo menos, uma vez por semana. A maioria quase diariamente.
A meu ver, o mais importante é o contributo deste blogue para a mudança de atitude das mentes brilhantes. Tem sido lenta, mas perceptível.
Mais difícil é forçar a mudança de atitude da sociedade em geral. Mas aí alguma coisa está a mudar também, segundo indícios que me chegam de fonte bem colocada.
Parece-me ser o momento oportuno para repetir um convite: venham mais autores, mesmo com opiniões contrárias às nossas.
«Praia dos Moinhos» é um espaço aberto e democrático, tanto mais interessante e útil quanto diversificado for o leque de opiniões fora da caixa de comentários.
Os contactos dos dois autores actuais constam da coluna à esquerda, que podem inscrever novos participantes.
A propósito: hoje remodelei essa coluna, porque alguns blogues registados estão sem actividade há meses e considero-os encerrados até notícias em contrário.

P.S. - Os autores deste blogue agradecem a «Escândalos no Montijo» o destaque e a referência ao aniversário.

16 novembro 2006

O principal problema sociodemográfico

Qualquer aluno médio do 10º ano em Geografia (a maioria deles com 15 anos de idade) sabe que o envelhecimento da população é o principal problema sociodemográfico.
Diz o manual de Geografia do meu filho que «a evolução da estrutura etária da população portuguesa evidencia o aumento progressivo da população idosa relativamente à população jovem».
A seguir, o mesmo manual confronta os estudantes com um gráfico cuja fonte é o INE para concluir que em Portugal a classe jovem tem estado a diminuir e que a classe dos idosos está a aumentar. No fim, fala-se das medidas para atenuar as consequências do envelhecimento da população, propondo este livro de apoio a Geografia do ensino secundário «...incentivos para que aumente a natalidade».
E agora uma daquelas perguntas estúpidas cuja estupidez é produtiva: o aborto é um incentivo para que aumente a natalidade?
O aborto obedece às estratégias político-ideológicas mais ignominiosas concebidas pela irracionalidade humana.

Esquerdas mundiais, Islão e aborto

Só quem quer fechar os olhos não vê a afinidade estratégica das esquerdas mundiais, expressa pelo apoio político e moral, com países e grupos islâmicos, embora estes, em geral, sejam anti-marxistas.
Na verdade, há um confronto político-ideológico e militar que opõe EUA e Israel às esquerdas mundiais e islamismo.
O islamismo é a vertente política do Islão, confissão religiosa e, no fundo, a própria lei islâmica (sharia). Esta não permite o aborto com uma única excepção: caso de a gravidez ameaçar a vida da mãe.
A pergunta é esta: sendo o aborto uma medida fortemente anti-natalista disseminada por muitos países ocidentais, o que esperam estes que no futuro lhes possa acontecer senão a progressiva perda da identidade cultural? E por que as esquerdas estariam interessadas nisso? Porque não pode haver qualquer pacto possível entre a cultura matricial do Ocidente e as esquerdas marxistas internacionais.

Pode ser legal, mas... (3)

Em meados de Outubro escrevi este e este textos, assinalando que um cidadão interessado em esclarecer-se acerca do alcance da alteração ao regulamento de utilização da piscina municipal de Alcochete teria, previamente, de resolver algumas charadas, devido à existência de versões distintas no sítio da câmara na Internet e no jornal oficial do Estado.
Sei que tinha razão.
Na pág. 2 deste suplemento ao «Diário da República» de terça-feira, vem publicado o Edital n.º 454/2006, de 10 de Outubro, da Câmara Municipal de Alcochete, contendo a versão completa da alteração ao Regulamento de Utilização das Instalações Desportivas Municipais (piscina municipal).
Assim está correcto e agora os munícipes têm bases para se pronunciar. Oxalá o façam até 14 de Dezembro.

Na pág. 5 do mesmo suplemento ao jornal oficial do Estado vem ainda publicado o Edital n.º 455/2006, também de 10 de Outubro, contendo uma proposta de regulamento do Fórum Cultural de Alcochete, em discussão pública até 14 de Dezembro.
Destaco apenas dois pormenores: o preâmbulo e o art.º 27.º.
Naquele gostei, particularmente, do seguinte parágrafo: "...optou-se por um regulamento que, a par da definição das regras básicas necessárias ao seu eficaz funcionamento, garante a flexibilidade necessária à sua polivalência e não fecha a porta a outras soluções futuras, para a sua gestão e funcionamento, que porventura se evidenciem mais adequadas ao cabal aproveitamento do equipamento cultural em causa".
Há uns meses houve, neste blogue, diálogos sobre a gestão do fórum e folgo em saber que alguém os leu.

Quanto ao art.º 27.º, tal como está redigido pode originar problemas entre funcionários fundamentalistas e jornalistas em serviço, não devendo estes ser impedidos de exercer a sua missão profissional, sob qualquer pretexto, goste ou não o poder vigente deles e do órgão que representam.
Refiro especificamente os jornalistas por possuírem uma carteira profissional e serem os únicos que trabalham à vista de toda a gente, pois quanto a espectadores indesejáveis ninguém conseguiu ainda impedi-los de actos de pirataria.


P.S. - Esqueci-me de incluir uma nota sobre o fumo no fórum cultural.
Lamento a permissão de fumar em sítios específicos, tal como consta do projecto acima mencionado.
Eu próprio tive de fugir do átrio numa noite de concerto, devido à acumulação de fumo e à manifesta insuficiência do sistema de extracção.
Duvido que a afluência seja prejudicada pela proibição de fumar em qualquer área do fórum. São outros os factores que influem na atracção de espectadores.

15 novembro 2006

Aborto ou a antecâmara do extermínio


Muita gente concorda com a interrupção voluntária da gravidez, isto é, o aborto provocado.
Pouca gente reflecte sobre os efeitos dos próprios actos em termos de futuro.
Afazemo-nos à ideia de que abortar é tão natural como natural é livrarmo-nos de um quisto indesejado em qualquer parte do corpo. Ora toda a confusão vem de colocarmos no mesmo patamar o que pertence a planos distintos.
Na verdade, cada vez estamos menos sensibilizdos para a ideia justa de que o aborto é sempre levado a cabo contra um ser indefeso.
Nesta conformidade, nada impede de eu pensar que amanhã a insensibilidade chegará ao ponto de ficarmos indiferentes ao extermínio de milhões de pobres indefesos às mãos dos poderosos.

Para petizes de palmo e meio (8)


ESTRELA

"Dá-me aquela estrela, mãe,
Que eu vejo ali no céu!
Quero tê-la assim na mão
Como tenho um griséu!"

"Meu filho, está longe a estrela,
Não a posso agarrar!
Amanhã tu vais vê-la
Lá no mesmo lugar!"

"Dá-me aquela estrela, mãe,
P'ra brincar aqui com ela!
Mais linda não há ninguém
Que a pintasse sobre tela!"

"Meu filho, sou pequenina,
Meus braços não chegam lá!
Vamos, vamos p'ra caminha
Que nos chama o papá!"

"Ó mãe, olha p'ra cima,
Uma estrela cai do céu!
A mim vem direitinha,
Até parece um troféu!"

Este poema é da autoria de João Marafuga

14 novembro 2006

Envelhecimento populacional e aborto

Hoje passei parte da manhã a navegar pelos jornais, o que só faço esporadicamente.
Em mais do que um órgão da imprensa li referências ao gradual envelhecimento da população portuguesa.
Tal constatação, por mais estranha que pareça a alguns, catapultou o meu pensamento para o aborto que é, fundamentalmente, uma medida anti-natalista.
Vem aí um segundo referendo ao aborto que, em caso de vitória dos defensores deste, flexibilizará bastante a interrupção voluntária da gravidez. Ora isto, pergunto eu, não entra em contradição com o apregoado envelhecimento populacional?
Só me resta concluir que a insistência do PS, coadjuvado por outros partidos de esquerda, na problemática do aborto obedece a estratégias supra-nacionais.

Mistificação que merecemos?

Anda poeira no ar, levantada por vento que sopra do Largo de São João, trazendo-me notícias de uma apresentação pública e de recolha de opiniões sobre o orçamento municipal para o próximo ano.
Podem os alcochetanos opinar sobre algo que desconhecem e cuja leitura prévia não lhes foi facultada?
Onde está o documento que deveria existir para consulta e análise, justificativo de eventuais pedidos de esclarecimento, de propostas alternativas e de opiniões sobre as opções de investimento?
Não contem comigo, pelo menos, em sessões onde uns senhores presunçosos falam de cátedra, aplaudidos por pobres diabos arregimentados, e escutados por uma dúzia de silenciosos munícipes que, tardiamente, descobrem terem sido iludidos.
Será esse um orçamento participado? Jamais.
O conceito é outro: um anteprojecto colocado no sítio na Internet e nas caixas de correio dos munícipes, acompanhado de um convite do presidente da câmara para sessões de reflexão e debate e do anúncio de predisposição para acolher sugestões e comentários também por via electrónica.

Tal custa menos de metade de um número do boletim de propaganda municipal, é transparente e politicamente incontroverso.
A opção tomada ilude a prometida participação dos munícipes na gestão da autarquia.
Depreendi algo diferente do programa eleitoral e do discurso de posse do presidente do município: "A participação da população na vida política activa deve ser efectiva e permanente, e não só durante e antes os actos eleitorais".

Uma vez mais, a prática contradiz a promessa de apostar na transparência de critérios e de mecanismos de gestão da autarquia.
Alcochete carece de poder local credível. Realista nas promessas, mobilizador e sensato na acção. Que não invoque erros passados para mascarar indolência e débil liderança.
Podem escassear meios para o poder local construir, mas sobram para semear e plantar. Não fazer uma coisa nem outra, abala os alicerces do municipalismo, a dignidade das instituições e a credibilidade dos eleitos.

Venha outra gente que revele maior respeito pelo chão que pisa e pelo povo que lhe conferiu representatividade.

13 novembro 2006

Ainda mais esta!

Então não há por aí quem pense que eu copio poemas sei lá donde!
Eu se copio poemas é das obras de minha própria autoria!
Mas o mais engraçado é que ao longo de toda a minha vida tenho tido destas. Muita gente não acredita que eu faça poemas! Pode lá ser o filho do Custódio Marafuga a fazer poemas!
Mas não é só os poemas. São também os meus textos sobre os mais diversos saberes humanos. De vez em quando lá oiço esta: "foste tu mesmo que escreveste aquilo?"
Digam-me lá o que é que um licenciado e profissional do ensino pode fazer face a tudo isto!
Nada! Esboço um sorriso e sigo o meu caminho porque a minha sina é esta: ser sem parecer. Assim vou morrer.

Para petizes de palmo e meio (7)


QUEM DERA...

Ser andarilho
P'lo campo fora
De sítio sujo
Eu ir-me embora.

Ser barca ao longe
Sobre onda brava
Do céu cimeira
P'lo mar levada.

Ser ave rara
Pena carmim
Ir de abalada
Sem meta e fim.

Ser nuvem branca
Lençol de amor
Que o vento leva
Com tanta dor.

Ser estrela à noite
E tão radiante
Que a todos dê
Luz fulgurante.

João Marafuga

Empresas nossas amigas (3)

Com cerca de duas décadas de actividade e meia dúzia de anos após ter construído uma unidade industrial de preparação e transformação de cortiça em Alcochete (Pinheiro da Cruz), esta empresa factura mais de 12 milhões de euros anuais e exporta cerca de 35% desse valor.
Dentro dos princípios que defini no primeiro texto, a propósito do desconhecimento mútuo entre cidadãos e empresas, desta também nada é possível saber através da Internet acerca da sua interacção com a comunidade local. Todavia, há informação suficiente para depreender a existência de preocupações ambientais.
A esmagadora maioria dos alcochetanos passará frente a ela, duas vezes ao dia, no IC13, embora desconheça as suas actividades e que ali poderão trabalhar familiares, amigos e vizinhos.
Insisto num apelo aos empresários de Alcochete: transponham para os vossos sítios na Internet a informação possível sobre a forma como interagem com a comunidade local. Lembrem-se do Livro Verde para a Responsabilidade Social das Empresas.

12 novembro 2006

Apelo aos empresários

Há pouco mais de um mês escrevi isto a propósito do afã informativo sobre um certo plano estratégico de turismo para Alcochete, ao qual não dou crédito por me parecer que as notícias prenunciam somente "betonização".
Acabo de ler esta notícia relacionada com a marca Ribatejo e o vizinho distrito de Santarém, contendo imensas pistas para trabalhar acertadamente no futuro, parecendo-me a oportunidade ideal para sublinhar dois erros alcochetanos: a inexistência de associação empresarial e o desconhecimento da relevância real e potencial da marca Alcochete.
É bom recordar que várias empresas com sede no concelho se situam entre as que apresentam maior volume de vendas e de exportações nos respectivos sectores de actividade, à escala nacional.
Porém, são nulas a representatividade e a intervenção local, nem se assumem como parceiros sociais, apesar de serem, seguramente, os maiores contribuintes líquidos do orçamento municipal (excluindo o Estado).
Quanto à marca Alcochete, tenho lido várias promessas eleitorais sobre o tema. Mas, tal como diz a letra de uma canção de Lena d'Água, fora das campanhas os políticos são atacados de amnésia.
Para isso só há um remédio: ignorar os políticos e deitar mãos à obra.
Não há desenvolvimento com "betonização", mas com captação de indústrias e actividades empresariais amigas do Ambiente e da mão-de-obra alcochetana.
A intervenção dos empresários radicados parece-me fundamental, embora ninguém saiba o que pensam sobre o seu e nosso futuro.

11 novembro 2006

Eu estou do lado das polícias

Quando a PSP ou a GNR intervêm perante grupos transgressores da lei, logo aparecem as reportagens das televisões quase sempre orientadas para indisponibilizar os espectadores contra as forças da ordem.
Pelo princípio da razão suficiente sei que nada existe sem uma razão de ser.
Vem-me à cabeça um conto da minha avozinha cujos pormenores me falham.
Era uma família numerosa sem grandes recursos, mas que vivia em paz. Por mão de uma das filhas, insinua-se um intruso lá em casa que a pouco e pouco vai roubando o sossego a pais e filhos. Uns e outros não sabem o que fazer à rede cada vez mais apertada que os sufoca. O medo é o duro pão que comem. Todos os que tentaram ajudar se mostraram sem forças para resolver o problema. A dada altura apareceu-lhes à frente um manhosão de dentes à mostra mais medonho que o primeiro, mas prometia livrá-los do tormento de longa data se aceitassem recebê-lo como senhor o resto das vidas. O desespero era tanto que concordaram em troca de algum alívio.
O meu filho está aqui a meu lado e perguntou-me: pai, isto foi mesmo verdade? Eu respondi: filho, isto é verdade só até metade. A outra metade poderá estar a caminho.

10 novembro 2006

Ecologismo, feminismo e megacapitalismo

É necessário tomar consciência de que um dos pavores aparentes de todas as esquerdas é o aumento da população mundial.
O argumento de superfície contra o aumento populacional é o de que o planeta não oferece recursos para alimentar tanta gente, embora, por outro lado, sejam criticados virulentamente os excedentes da civilização industrial. Contra esta vem o ecologismo que, recorrendo a pseudo-valores, ataca aquela indústria que, a preços baixos, alimenta centenas de milhões de pessoas.
O feminismo não se desliga da problemática do aborto que, por sua vez, obedece a estratégias políticas de natureza anti-natalista.
Ora faz espanto que eu, na minha pesquisa permanente, nunca encontrasse nenhum cientista reconhecido pela academia internacional a preocupar-se por aí além com a subida demográfica à escala planetária.
Surge então a pergunta de fundo: qual é o real problema das esquerdas face ao aumento da população sobre todos os continentes da terra?
O controlo das bocas visa o controlo do mercado que paulatinamente deixaria de ser livre para cair nas mãos de alguns poucos, isto é, os megacapitalistas feitos com as esquerdas do mundo inteiro.
Na verdade, o livre-mercado esforça-se por dar satisfação às necessidades de um número cada vez maior de pessoas. Mas não é com a progressão do bem-estar material e espiritual que se governam as esquerdas. Estas precisam da pobreza dos povos para assentar arraiais.
Só há uma maneira de assegurar a pobreza à face da terra: prender o mercado. E este é também o desejo de grandes capitalistas que não se interessam pela elevação do nível de vida das vastas camadas populacionais, mas pelo domínio de um pequeno grupo sobre o resto dos homens.

Pagar mais para quê? (3)

Não era minha intenção voltar ao assunto tão cedo, mas esta notícia deve ser lida por quem deu alguma atenção às minhas duas notas anteriores sobre o tema fundação das salinas do Samouco.

09 novembro 2006

Pagar mais para quê? (2)


Falta em Alcochete uma instituição da sociedade civil dedicada a acções de carácter ambiental, artístico, científico e filantrópico, potenciadora de iniciativas visando a coesão social e a responsabilidade cidadã.
Talvez por isso, os estudos que conheço sobre o futuro da fundação das salinas do Samouco prevêem a pior das soluções: intervenção do município nos seus órgãos de gestão, juntamente com departamentos estatais dependentes dos ministérios das Obras Públicas e do Ambiente, a concessionária da ponte Vasco da Gama e organizações ambientalistas de carácter nacional e regional.

Distante dos arranjos políticos de ocasião e de feudos partidários, a Fundação para a Protecção e Gestão Ambiental das Salinas do Samouco seria mais eficiente e útil, mas para isso seriam necessários empenho, entusiasmo e organização de cidadãos de boa vontade.
Há em Alcochete gente capaz de gerir, valorizar e até tornar lucrativa a Fundação para a Protecção e Gestão Ambiental das Salinas do Samouco, assim como não faltam homens que de recuperação e manutenção de salinas sabem mais a dormir que a maioria dos ambientalistas.
Tal como sei haver gente conhecedora de bons exemplos europeus de recuperação e preservação de zonas húmidas, com cujas organizações se devia cooperar tendo em vista a candidatura aos generosos fundos comunitários destinados a projectos transfronteiriços de conservação ambiental.
Ninguém reparou nem nunca soube valorizar, por exemplo, que há não muito tempo trabalhou em Alcochete um homem com longa experiência de conservação na Amazónia, referenciado em inúmeros documentos de organizações das Nações Unidas.
Passou por cá e ninguém lhe ligou a mínima importância. Pelo contrário, criaram-lhe dificuldades na sua esfera de competência profissional.
Uma vez por outra, debalde tenho abordado aqui matérias relacionadas com cooperação ambiental e fundos europeus.
Hoje fico-me por um apelo também não inédito: por favor acordem! Ajudem a fazem alguma coisa pela vossa terra, antes que seja tarde demais!

A ler

Reinvindicações do PCP ao Governo, para obras em Alcochete e não só.
Discordo apenas dos ca
sos da sede de colectividade de São Francisco e da 3.ª e 4.ª fases da variante urbana de Alcochete.
Sobretudo desta, porque nada resolve, como está à vista após a abertura da inacabada 2.ª fase.
Não será necessária uma variante em São Francisco? Terá a EN119 condições de suportar o aumento de tráfego?
E o alargamento da Estrada Real, a verdadeira e única variante que faz sentido planear no concelho, quanto antes, incluindo novos acessos desta ao IC13? Ainda não repararam que a rotunda do Entroncamento começa a ficar congestionada em horas de ponta?
Também estranho a não inclusão do centro de saúde e de uma nova escola básica para São Francisco. Ter-se-ão esquecido que a população da freguesia quase duplicará com o empreendimento imobiliário aí em construção?
Deverá a sede de uma colectividade sobrelevar um centro de saúde e uma escola?
E a ampliação da capacidade da Escola EB 2,3 El-Rei D. Manuel I não é prioritária?

08 novembro 2006

A democracia tem que ser defendida


Todos sabemos que a estratégia dos partidos comunistas no Ocidente passa por apoiar as reivindicações feministas, mas se vocês perguntarem a um camarada se a democracia chegou à casa dele, responder-vos-á prontamente que não porque o nosso homem vive sob grilhões machistas que o impedirão de avançar com resposta diferente.
Se a democracia não chegou a casa dos comunistas, para que serve senão para eles se valerem cinicamente das leis vigentes e subverterem-na numa azáfama subterrânea que jamais se cansa?
A democracia está entregue ao eleitorado. Este, maioritariamente de direita, faz pela vida e não se mete nas caves obscuras da subversão.
Bolas! É tempo de arregalarmos os olhos e todos os amantes da democracia se organizarem activamente na defesa desta. De outro modo, os nossos filhos e netos perderão o rosto.

07 novembro 2006

Qual a alternativa à Festa Brava?


Mas afinal, pergunto eu, qual a alternativa daqueles que atacam a Festa Brava? O feminismo? Mas este tentáculo do marxismo pugna pela igualdade de género, isto é, não aceita gerenciamentos diferentes para o que também é diferente.
Sim, homem e mulher, iguais como pessoas, são diferentes na especificidade de cada um.
Pouquíssimas mulheres seriam capazes de arrostar um toiro, facto natural que não as desmerece absolutamente em nada porque a maternidade prova que elas têm uma força inexcedível.
Noutro plano está a agressividade do varão que não pode ser gratuita senão posta ao serviço do Homem.
O problema de fundo é que a Festa Brava é uma iconolatria, isto é, uma espiritualidade de acção. Uma vez destruído um importante rochedo ctónico das outras duas formas de espiritualidade, a saber, a de amor (personalismo) e a de conhecimento (misticismo), estas sumir-se-iam muito mais facilmente.
E eu torno a perguntar: de quem seria o ganho?

Alteração do regulamento do museu

Está aqui – ver pág. 10 de suplemento publicado com o «Diário da República» de hoje – a proposta de regulamento do Museu Municipal de Alcochete, que o município submete a discussão pública durante 30 dias.
Peço a algum(a) especialista que me faça chegar os comentários devidos, porque as minhas questões não são regulamentares mas de outra índole.
Por exemplo, acho que o chamado núcleo sede do museu municipal é pequeno e pobre demais para a grandeza deste concelho.
Estarei equivocado ou, até há poucos anos, os residentes tinham acesso gratuito aos museus municipais?

Mensagem cultural da Festa Brava


A cultura não é um fim mas um caminho para plainos superiores até ao plaino supremo que é a salvação do homem.
Na perspectiva cultural, a Festa Brava reclama que não lhe esvaziem os valores cuja ancestralidade decorre de tempos antiquíssimos. Esta reclamação será sempre satisfeita enquanto o homem preferir uma humanização cada vez mais elevada a ser um autómato mergulhado num imanentismo repugnante que o levará ao completo esquecimento de si.
O homem esquecido de si desviverá porque atrofiada a própria essência que o torna reflexo de Deus.
As raízes profundamente religiosas da relação homem-toiro são penhor da dimensão transcendente do ser humano que o promoverá a rei do cosmos.

06 novembro 2006

Pagar mais para quê? (1)


Espero que os utentes da ponte Vasco da Gama não sejam forçados, em breve, a financiar mais a obscura fundação das salinas do Samouco.
Até porque já suportam aumentos anuais absurdos e inexplicáveis do valor das portagens – o deste ano excedeu em mais do dobro a inflação estimada, sem que ninguém se dignasse justificá-lo – sendo injusto e inadmissível exigir-lhes mais sacrifícios para financiar um logro denominado Fundação para a Protecção e Gestão Ambiental das Salinas do Samouco.
Entidade que, até à data, pouco mais demonstra que incontrolável tendência para estar paralisada ou realizar obras de fachada, como aqueles casebres e o aeromotor que jazem a apodrecer à beira da estrada Alcochete-Samouco.
Uma instituição cujas actividades passadas, presentes e futuras até em Alcochete se desconhecem, embora aqui tenha actividade exclusiva e sede social.
Distingue-se sobretudo por ter como presidente (vitalício?) um ecologista incómodo ao "guterrismo" que, estranhamente, sobreviveu também aos três governos posteriores, com boa aceitação junto de alguns ignorantes ou ingénuos estagiários de jornalismo que, ciclicamente, se dispõem a ampliar-lhe declarações inconsequentes, críticas vãs a órgãos do Estado, alertas de bancarrota e ameaças de encerramento.
Até hoje, contudo, nenhum jornalista demonstrou o menor interesse em esclarecer inúmeras coisas ambientalmente muito relevantes.
Por exemplo, como é gerida e auditada a actividade dessa fundação e como se aplicaram elevadas verbas recebidas do Estado e da concessionária da ponte.
Inclusive, se cumpre os compromissos assumidos pelo Estado com a União Europeia, no âmbito da construção da ponte Vasco da Gama e a título de compensação por eventuais danos de natureza ambiental causados por essa travessia.

Aguardo com expectativa a reacção dos autarcas de Alcochete, que presumo conhecerem matéria relacionada com o assunto focado nesta notícia, porque lhes escuto, há anos, críticas objectivas à forma como essa fundação desconhecida e opaca funciona.
Uma vez mais exemplifico, recordando que, até ao início de 2003, entre fundos do Estado e contribuições da Lusoponte foram gastos 1.450.000€ na fundação das salinas do Samouco.
São mais de 290.000 contos na moeda antiga, verba idêntica à do custo estimado da nova biblioteca pública de Alcochete.

Entretanto, desde 2003 que nada se sabe acerca dos gastos da fundação.
Recordo que, a 11 de Fevereiro de 2004, o então chefe da edilidade levou a sessão de câmara um documento no qual está escrito que, "na realidade, as marinhas da fundação estão abandonadas".
Nessa sessão os vereadores da CDU foram severos nas críticas ao processo de criação da fundação, aos motivos que determinaram a escolha do seu presidente e à sua gestão.
Miguel Boieiro (à data vereador da então oposição) recordava que a fundação foi um "prémio" do executivo de António Guterres a um dirigente da delegação de Setúbal de uma associação ambientalista, pela sua "coragem" na defesa da instalação de uma incineradora de resíduos industriais na zona da Arrábida.

Ainda segundo o agora presidente da Assembleia Municipal de Alcochete, no início de 2004 as salinas eram "uma vergonha para o país e para o município", estavam "numa situação escandalosa" e nada funcionava.
Nessa mesma sessão do executivo camarário, uma então vereadora substituta e hoje chefe de gabinete do presidente da autarquia lançava também algumas interrogações: "que faz a fundação? Que tem a ver connosco? Aquele espaço era nosso, da população de Alcochete. De repente, divide-se e cria-se uma área abandonada. Ninguém presta contas à população do que ali se passa. Não escutam ninguém nem pedem opiniões. A fundação tem de envolver as pessoas da terra, não voltar-lhes as costas. Que é feito dos subsídios recebidos, se nem sequer mantiveram os muros de acesso?"
Pergunto: que mudou desde há dois anos e meio?
Tanto quanto me apercebo, se algo mudou foi para pior.
Seremos obrigados a pagar mais para este filme?


(continua)

Para petizes de palmo e meio (6)

PESCADOR

Pescador que foste ao mar
De manhã bem cedinho
P'ra depois regressar...
Mas não vieste de caminho!

O povo se alvoroçou
A correr para a praia
E ao mar se lançou
P'la "Senhora da Atalaia".

A lancha bailarina
Apanhou a ir só
A cantar a triste sina
Que à gente mete dó!

Gritos chegam das ondas
Do mar a perder de vista.
Pela terra sem delongas
Não há dor que resista.

"Adeus camarada,
Lembrança querida!...
Ó alma levada
De amarga partida!..."

João Marafuga

05 novembro 2006

Mensagem histórica da Festa Brava


A História faz-se com a adesão dos povos a grandes projectos galvanizadores.
A Festa Brava recebe a aderência de multidões porque é um projecto de recorrência para o retorno às raízes mais recônditas do homem.
Por esta senda, a Festa Brava faz História. E a História é esta: todo o fruto pende dos ramos que se erguem do tronco que parte das raízes. Tolhidas estas, secam as árvores que viram espectros à beira dos caminhos.

Convocatória (2)

Alguém que participou nesta reunião, com cerca de duas dezenas de presenças, revelou-me o seguinte:
1. Há um grupo de pessoas incumbido de redigir um manifesto, cuja subscrição será, em breve, proposta à população de Alcochete;
2. Foi notória a ausência de dirigentes partidários;
3. Os órgãos autárquicos de Alcochete nada decidiram ainda acerca do fecho das urgências do hospital de Montijo e a chefe de gabinete do presidente da câmara diz desconhecer o teor do documento submetido a audição pública pelo Ministério da Saúde.
O que escrevo é lido e comentado em público pelo chefe da edilidade, pelo que forneço, uma vez mais, a hiperligação para a proposta da rede de serviços de urgência do Ministério da Saúde.
Suspeitava que, em Alcochete, há demasiada gente alheada da realidade. Mas quando os maus exemplos vêm até de eleitos e dirigentes políticos, só posso esperar muito pior.
Para usar uma referência que os mais velhos conhecem, continuem sentados à espera do comboio...

03 novembro 2006

Mensagem cristológica da Festa Brava


Se abrirmos um bom dicionário de Grego e procurarmos lógos, descobriremos que esta entrada significa Palavra, Espírito, Razão, Inteligência, Pensamento, etc., no sentido mais vertical destes conceitos.
O Evangelho de São João começa assim: «No princípio era o Logos...» (En arkê ên ho lógos).
Cristo é o Logos que está presente em todas as coisas desde toda a Eternidade. Esta realidade, fundamento do criado, é representada pelo símbolo da Cruz, união da verticalidade e horizontalidade (carne do homem e carne do mundo).
Na arena, o abraço homem-toiro foca a descida vertical da razão sobre a horizontalidade simbolizada pelo animal, o que recebo como uma imagem cristológica.

O seu a seu dono

São fúteis as guerras partidárias que se inventam em Alcochete. E a do pavilhão desportivo da Escola E.B. 2,3 El-Rei D. Manuel I é execrável e patética.
Quem merece os louros de uma obra: o que a negociou, definiu o método de financiamento e celebrou o contrato de construção ou quem a mandou acabar e pagar?
Para mim o mérito ou demérito será sempre do primeiro, nomeadamente se o segundo se limita a pouco mais que honrar compromissos herdados.
Conheço razoavelmente o caso do pavilhão desportivo da Escola E.B. 2,3 El-Rei D. Manuel, em meu entender a mais acertada decisão do anterior executivo municipal.
Creio ser pacífica esta opinião, porque nunca ninguém contestou a obra e há mais de 20 anos que o pavilhão era imprescindível. Criticou-se apenas, e com inteira justificação, a forma precipitada como as obras arrancaram em vésperas da campanha eleitoral de há um ano, sem sequer haver visto legal do Tribunal de Contas.
Acrescentando eco ao mau exemplo dado, há dias, pelo actual chefe da edilidade, na cerimónia inaugural do pavilhão, o(a) escriba de serviço na câmara resolveu redigir nesta notícia tratar-se da "segunda importante obra municipal disponibilizada à população pelo actual Executivo Municipal".
Presumo que superiormente alguém terá aprovado o texto, pelo que a coisa não me parece inocente. Ainda o será menos porque, na cerimónia inaugural, o actual presidente da câmara terá destacado "o trabalho desenvolvido pelos autarcas no anterior e actual mandatos", assumindo, "ao contrário de outros, que esta é uma obra transversal a dois executivos municipais e que o mérito, quer do seu início, quer da sua conclusão, se deve a esses dois executivos”.
Para mim, lamentável é a aparente ausência na cerimónia do "pai" da "criança" ou de um eleito da actual oposição camarária. Observei atentamente as imagens que ilustram a notícia acima citada e não reconheci ninguém ligado ao PS. Admito que possam ter sido convidados e declinado a presença, o que nem seria inédito.
Se cerimónias destas fossem organizadas de forma cautelosa, democraticamente correcta e eticamente transparente, um ou mais representantes do anterior executivo deveriam ter marcado presença. Creio mesmo que a honra do descerramento da placa inaugural poderia pertencer, por direito próprio, a algum deles.
Assim não entendeu ou não conseguiu concretizar quem organizou a cerimónia e lamento-o profundamente.
Posso ter fundadas reservas a muito do que foi planeado e executado no mandato anterior. Mas o pavilhão tem importância indiscutível e para mim será sempre obra creditada a esses autarcas.
Já agora, uma observação marginal. Alguém decidiu mal que o troço da 2.ª fase da variante se denominaria Avenida dos Barris. Penso ser errado, por duas razões: primeira, o topónimo é equívoco e toda a gente o liga a adega e vinho embora na sua origem esteja o barro. Segunda, tratando-se da continuação de uma artéria originalmente denominada Avenida do Brasil, lógico seria que em toda a extensão a variante tivesse a mesma designação toponímica.
Duvido mesmo que, se a pergunta fosse feita aos alcochetanos, a escolha da maioria não recaísse em Avenida do Brasil.
Mas as mentes brilhantes decidiram que esta obra péssima deveria chamar-se Avenida dos Barris. E fizeram bem. Os nossos netos serão levados a supor que tão má obra só podia ter nascido na mente de quem destilava vapores de alcool.


P.S. – Posteriormente à colocação deste texto no blogue, consegui falar com alguém que assistiu à inauguração do pavilhão da escola.
Esse alguém referenciou-me dois factos relevantes: a presença do ex-vereador José Navarro (eleito pelo PS) e a ausência de jovens.
Um e outros não foram protagonistas naquela cerimónia. Foi pena.

02 novembro 2006

Convocatória

ENCERRAMENTO DAS URGÊNCIAS
DO HOSPITAL DISTRITAL DO MONTIJO
PLENÁRIO DA POPULAÇÃO
DO CONCELHO DE ALCOCHETE


DIA 04 DE NOVEMBRO DE 2006 (Sábado), 17H00

JUNTA DE FREGUESIA

DE ALCOCHETE


O encerramento das urgências do Hospital do Montijo é cada vez mais uma ameaça com que a população do concelho de Alcochete se confronta.
É possível um melhor serviço e evitar o encerramento!
Vamos analisar em conjunto as soluções e evitar que os objectivos do Ministério da Saúde se concretizem.

Apareça e traga um amigo!

P'la Pró-Comissão
Isidoro Santos/João Noronha

Mensagem democrática da Festa Brava


A Corrida de Toiros é um espectáculo pacificado com a tradição cujas raízes antropológicas, muito anteriores à História como ciência, se soerguem dos mitos mais arcaicos de todos os povos.
Ora eu penso que não é possível defender as democracias liberais do Ocidente por um lado e desprezar a genuína tradição por outro. Estes juízos levam-me ao raciocínio de que a morte da tradição é a morte da democracia.
De facto, se defendo o cristianismo, o estado-nação, a liberdade individual, a família, a propriedade privada, as regras do mercado, etc., estou a defender a tradição, isto é, o modelo de democracia ocidental.
Nesta perspectiva, eu vejo na Festa Brava uma das manifestações da democracia, uma vez que os valores intrínsecos da primeira são aliados dos da segunda, uns e outros incompatíveis com qualquer espécie de reedição totalitária, por mais pintada que seja.

Para petizes de palmo e meio (5)

LANCHA

Lá vai menina,
Lancha no mar.
Carrega sina
Que a faz chorar.

Lá vai gelada,
De peito ao vento.
Sofre calada
Duro tormento.

Já longe dança
Quase à porfia.
As redes lança
Sobre água fria.

Uma tainha
Na rede cai,
Mas a lanchinha
Não solta um ai!

Lá vem sofrida
De volta à praia
E tão garrida,
Linda catraia!

João Marafuga

01 novembro 2006

Mensagem ética da Festa Brava


A Festa Brava, pela sua vertente mais prestigiada, vale dizer, a Corrida de Toiros, está ordenada ao Bem.
De facto, a Corrida de Toiros pauta-se pela imutabilidade de gestos sempre repetidos, recriando simbolicamente a obra da Criação que se rege por leis imutáveis e é boa: «Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã. Foi o sexto dia» (Gen. 1, 31).
Nesta conformidade, a Corrida de Toiros (são lidados seis animais) celebra a Criação gerada pelo Sumo Bem, razão por que só pode estar ordenada a Este, lembrando todos os homens de que são colaboradores do Criador na construção incessante da casa comum.

Para petizes de palmo e meio (4)

PASTOR

Quem me dera ser pastor,
Ter casebre sobre o monte,
Levantar-me ao alvor,
Para o Sol virar a fronte,

Ajoelhar-me no chão,
Erguer as mãos ao alto,
Rezar de gratidão
Sem qualquer sobressalto,

Descer a vertente
Agarrado ao cajado,
O rebanho à minha frente
Feito mar ondulado,

Ao meio dia descansar
À sombra de uma azinheira,
Meu amor recordar
Mais aquela Sexta-Feira...

Sexta-Feira aziaga
Que noivado acabou.
Desde então sangue e água
Do meu peito jorrou.

João Marafuga