23 novembro 2006

Desafio aos munícipes de Alcochete

Leiam-se atentamente as págs. 4 e 5 da última edição do jornal da terra.
Um dos edifícios condenados a demolição é este, há muitos anos classificado como monumento no Inventário do Património Arquitectónico, realizado pela Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), a que corresponde o número de registo IPA PT031502010019.
Há pouco mais de dois anos evitei a sua demolição. Continuo a não contemporizar com políticas de "bulldozer". O património edificado deve ser respeitado.
Conforme pode ser lido aqui, "pelo facto de o imóvel ser original, a Câmara Municipal de Alcochete encontra-se a estudar a solução para uma possível recuperação". Esta informação é oficial e do ano passado. Está à vista que sim, mas também...
Desafio os munícipes a reagirem da forma que entenderem justa e necessária. E já, antes que seja tarde demais!
Há legislação suficiente para a câmara expropriar ou tomar posse administrativa desta jóia, dispõe da capacidade financeira necessária para tratar do realojamento temporário da única locatária, assim como meios para assumir directamente a recuperação e exploração do precioso imóvel até ter sido ressarcida das despesas inerentes.
Se nada suceder e o edifício começar a ser demolido, deixo expressa uma promessa solene: no mesmo dia em que as máquinas começarem a destruí-lo cessarei a minha intervenção neste blogue.

P.S. - Há pessoas com dificuldade em chegar à página da Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, referida acima, por ser impossível apresentar uma hiperligação directa.
Recomendo o uso exclusivo do browser IExplorer (com o Firefox, por exemplo, a operação resulta infrutífera) e a execução dos seguintes procedimentos:
1. Entre na página http://www.monumentos.pt/
2. No topo da página click na última opção Site;
3. No capítulo Sistema de Informação, click em Inventário;
4. Na coluna com fundo branco preencha apenas as opções País (Portugal), Região (Lisboa e Vale do Tejo) e Concelho (Alcochete);
5. Em seguida coloque o cursor na quadro N.º IPA e carregue em ENTER ou ENTRAR no teclado do seu computador;
6. Aparecerá a primeira de cinco páginas listando os monumentos e sítios classificados no concelho de Alcochete. No topo dessa lista encontra a sequência de acesso às 5 páginas de monumentos locais. O edifício em causa encontra-se na pág. 3;
7. As referências do edifício são as seguintes:
Edifício na Rua Dr. Ciprião de Figueiredo, n.º 38 - 44
Setúbal, Alcochete, Alcochete Nº IPA PT031502010019

7 comentários:

Anónimo disse...

Todos os edificios tem um fim...

Se nao se restaurar já, o melhor é demolir, agora nao estejam mais uma vida inteira com utopias para com a peça.

Anónimo disse...

Caro F.Bastos,

Interpelo-o no sentido de o demover de desistir do combate , muita das vezes solitário , que tem bravamente promovido em prol de Alcochete. Não dê esse prazer a quem pensava que a sua voz avisada se calaria com o fim do saudoso Tágides. Continue por favor. Alcochete vive em pleno a tragédia da paupérrima gestão camarária do actual executivo. Podemos , sem exagero , afirmar que Alcochete se tornou num imenso buraco lamecento de obras "sem rei nem roque". Está tudo esburacado... E agora com as chuvas a situação está a assumir proporções alarmantes. É típico do atabalhoamento de quem não sabe fazer melhor. A situação do edifício da Rua Dr. Ciprião de Figueiredo é paradigmática de um município cujos responsáveis , por ignorância crassa , jamais souberam tratar de forma particular situações de particular interesse. Como é que é possível que não haja neste Município um Gabinete de Projectos Especiais vocacionado para proceder à programação , planeamento e execução de acções cuja importância aconselhe um acompanhamento particular como é o do edificío em causa. Não é este o local oportuno para explanar o conjunto de atribuições que um Gabinete desse natureza poderia abarcar no âmbito do ordenamento e recuperação urbana. Contudo , parece-me óbvia a importância que teria um Gabinete com essa natureza no que respeita à recuperação de edifícios classificados. A possibilidade de demolição daquele edifício revela pois uma confrangedora insensibilidade da CMA em matéria de preservação do património e uma total ignorância no que concerne à implementação de políticas de intervenção nos tecidos urbanos de formação histórica , reabilitando e recuperando o que de mais valioso existe no património urbano local. É então evidente que a CMA não tem consciência das responsabilidades que lhe cabem no combate à degradação do centro histórico e na recuperação de património classificado. A criação desse Gabinete , em estreita relação com o pelouro da cultura , devidamente enquadrado pelo quadro jurídico que enquadra os programas de recuperação de área urbanas degradadas , conjugado com o apoio de programas específicos como o RECRIA , com o diálogo permanente entre a edilidade e os proproprietários e até com a implementação de programas específicos da própria câmara , poderá salvar este e muitos outros edificios de interesse revelante.Para além desse Gabinete , sugiro vivamente a criação de um Prémio Municipal de Arquitectura que deve assentar numa base de compreensão , segundo a qual , toda a obra supõe a recuperação de elementos que o tempo deixou.
É pois tempo da CMA e das autarquias em geral m perceberem que ao privilegiarem a recuperação arquitectónica mais não fazem do que estabelecer uma relação entre dois tempos dominantes e que devem ser considerados: um passado que deverá ser sempre entendido como raiz da realidade actual , e um futuro , que cada dia que passa , se esboça exigindo novas e mais rápidas respostas às necessidades crescentes. O crescimento dos espaços urbanos tem levado à constituição de tecidos urbanos complexos em termos físicos e sociais.Esse crescimento não pode realizar-se à custa do esvaziamento das zonas tradicionais e do património classificado , com todo o peso da memória colectiva que carregam. Recuperar aquele e outros edificíos de interesse histórico e patrimonial relevante é dar sentido à forma , num conteúdo que compreenda o seu significado.A inteligência arquitectónica tarduz-se na organização de um conjunto único , partindo dos elementos urbanisticos convencionais , introduzindo CRITERIOSAMENTE elementos novos. Alcochete balança entre o peso das suas memórias e a força das novas propostas cosmopolitas que se têm aproximado vertiginosamente. NÃO PODEMOS DEIXAR PERDER UMAS NEM AFASTAR A S OUTRAS , pois sinto que há espaço em que todos possamos dialogar.Só assim valerá a pena viver em Alcochete.
Senhor Presidente da Câmara: PRIVILEGIAR A RECUPERAÇÃO ARQUITECTÓNICA TRADUZ UMA ATITUDE DE COMPREENSÃO E RESPEITO PELA IMPORTÂNCIA QUE CADA CONTRIBUIÇÃO , MESMO QUE INSIGNIFICANTE , ASSUME NA COMPOSIÇÃO DE UM TECIDO URBANO COMPLEXO , VIVO , MAS QUE DEVE SER CONSEQUENTE. Dê pois um sinal de inteligência e impeça a demolição do edifício em causa!

Luis Proença

Fonseca Bastos disse...

Caro Luís Proença:
Distante de compromissos ou objectivos político-partidários, só fará sentido persistir na denúncia de omissões, contradições, erros e mentiras se a comunidade reagir e forçar má gente a emendar-se ou ir-se embora.
Sem reacções nem sinais de regeneração, depreendo que a comunidade prescindiu do poder supremo que a democracia lhe confere ou a minha intervenção cívica é inútil porque inconsequente.
O caso da Rua Ciprião de Figueiredo é para mim decisivo porque esse imóvel está classificado, desde 1992, como tendo interesse histórico municipal e porque a demolição representaria um atentado patrimonial irreparável.
Talvez não saiba que, em princípios de Maio de 2004, esse edifício teve uma primeira sentença de morte, proposta por técnica municipal e sancionada pelo executivo da época. Havia comprador interessado e cederia lugar a um prédio de apartamentos.
Foi eu que, finda uma sessão de câmara, alertei o presidente para a protecção legal que a classificação representa. Tanto quanto depreendi, nem o executivo nem a técnica que elaborou a proposta sabiam ou se lembravam da classificação.
Dois anos e meio passaram e o edifício ficou tão abandonado como até aí, embora tenha insistido quatro vezes no assunto (três delas em menos de um ano, neste blogue).
Agora leio num jornal que membro do actual executivo considera um antecessor inepto e diz dispor de pareceres suficientes para concretizar a demolição.
Há cerca de um ano, pedi a um engenheiro civil que me desse a sua opinião. Este considerou que apenas o telhado é irreparável, embora passível de reconstrução por haver documentação fotográfica suficiente.
Por isto e porque sei haver mais dois ou três edifícios classificados aguardando idêntico destino – a casa do Mirante, em Samouco, é outro exemplo gritante mas não único – desistirei de intervir se o edifício da Rua Ciprião de Figueiredo for destruído.
A intervenção cívica envolve riscos e suscita inimizades, além de consumir muito tempo e algum dinheiro em observação, estudo, reflexão e escrita. Reconhecida a inutilidade dessa acção de cidadania, estúpido seria se não me dedicasse a coisas mais úteis do ponto de vista pessoal.

Fonseca Bastos disse...

Caro Luís Miguel:
Tem inteira razão. As minhas desculpas.
Este edifício situa-se nos n.ºs 38 a 44.
Na página www.monumentos.pt, referenciada no P.S. ao texto, favor corrigir que a casa consta da pág. 3 dos monumentos e sítios classificados de Alcochete e tem os seguintes títulos:
Edifício na Rua Dr. Ciprião de Figueiredo, n.º 38 - 44
Setúbal, Alcochete, Alcochete Nº IPA PT031502010019
Grato pela correcção.

Fonseca Bastos disse...

De acordo com o meu comentário anterior, já emendei no P.S. ao texto as instruções de acesso à página do edifício focado.

Anónimo disse...

A C.M.A tem algum arquitecto(a) nos quadros ?

raa zaar disse...

Mais um parque para alcochete!
Alcochete Park!

Alcochete, a terra onde o Pato-Bravo é rei!

Mudam-se as cores, mas não as vontades.