A transformação de áreas rústicas em aberrações imobiliárias – visível em dois pontos distintos da Estrada da Atalaia, do lado esquerdo no sentido ascendente, defronte e pouco depois daquela urbanização abrasileirada denominada dos Barris – é inaceitável do ponto de vista ambiental e deveria suscitar a reacção da comunidade alcochetana.
A insuficiência financeira da autarquia para realizar obras de encher o olho, raramente prioritárias e destinadas a caçar votos (vulgo "elefantes brancos"), juntamente com pressões do mercado imobiliário, têm conduzido a estas e outras soluções urbanas condenáveis.
Entrementes, os centros históricos degradam-se e pouco falta para começarem a ruir edifícios classificados pelo próprio município como de interesse arquitectónico.
O que sei da actividade autárquica leva-me a questionar não apenas o planeamento urbanístico mas sobretudo as cortinas de ocultação que o rodeiam.
Há anos que ninguém mostra plano algum. A última vez foi em 1999 ou 2000, salvo erro.
No entanto, as edificações vão-se erguendo ao sabor das conveniências individuais, políticas e económicas de cada mandato.
Não sei se mais alguém repara nisso mas, em menos de uma década, anularam-se duas importantes potencialidades de Alcochete: a ruralidade e a rusticidade.
Até meados dos anos 90 era caso quase único na Península de Setúbal. Hoje é um concelho em vias de ser tão absurdo como os demais da região, acumulando-se disparates urbanísticos e atentados ambientais ante a indiferença geral.
Declarava, há dias, uma especialista em arquitectura que “urbanismo sustentável é aquele onde as pessoas se sentem bem".
Pergunto aos alcochetanos: sentem-se bem com o urbanismo recente na vossa terra? Acham que se tem construído respeitando as características ambientais herdadas?
Destaco os casos da Estrada da Atalaia por vários motivos: ambas as urbanizações eram propriedades agrícolas até muito recentemente, a licença de construção da exibida na imagem acima foi emitida já no actual mandato, ao contrário do habitual aí não foram previamente construídas as infra-estruturas, a volumetria parece-me desproporcionada e os edifícios têm uma orientação que os desarticula totalmente com o tecido urbano contíguo.
Sem uma deslocação à câmara não é possível conhecer qualquer plano de pormenor – embora se trate de documentos públicos que os munícipes deviam poder consultar livremente na Internet – pelo que cabe aos autarcas explicar e justificar o licenciamento de mais um aborto de 22 moradias.
Numa das extremidades existe um eixo rodoviário fundamental (Estrada da Atalaia), estreito, com lombas e visivelmente incapaz de escoar o tráfego inerente a este tipo de urbanismo.
No outro extremo ainda não percebi ao certo o que haverá (talvez uma nova artéria), nem ninguém o explicou até hoje.
Quando acabará a política do costume: primeiro constrói-se e quem vier a seguir que resolva os problemas inerentes? Quanto aos munícipes, desenrasquem-se!
Na mesma Estrada da Atalaia, o primeiro disparate urbanístico ocorreu no mandato anterior, quando foi autorizada uma urbanização de 20 vivendas, em local onde existia outra propriedade agrícola, com pomar, poço, aeromotor e a pequena casa dos proprietários.
Situa-se algumas centenas de metros antes da acima referida e dela é apenas visível, por enquanto, a construção de infra-estruturas.
Nasceu junto a ela um novo cruzamento, de que prometo falar quando forem mais frequentes os casos de chapa amolgada e vítimas no hospital, pois os automobilistas procedentes da Rua da Escola Secundária já tinham a visibilidade prejudicada por muros, sebes e veículos mal estacionados e a breve prazo os riscos aumentarão significativamente.
E não me custa a crer que, em poucos anos, este urbanismo tipo 'outlet' (tudo ao molho) ou PMV (de pequena e média visão) e os cruzamentos-ratoeira se repetirão noutras apetecidas propriedades da Estrada da Atalaia.
Nomeadamente porque:
1. Os autarcas precisam das receitas do imobiliário para financiar "elefantes brancos" e estão-se nas tintas para a estética urbanística;
2. As vivendas, porque têm preço elevado, não beneficiam de isenção de IMI e os proprietários começam a pagar esse imposto municipal no ano posterior à celebração da escritura de aquisição;
3. Os construtores aliciam, há anos, vários proprietários da Estrada da Atalaia para adquirirem e urbanizarem terrenos agrícolas.
O meu conselho é o do costume: reclamem, reclamem muito para a câmara.
Obriguem os autarcas a explicar-se e, principalmente, a emendar-se.
A insuficiência financeira da autarquia para realizar obras de encher o olho, raramente prioritárias e destinadas a caçar votos (vulgo "elefantes brancos"), juntamente com pressões do mercado imobiliário, têm conduzido a estas e outras soluções urbanas condenáveis.
Entrementes, os centros históricos degradam-se e pouco falta para começarem a ruir edifícios classificados pelo próprio município como de interesse arquitectónico.
O que sei da actividade autárquica leva-me a questionar não apenas o planeamento urbanístico mas sobretudo as cortinas de ocultação que o rodeiam.
Há anos que ninguém mostra plano algum. A última vez foi em 1999 ou 2000, salvo erro.
No entanto, as edificações vão-se erguendo ao sabor das conveniências individuais, políticas e económicas de cada mandato.
Não sei se mais alguém repara nisso mas, em menos de uma década, anularam-se duas importantes potencialidades de Alcochete: a ruralidade e a rusticidade.
Até meados dos anos 90 era caso quase único na Península de Setúbal. Hoje é um concelho em vias de ser tão absurdo como os demais da região, acumulando-se disparates urbanísticos e atentados ambientais ante a indiferença geral.
Declarava, há dias, uma especialista em arquitectura que “urbanismo sustentável é aquele onde as pessoas se sentem bem".
Pergunto aos alcochetanos: sentem-se bem com o urbanismo recente na vossa terra? Acham que se tem construído respeitando as características ambientais herdadas?
Destaco os casos da Estrada da Atalaia por vários motivos: ambas as urbanizações eram propriedades agrícolas até muito recentemente, a licença de construção da exibida na imagem acima foi emitida já no actual mandato, ao contrário do habitual aí não foram previamente construídas as infra-estruturas, a volumetria parece-me desproporcionada e os edifícios têm uma orientação que os desarticula totalmente com o tecido urbano contíguo.
Sem uma deslocação à câmara não é possível conhecer qualquer plano de pormenor – embora se trate de documentos públicos que os munícipes deviam poder consultar livremente na Internet – pelo que cabe aos autarcas explicar e justificar o licenciamento de mais um aborto de 22 moradias.
Numa das extremidades existe um eixo rodoviário fundamental (Estrada da Atalaia), estreito, com lombas e visivelmente incapaz de escoar o tráfego inerente a este tipo de urbanismo.
No outro extremo ainda não percebi ao certo o que haverá (talvez uma nova artéria), nem ninguém o explicou até hoje.
Quando acabará a política do costume: primeiro constrói-se e quem vier a seguir que resolva os problemas inerentes? Quanto aos munícipes, desenrasquem-se!
Na mesma Estrada da Atalaia, o primeiro disparate urbanístico ocorreu no mandato anterior, quando foi autorizada uma urbanização de 20 vivendas, em local onde existia outra propriedade agrícola, com pomar, poço, aeromotor e a pequena casa dos proprietários.
Situa-se algumas centenas de metros antes da acima referida e dela é apenas visível, por enquanto, a construção de infra-estruturas.
Nasceu junto a ela um novo cruzamento, de que prometo falar quando forem mais frequentes os casos de chapa amolgada e vítimas no hospital, pois os automobilistas procedentes da Rua da Escola Secundária já tinham a visibilidade prejudicada por muros, sebes e veículos mal estacionados e a breve prazo os riscos aumentarão significativamente.
E não me custa a crer que, em poucos anos, este urbanismo tipo 'outlet' (tudo ao molho) ou PMV (de pequena e média visão) e os cruzamentos-ratoeira se repetirão noutras apetecidas propriedades da Estrada da Atalaia.
Nomeadamente porque:
1. Os autarcas precisam das receitas do imobiliário para financiar "elefantes brancos" e estão-se nas tintas para a estética urbanística;
2. As vivendas, porque têm preço elevado, não beneficiam de isenção de IMI e os proprietários começam a pagar esse imposto municipal no ano posterior à celebração da escritura de aquisição;
3. Os construtores aliciam, há anos, vários proprietários da Estrada da Atalaia para adquirirem e urbanizarem terrenos agrícolas.
O meu conselho é o do costume: reclamem, reclamem muito para a câmara.
Obriguem os autarcas a explicar-se e, principalmente, a emendar-se.
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