03 novembro 2006

O seu a seu dono

São fúteis as guerras partidárias que se inventam em Alcochete. E a do pavilhão desportivo da Escola E.B. 2,3 El-Rei D. Manuel I é execrável e patética.
Quem merece os louros de uma obra: o que a negociou, definiu o método de financiamento e celebrou o contrato de construção ou quem a mandou acabar e pagar?
Para mim o mérito ou demérito será sempre do primeiro, nomeadamente se o segundo se limita a pouco mais que honrar compromissos herdados.
Conheço razoavelmente o caso do pavilhão desportivo da Escola E.B. 2,3 El-Rei D. Manuel, em meu entender a mais acertada decisão do anterior executivo municipal.
Creio ser pacífica esta opinião, porque nunca ninguém contestou a obra e há mais de 20 anos que o pavilhão era imprescindível. Criticou-se apenas, e com inteira justificação, a forma precipitada como as obras arrancaram em vésperas da campanha eleitoral de há um ano, sem sequer haver visto legal do Tribunal de Contas.
Acrescentando eco ao mau exemplo dado, há dias, pelo actual chefe da edilidade, na cerimónia inaugural do pavilhão, o(a) escriba de serviço na câmara resolveu redigir nesta notícia tratar-se da "segunda importante obra municipal disponibilizada à população pelo actual Executivo Municipal".
Presumo que superiormente alguém terá aprovado o texto, pelo que a coisa não me parece inocente. Ainda o será menos porque, na cerimónia inaugural, o actual presidente da câmara terá destacado "o trabalho desenvolvido pelos autarcas no anterior e actual mandatos", assumindo, "ao contrário de outros, que esta é uma obra transversal a dois executivos municipais e que o mérito, quer do seu início, quer da sua conclusão, se deve a esses dois executivos”.
Para mim, lamentável é a aparente ausência na cerimónia do "pai" da "criança" ou de um eleito da actual oposição camarária. Observei atentamente as imagens que ilustram a notícia acima citada e não reconheci ninguém ligado ao PS. Admito que possam ter sido convidados e declinado a presença, o que nem seria inédito.
Se cerimónias destas fossem organizadas de forma cautelosa, democraticamente correcta e eticamente transparente, um ou mais representantes do anterior executivo deveriam ter marcado presença. Creio mesmo que a honra do descerramento da placa inaugural poderia pertencer, por direito próprio, a algum deles.
Assim não entendeu ou não conseguiu concretizar quem organizou a cerimónia e lamento-o profundamente.
Posso ter fundadas reservas a muito do que foi planeado e executado no mandato anterior. Mas o pavilhão tem importância indiscutível e para mim será sempre obra creditada a esses autarcas.
Já agora, uma observação marginal. Alguém decidiu mal que o troço da 2.ª fase da variante se denominaria Avenida dos Barris. Penso ser errado, por duas razões: primeira, o topónimo é equívoco e toda a gente o liga a adega e vinho embora na sua origem esteja o barro. Segunda, tratando-se da continuação de uma artéria originalmente denominada Avenida do Brasil, lógico seria que em toda a extensão a variante tivesse a mesma designação toponímica.
Duvido mesmo que, se a pergunta fosse feita aos alcochetanos, a escolha da maioria não recaísse em Avenida do Brasil.
Mas as mentes brilhantes decidiram que esta obra péssima deveria chamar-se Avenida dos Barris. E fizeram bem. Os nossos netos serão levados a supor que tão má obra só podia ter nascido na mente de quem destilava vapores de alcool.


P.S. – Posteriormente à colocação deste texto no blogue, consegui falar com alguém que assistiu à inauguração do pavilhão da escola.
Esse alguém referenciou-me dois factos relevantes: a presença do ex-vereador José Navarro (eleito pelo PS) e a ausência de jovens.
Um e outros não foram protagonistas naquela cerimónia. Foi pena.

1 comentário:

Anónimo disse...

Subscrevo inteiramente a observação de FBastos relativamente à escolha do topónimo para o troço da 2ª fase da variante. A qualificação urbana passa também por algum rigor na escolha dos topónimos. A escolha Avenida dos Barris é execrável e revela por parte do actual executivo camarário um desprendimento total em relação a uma questão que DEVE merecer rigor e critério. É a escolha evidente de quem não revela qualquer capacidade de pensar estas questões , "agarrando-se" à primeira e mais básica associação mental. No futuro os residentes na zona da nova Avenida dos Barris correm o risco de ficar conhecidos pelos "Barris" com a inerente carga negativa que tal aporta. A vulgaridade da escolha traduz no fundo a vulgaridade de quem decidiu. A toponímia é na minha perspectiva uma das áreas ( há muitos outras) onde a promoção do envolvimento dos munícipes no processo de decisão camarário mais se justifica. Pena é que para o actual executivo camarário a participação popular na vida da autarquia se resuma ao voto nas respectivas eleições autárquicas.

Luis Proença