Quando se reduz o homem e o mundo a meia dúzia de ideias muito racionais cuja questionabilidade se não aceita e se força a vida a passar por elas, estamos perante o espírito de abstracção (hipertrofia do pensamento).
É, no fundo, devido ao espírito de abstracção que, por exemplo, Estaline mata 20 milhões de seres humanos para que o socialismo se implantasse em todas as Rússias.
As raízes mais distantes do espírito de abstracção mergulham no gnosticismo, entram em letargia nos quase mil anos de Idade Média, recrudescem com o Renascimento e são entronizadas por Descartes.
O espírito de abstracção é um traço masculinizante porque se relaciona directamente com a libido dominandi.
Ora o aborto é produto do espírito de abstracção: meia dúzia de ideias muito racionais cuja questionabilidade se não aceita e se força a vida a passar por elas. Mas é aqui mesmo que nos deparamos com a incomensurável contradição, uma vez que o feminismo, defensor do aborto, luta contra a colonização mental das mulheres levada a cabo pelos homens no seio da sociedade patriarcal.
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