10 novembro 2006

Pagar mais para quê? (3)

Não era minha intenção voltar ao assunto tão cedo, mas esta notícia deve ser lida por quem deu alguma atenção às minhas duas notas anteriores sobre o tema fundação das salinas do Samouco.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ficou vivamente registado na minha memória uma entrevista com o então Ministro do Ambiente José Sócrates , passada num telejornal da TVI , no qual aquele respondia bem disposto , e de modo informal aos jornalistas sobre as polémicas declarações do então secretário de estado Arons de Carvalho , que apelidara as noticias da TVI como sendo «um nojo» . O tom informal e bem disposto de José Sócrates foi imeadiatamente substituído por um tom formal e algo irritado quando o repórter da TVI o indagou sobre a acção da Quercus por causa das Salinas do Samouco. À pergunta do reporter , o então Ministro do Ambiente respodeu que o futuro das Salinas do Samouco teriam futuro e que a Fundação das Salinas teria um orçamento «risonho». «Risonho» foi mesmo a palavra utilizada por José Sócrates para definir o orçamento da Fundação. A referida entrevista teria passado despercebida à minha mémória não fora o que sucedeu de seguida. O repórter da TVI perguntou então ao Ministro José Sócrates se podia esclarecer qual era então esse orçamento. O Ministro não respondeu. O repórter da TVI insistiu e , face a essa insistência José Sócrates explodiu. Aproximou-se do reporter de dedo em riste. Não vimos o que se passou de seguida porque a câmara foi desligada súbitamente. A cena dramática prosseguiu , já com a câmara de filmar novamente ligada e com o Ministro José Sócrates , em tom «arrependido» a falar de novo para a câmara e a dizer que fora malcriado. Percebe-se a irritação de José Sócrates. É óbvio que se a verdadeira preocupação do Governo fosse a protecção e gestão ambiental das Salinas do Samouco , uma das prioridades seria impor um critério rigorioso e politicamente isento no que respeita à selecção das individualidades , que pelo seu mérito científico , conhecimento de causa e experiência no que respeita à recuperação e manutenção de salinas , pudessem assegurar o sucesso na prossecução dos objectivos inerentes a uma instituição desta natureza.Neste aspecto FBastos volta a tocar na ferida. A participação do Estado através dos Ministérios que tutelam os sectores em causa nos orgãos de gestão da Fundação denuncia claramente o propósito de uma vez mais de utilização destes organismos como meio de satisfação do clientelismo político mais primário , num manifesto desprezo pela verdadeira vocação deste tipo de instituição e até de desprezo pelas populações que poderiam usufruir de um funcionamento adequado das mesmas. Neste aspecto a autarquia comunistas de Alcochete revela uma confrangedora hipocrisia política. Já foi aqui referido , que enquanto oposição , a CDU criticou severamente as opções do Poder Central e da própria autarquia quanto à Fundação. Agora no poder , e na perspectiva de alguns dos seus autarcas e militantes poderem participar no verdadeiro "rapa o tacho" em que se traduzirá a repartição de cargos nos orgãos de gestão da Fundação entre os "boys" noemados pelos departamentos estatais , e os "boys" da CDU , os autarcas desta força política esquecem rapidamente as posições públicas que no passado recente assumiram quanto a esta questão.O que todos estes senhores esquecem quando está em causa o interesse partidário , é que as pessoas aceitam pagar impostos para que estes financiem a administração central e o poder local , para que estas cuidem das suas necessidades , como por exemplo a Saúde , Segurança Social ( reformas) Ensino , Justiça , Defesa e Segurança Pública , obras de interesse público.Quando o poder central (Governo ) e o poder local ( no caso concreto a Câmara Municipal de Alcochete), em nome do clientelismo partidário trocam as prioridades , só se pode concluir num sentido.É POR CAUSA DO TACHO!!!
Estes senhores não pensam que são Estado para responder às necessidades das pessoas.
REFORÇO o que FBastos refere e que eu já referi anteriormente noutros comentários.
ESTÁ A HORA DAS PESSOAS ACORDAREM.
Resta então saber se na hora do voto as pessoas estarão suficientemente despertas para por de lá para fora aqueles que desbaratam o seu dinheiro em nome do TACHO POLÍTICO. (Governo e Câmara Municipal).

Já agora volto a perguntar: Onde é que estão os dirigentes das restantes forças políticas com assento na Assembleia Municipal? Porque é que assistem passivamente a estas coisas?

Luis Proença

Fonseca Bastos disse...

Caro Luís Proença:
Esta maioria nada disse, nos últimos tempos, sobre o assunto fundação das salinas de Samouco. O silêncio pode não ser hipocrisia, a menos que perdure e tenha conhecimento de desenvolvimentos significativos do processo.
Do pensamento recente desta maioria, tudo o que sei consta do programa eleitoral sufragado pelos eleitores.
No qual pode ler-se o seguinte sobre o tema:

a) "Cooperar com as entidades competentes para a defesa, qualificação e promoção das áreas protegidas e das Zonas Húmidas – Instituto de Conservação da Natureza (ICN), RNET e Fundação das Salinas do Samouco, bem como com as Associações de Defesa do Ambiente e ainda com escolas e demais partes interessadas".

b) "Garantir a concretização de todo um conjunto de acções que, em articulação com a Administração do Porto de Lisboa (APL), a Fundação das Salinas do Samouco e a Reserva Natural do Estuário do Tejo (RNET) e outras partes interessadas, potenciem a Orla Ribeirinha como espaço privilegiado da promoção turística ambiental e ecológica, desportiva e de lazer do município".

c) "Reivindicar a colaboração e apoio da Lusoponte em matérias relativas à sua responsabilidade ambiental nas transformações do leito e dos braços do rio Tejo que constituem a rede hídrica de suporte à Zona das Salinas do Samouco";

d) "Pedir a colaboração e apoio da Fundação das Salinas do Samouco".

e) "Colaborar com a missão da Fundação das Salinas do Samouco".

Parece-me que nada disto exprime a opinião que, em 2004, os autarcas desta maioria tinham acerca dessa fundação, e por isso continuo a aguardar por uma qualquer reacção política.
Se se confirmar que tudo fica na mesma e apenas nos vão mexer mais no bolso, então haverá hipocrisia.

Por fim, não sejamos demasiado severos com os dirigentes políticos locais. Todos têm sérios problemas, de organização e não só. Três nem sede administrativa possuem a funcionar, sequer esporadicamente.
Encontrei um dirigente partidário – que suponho ambos conhecermos – e, visivelmente, não está de boa saúde.
Dizia-me, há tempos, outro dirigente de uma colectividade local: "há mais vida para além de Alcochete".
Provavelmente tem razão.