01 novembro 2006

Mensagem ética da Festa Brava


A Festa Brava, pela sua vertente mais prestigiada, vale dizer, a Corrida de Toiros, está ordenada ao Bem.
De facto, a Corrida de Toiros pauta-se pela imutabilidade de gestos sempre repetidos, recriando simbolicamente a obra da Criação que se rege por leis imutáveis e é boa: «Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã. Foi o sexto dia» (Gen. 1, 31).
Nesta conformidade, a Corrida de Toiros (são lidados seis animais) celebra a Criação gerada pelo Sumo Bem, razão por que só pode estar ordenada a Este, lembrando todos os homens de que são colaboradores do Criador na construção incessante da casa comum.

2 comentários:

Anónimo disse...

Atentem bem neste sentido de oportunidade.

Vou aqui reproduzir uma passagem retirada de uma tradução do Latim pelo Professor Dr. José Cardoso , inserida no livro « Concilio Provincial Bracarense e Frei Bartolomeu dos Mártires » edições APPACDM/1994-Braga - desde já agradecendo à minha prima Sãozinha ( professora cetedrática de história ) o empréstimo para leitura dessa obra interessantissima.

Citando:

"Braga , Novembro de 1567 (Conc.Trid., Sessão 25 , «De venerat. sanctorum»)

Capítulo 8º

O espectáculo das touradas é indigno de ser visto pelos cristãos e não difere muito daquele desumano costume dos pagãos de combater contra as feras , com erro do povo ignorante. Sucede julgar-se este este género de espctáculos como exibição em honra de Deus , da bem aventurada Virgem Maria e dos Santos-de tal maneira que se chega ao ponto de alguns fazerem promessas de realização de touradas! O Santo Concilio aconselha os Ordinários que ensinem ao Povo a si confiado , que com espectáculos desta natureza , mais se ofende a Deus do que se Lhe presta culto. Essas horas que se destina, a distrair os olhos com um vão e inútil prazer , são subtraídas ao culto devido a Deus , levando muitos fiéis a afastarem-se do sacrificio da Missa qye aqui e ali deixam de assistir ao ofício vespertino. Por isso ordena-se aos juízes das confrarias que não comprem toiros com as rendas ... Se assim fizerem , além da restituição no dobro , sejam multados... Se algumas promessas com o pretexto de oferecer touradas forem feitas , estabelece o Santo Concílio que as declarem nulas...Proibe-se os clérigos , quaisquer que sejam as ordens sacras ... e
ou aos prebendados... que assistam a tais espectáculos. Aos alcaides das cidades e vilas , exorta-os o Santo Concílio que se abstenham de semelhantes espectáculos , a fim de que não desviem das coisas da Igreja e dos oficios divinos as almas dos povos cujo governo presidem."

Senhor Professor Marafuga - ESTA DECISÃO DA IGREJA , reunida em Santo Concilio , foi tomada em NOVEMBRO DE 1567 !!! OU SEJA HÁ PRECISAMENTE 439 ANOS !!!

Uma vez que agora anda a deambular pela "Festa Brava" , que chega a considerar uma celebração da Criação Gerada pelo Sumo Bem , não posso deixar de concluir que já em 1567 , os Bispos da Igreja pensavam muito à frente de V.Exª.

Para quem se quer mostrar tão apegado às coisas de Deus , não posso deixar de sugerir , que proceda em conformidade com a decisão tomada em Novembro de 1567 pelo Santo Concilio reunido em Braga - Assim , não se subtraia ao culto devido a Deus com pensamentos e reflexões sobre a «Festa Brava». Utilize esse tempo para ir à Missa ( incluindo o ofício vespertino ). Acredite que até aqueles que gostam da «Festa Brava» vão agradecer...

Luis Proença

Unknown disse...

A Igreja Católica ainda hoje, pelo menos alguns dos seus círculos mais conservadores, vê com displicência as touradas.
Talvez a raiz de tal desagrado tenha a ver com reminiscências que vêm da antiga Roma que, segundo a tradição, lançava os primitivos cristãos às feras para divertimento da populaça.
O espírito da Contra-Reforma face a tudo usou de muita rigidez, o que teria prejudicado a própria evangelização e expansão da Igreja no mundo, por exemplo, no Japão.
A verdade é que, quanto à Festa Brava, esta não mexe com o Evangelho da Cruz, com o Deus Uno e Trino, com os sacramentos, com os dogmas da Igreja, com a antropologia cristã, etc., antes vem ao encontro de todo o quadro teológico do Cristianismo.