Aposento: embaixador de emoções por Alcochete
Para abordar o tema "A importância do Barrete Verde na divulgação e promoção de Alcochete", José Caninhas – alcochetano e professor do Ensino Secundário, presidente da Direcção do Aposento do Barrete Verde (APB) durante quatro anos, na transição das décadas de 80 e 90 – foi o orador convidado no primeiro encontro informal de cidadania organizado por Paulo Benito no âmbito deste blogue.
Sócio do APB desde os 14 anos, o testemunho do orador centrou-se na história da colectividade e na sua experiência breve como dirigente, durante a qual construiu a visão do ideal alcochetano nessa época, confessando, de passagem, o susto com que, aos 36 anos, encararia o convite para dirigir uma instituição de referência no concelho.
Mas aceitou o desafio e, através do Aposento, pôde conhecer mais profundamente a terra e as pessoas, coligindo traços psicológicos que definem o padrão sociológico do alcochetano médio desse tempo.
Fundado a 20 de Agosto de 1944 (um ano antes do termo da II Grande Guerra), o APB tem invulgar finalidade estatutária principal: organizar, anualmente, as Festas do Barrete Verde e das Salinas, idealizadas pelo jornalista José André dos Santos. A colectividade nascerá na loja do único boticário então existente, António Rodrigues Regatão (da Farmácia Gameiro), fruto de muito cavaqueio político anti-regime também travado no barbeiro.
Estranhamente, porém, a agremiação será fundada de forma elitista: os sócios pagam 7$50 ou 5$00 de quota, mas apenas os primeiros com direito de voto. E quem não usasse gravata não podia aceder às instalações.
As festas surgem como uma dádiva anual de solidariedade à população e só por via delas Alcochete ganhará então realce na Imprensa de expansão nacional. Na vizinha Espanha (nomeadamente em Ciudad Real e Badajoz) alguns aficionados interessam-se também, gerando-se, com o passar dos tempos, reciprocidade de laços e de honrarias entre instituições e dirigentes associativos de ambos os lados da fronteira.
Em pouco mais de duas décadas o APB ganhará lugar de destaque, não somente em tertúlias tauromáquicas luso-espanholas mas também em momentos de grande significado político e económico. Por exemplo, é no Aposento que o eng.º João Maria Ferreira do Amaral (pai do ex-ministro das Obras Públicas e actual presidente da Lusoponte e ao tempo secretário de Estado da Indústria) anunciará a intenção governamental de instalar a Siderurgia Nacional em Alcochete, o que não se concretiza e origina divergências políticas que levariam ao seu afastamento do cargo.
Também durante décadas a colectividade manterá o único museu de Alcochete, sucessivamente valorizado por doações artísticas privadas, como as do cavaleiro tauromáquico José Samuel Lupi, grande amigo e muitas vezes dirigente da instituição.
Quando, em finais da década de 80, José Caninhas dirige o Aposento, surpreende-se com as honrarias concedidas ao seu presidente em colectividades tauromáquicas de Portugal e Espanha, neste caso em Ciudad Real, Badajoz e Ayamonte, cujos alcaides (presidentes de câmara) várias vezes se deslocaram a Alcochete durante as festas.
Na sua visão, colhida nesses anos, o homem alcochetano dividia-se então entre a terra e o mar (nunca se diz rio, porque nesta zona a largura do Tejo faz dele mar encapelado no Inverno), com coragem para enfrentar os touros.
Crê ainda que, apesar de períodos mais e menos positivos que sempre existiram ao longo destes 64 anos, o Aposento do Barrete Verde nunca morrerá por ser o embaixador das emoções alcochetanas.
Para abordar o tema "A importância do Barrete Verde na divulgação e promoção de Alcochete", José Caninhas – alcochetano e professor do Ensino Secundário, presidente da Direcção do Aposento do Barrete Verde (APB) durante quatro anos, na transição das décadas de 80 e 90 – foi o orador convidado no primeiro encontro informal de cidadania organizado por Paulo Benito no âmbito deste blogue.
Sócio do APB desde os 14 anos, o testemunho do orador centrou-se na história da colectividade e na sua experiência breve como dirigente, durante a qual construiu a visão do ideal alcochetano nessa época, confessando, de passagem, o susto com que, aos 36 anos, encararia o convite para dirigir uma instituição de referência no concelho.
Mas aceitou o desafio e, através do Aposento, pôde conhecer mais profundamente a terra e as pessoas, coligindo traços psicológicos que definem o padrão sociológico do alcochetano médio desse tempo.
Fundado a 20 de Agosto de 1944 (um ano antes do termo da II Grande Guerra), o APB tem invulgar finalidade estatutária principal: organizar, anualmente, as Festas do Barrete Verde e das Salinas, idealizadas pelo jornalista José André dos Santos. A colectividade nascerá na loja do único boticário então existente, António Rodrigues Regatão (da Farmácia Gameiro), fruto de muito cavaqueio político anti-regime também travado no barbeiro.
Estranhamente, porém, a agremiação será fundada de forma elitista: os sócios pagam 7$50 ou 5$00 de quota, mas apenas os primeiros com direito de voto. E quem não usasse gravata não podia aceder às instalações.
As festas surgem como uma dádiva anual de solidariedade à população e só por via delas Alcochete ganhará então realce na Imprensa de expansão nacional. Na vizinha Espanha (nomeadamente em Ciudad Real e Badajoz) alguns aficionados interessam-se também, gerando-se, com o passar dos tempos, reciprocidade de laços e de honrarias entre instituições e dirigentes associativos de ambos os lados da fronteira.
Em pouco mais de duas décadas o APB ganhará lugar de destaque, não somente em tertúlias tauromáquicas luso-espanholas mas também em momentos de grande significado político e económico. Por exemplo, é no Aposento que o eng.º João Maria Ferreira do Amaral (pai do ex-ministro das Obras Públicas e actual presidente da Lusoponte e ao tempo secretário de Estado da Indústria) anunciará a intenção governamental de instalar a Siderurgia Nacional em Alcochete, o que não se concretiza e origina divergências políticas que levariam ao seu afastamento do cargo.
Também durante décadas a colectividade manterá o único museu de Alcochete, sucessivamente valorizado por doações artísticas privadas, como as do cavaleiro tauromáquico José Samuel Lupi, grande amigo e muitas vezes dirigente da instituição.
Quando, em finais da década de 80, José Caninhas dirige o Aposento, surpreende-se com as honrarias concedidas ao seu presidente em colectividades tauromáquicas de Portugal e Espanha, neste caso em Ciudad Real, Badajoz e Ayamonte, cujos alcaides (presidentes de câmara) várias vezes se deslocaram a Alcochete durante as festas.
Na sua visão, colhida nesses anos, o homem alcochetano dividia-se então entre a terra e o mar (nunca se diz rio, porque nesta zona a largura do Tejo faz dele mar encapelado no Inverno), com coragem para enfrentar os touros.
Crê ainda que, apesar de períodos mais e menos positivos que sempre existiram ao longo destes 64 anos, o Aposento do Barrete Verde nunca morrerá por ser o embaixador das emoções alcochetanas.