17 novembro 2008

QUESTÃO DE PRINCÍPIO

Como primeiro artigo que faço para o blog” Praia dos Moinhos”, para além de felicitar o seu mentor, Fonseca Bastos, pelo 3º Aniversário deste blog, sinto-me na obrigação de lhe dedicar algumas palavras.
Da frequente leitura que faço dos seus artigos e das esporádicas conversas e troca de opiniões que tive o privilégio de travar, reconheço que não estamos certamente no mesmo quadrante político/ideológico, o que pouco importa, pois estou convicto de que ambos, temos similares anseios e objectivos: somos democratas, defendemos uma democracia participada, com oportunidades e direitos iguais, uma maior distribuição da riqueza, mais justiça e bem estar social, humildade nos actos, lealdade e honra nos compromissos assumidos.
Veio este artigo a propósito de notícias que li na imprensa, já há algum tempo, sobre o General Ramalho Eanes. Segundo essas fontes, o General Eanes teria recorrido à justiça contra o Estado, por discordância de interpretação de não poder acumular a sua pensão de reforma com a de ex-presidente da república. Ganhou a causa da acumulação das pensões e foram-lhe concedidos os retroactivos, o que perfazia um total de cerca de um milhão e trezentos mil euros. De acordo com a notícia, o General Eanes abdicou de receber os retroactivos.
Estou certo que algumas pessoas, ao lerem esta notícia, se hão-de interrogar:
- Já deve ser suficientemente rico para abdicar desse valor;
- Não recebe esse dinheiro porque não precisa;
- Deve ter qualquer coisa na manga;
- É capaz de ter outros negócios;
Não se trata de uma crítica a quem possa fazer estas interrogações, antes pelo contrário, se calhar até têm razões para pensar assim. Quando nós assistimos, no dia a dia, que os “espertos” são os que se safam, que os gestores públicos, privados ou responsáveis políticos com cobertura mediática, que deveriam ser o exemplo de honestidade e solidariedade, deambulam pelas “passarelles”da família do poder instalado, como modelos draculianos, disfarçados em ninfas, rumo aos lugares cimeiros dos honorários e benesses, auferindo regalias anuais, que um simples mas qualificado técnico não consegue durante toda a sua vida de trabalho. Isto tem acontecido num país que ainda não se libertou das dificuldades económicas, onde persiste o desemprego, alguma fome e miséria visível ou encapotada.
Não tenho relações próximas com o General Ramalho Eanes, mas conheço o seu perfil, o seu carácter e a sua personalidade, por isso essa atitude não é surpresa para mim. É uma “questão de princípio” e os “Princípios” não se discutem.
Penso que para muita “gentinha”, atitudes destas deveriam servir como “exemplo”.

3 comentários:

Fonseca Bastos disse...

Caro cmdt. António Maduro:
Agradeço as felicitações, que me permito estender a todos os membros do blogue.
Sim, somos democratas, defendemos uma democracia participada, com oportunidades e direitos iguais, uma maior distribuição da riqueza, mais justiça e bem-estar social, humildade nos actos, lealdade e honra nos compromissos assumidos.
Nisso estamos em total acordo. Mas essas não foram as linhas orientadoras da acção do PS de Alcochete no período 2001/2005 e por isso perdeu as eleições locais. O problema esteve – além do que ambos conhecemos – na incoerência de certos eleitos. Oxalá doravante as coisas mudem.

Paulo Benito disse...

Fico muito satisfeito por ler um artigo de António Maduro.
Acredito que na pluridade de ideias e sã abordagem dos problemas, será possível traçar um rumo equilibrado.
Este espaço só tem a ganhar com pessoas que tenham ideias diferentes/complementares.

Um abraço,
Paulo Benito

Fernando Pinto disse...

Meus caros,

Infelizmente o nosso sistema politico encontra-se inundado de situações que em muito pouco se assemelham ao descrito aqui pelo Ctd.Antonio Maduro. Transpondo este exemplo para uma realidade local, deixo uma pergunta no ar:
O que é mais importante, é ser politico ou defensor da qualidade de vida para todos os munícipes?
É ser politico ou priviligiar a segurança dos cidadãos?
É ser politico ou dotar um concelho de meios educacionais suficientes para todos?
É ser politico ou procurar incessantemente condições de saúde idênticas para toda uma população?
E por favor, não me argumentem com a desculpa caduca, envelhecida e em desuso de que o Poder Central isto, aquilo e mais não sei o quê...
Mais vale quem quer do que quem pode!!

Pensem nisto!