07 novembro 2008

Obama é um idealista e não um esquerdista!



Desta feita não falo sobre Alcochete.
Os leitores do Blogue que desculpem este desvio pela politica internacional , mas face ao que aqui se tem escrito sobre a eleição de Barack Obama , e atendendo a que tal facto marca incontornavelmente o futuro do mundo globalizado em que vivemos , não resisto a partilhar a minha opinião sobre a vitória do candidato democrata nas eleições americanas , sobretudo no que respeita à tentação evidenciada por alguns em conotar Barack Obama com a esquerda politica.
Será então que a vitória de Obama significa um deslocamento para a esquerda na política americana?
Não contem com isso.
É verdade que Obama tem a coragem de exigir que os ricos paguem mais pelo seguro social, mas o seu plano para a saúde não é mais radical que o apresentado por Bill Clinton durante o seu mandato.
Também é certo que Obama fala abertamente sobre a necessidade de reduzir a desigualdade, mas nunca especificou ou abriu o jogo quando lhe perguntaram se aumentará os impostos sobre os muito ricos para custear os programas sociais.
Obama foi contra a guerra no Iraque desde o início, mas até o momento evitou muitos detalhes sobre como e quando retirará as tropas americanas.
Mas esta moda Obama que atingiu a América e o mundo não tem praticamente nada a ver com políticas específicas.
Pelo contrário. Obama é antes um eco quase perfeito de John F. Kennedy quando se apresentou aos americanos no inicio da década de 60 do Séc. XX e do seu irmão Robert perto do final dessa mesma década. .
Obama personificou um apelo à unidade nacional e ao sacrifício.
Sacrifício pedido não no interesse da bravura militar mas na causa da justiça social, tanto na América como no mundo. O apelo de Obama é dirigido a um maior empenho cívico dos cidadãos , mas não necessariamente um maior empenho social do governo. Ele tem a voz e emprega as técnicas do dirigente comunitário que assimilou e desenvolveu em tempos idos em Chicago, convidando as pessoas a darem as mãos.
A verdade é que os Estados Unidos não eram convocados de forma tão incisiva a seguirem seus ideais desde Jonh Kennedy na década de 60 do século passado.
É fácil cair na tentação de desdenhar Obama como não sendo mais do que mais um surto de ingenuidade que ocasionalmente afecta os eleitores americanos. Talvez seja.
Pelo menos fiquei com a impressão de que foi com esse factor que Hillary Clinton contava nas preliminares e McCain das presidenciais.
Salvo o devido respeito ver o entusiasmo por Obama como uma inclinação potencial e perversa para a esquerda como insinua o Prof. Marafuga não corresponde minimamente à realidade.
Barack Obama nunca prometeu que vai promover os níveis europeus de bem-estar social e impostos, contudo os americanos parecem prontos para iniciar um novo capítulo político.
O país deseja ser novamente inspirado como foi há 40 anos.
Nem JFK , nem seu irmão Robert eram de esquerda.
Eles eram realistas, mas também idealistas. Eles entendiam que nada de bom acontece na América a menos que o povo americano seja fortemente mobilizado para fazer com que aconteça. «Yes we can».
Por motivos de estratégia eleitoral prática assim como de aspiração moral elevada, os Kennedy nunca se cansaram de lembrar ao seu país os seus princípios fundadores :
Acima de tudo, o de que todos os homens foram criados iguais.
Foi isso afinal que fez Barack Obama.

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