Um colega esquerdista fazia o favor de tomar café comigo algum tempo atrás.
Sobre a mesa estava um jornal diário que a um canto da primeira página chamava a atenção para um assalto a uma agência bancária à mão armada.
O colega, bebido o café, enquanto se preparava para fumar um cigarro, sem olhar para mim, deixou escapar esta frase: «assaltar bancos é exigir ao banqueiro o imposto revolucionário».
De tão estonteado interiormente que fiquei, não respondi.
Quando chegou o momento de pagar as bicas, o colega, mais novo, fez questão de pagar as duas. Puxou de uma nota de cinco euros e deu-a ao empregado. Este, no troco, faltou com alguns cêntimos. O meu par de profissão chamou-o à atenção e disse a rir-se: «o que é meu é meu».
E eu, ao lado dele a caminho da escola, ia pensando: «mas quem diz 'o que é meu é meu' só pode estar a dizer que não o roubem».
Nunca mais tomámos café juntos.
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