07 julho 2008

Salvar as instituições

Tenho, frequentemente, chamado a atenção para a incapacidade das estruturas partidárias e das suas "elites" em reformar o governo municipal, incitando os cidadãos a unirem-se na busca de alternativas independentes.
Somos nós que pagamos tudo e temos o direito de procurar melhores soluções na defesa do interesse colectivo. As coisas continuam a toldar-se, quase diariamente, não se vislumbrando sinais de soluções credíveis.
A organização autárquica está hoje programada e definida de tal modo que qualquer pessoa informada, sensível, sensata, realista e experiente na vida – dona de casa ou ancião, inclusive – fará bom trabalho, mentirá menos e prestará melhores serviços à comunidade que autarcas "profissionais" como os que nos têm governado. Não faltam exemplos por esse país fora.
Numericamente inexpressivas em relação à população residente e, frequentemente, divididas por divergências quase insanáveis, as delegações partidárias locais não dispõem de gente qualificada e são incapazes atraí-la em períodos eleitorais. Nenhuma tem capacidade financeira mínima para suportar uma campanha, o poder torna-se ilusório e acaba condicionado por pressões exteriores, com todos os riscos inerentes e inevitáveis.
Os resultados negativos estão à vista e as consequência também: os programas eleitorais são uma farsa, os partidos assumem compromissos que não tencionam ou não podem concretizar e fazem no poder o inverso do que defendem na oposição.
Passivamente, os cidadãos assistem a indecorosos espectáculos de mentira, que descredibilizam os partidos e tornam esta sociedade cada vez menos coesa e mais decadente.
Os partidos são a essência da democracia. Mas as delegações locais, além de inaptidão para cativar e aproveitar os melhores cidadãos, no poder ou na oposição ignoram os sentimentos da comunidade, afastam toda a gente dos centros de decisão, fomentam o desencanto e o desprestigío das instituições.
É hoje difícil vislumbrar qualquer relação entre estes agrupamentos partidários e a realidade económica e social do concelho.
Os partidos estão doentes e alguma coisa tem de ser feita para salvar as instituições do poder local, usar melhor os recursos existentes e aproveitar os gerados pelos impostos que pagamos com crescente dificuldade.

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