19 agosto 2009

Nazismo e comunismo


«[...] A Grande Guerra de 1914-1918 desencadeou o desenvolvimento de mais duas grandes monstruosidades mortíferas [...] que rapidamente se tornaram máquinas de exterminar. São elas, por um lado, o nazismo, por outro, o comunismo. [...] Para o nazismo, tratava-se de assegurar o domínio de uma raça supostamente superior, de um ponto de vista biológico e cultural, os arianos, sobre todas as outras raças. Para estabelecer definitivamente este domínio, os nazis afirmavam que era preciso exterminar o principal obstáculo e a principal impureza que consistiam na existência dos Judeus. Para o comunismo, pelo contrário, os objectivos eram profundamente generosos: instaurar uma igualdade entre todos, pôr fim à exploração do homem pelo homem e acabar com o domínio e o sofrimento que ela provoca. No entanto, em ambos os casos, o resultado acabou por ser o massacre de milhões e milhões de vítimas inocentes. Do lado dos nazis, as vítimas foram sobretudo os milhões de judeus mortos a tiro nos países da Europa de Leste, nos países bálticos até à Ucrânia, ou nas câmaras de gás dos campos de extermínio construídos pelos nazis na Alemanha e na Polónia. Do lado dos comunistas, as vítimas foram os milhões de russos deportados para os campos do gulag na Sibéria ou executados sumariamente em nome da necessidade de se desembaraçarem fisicamente de supostos exploradores do povo. [...], [N]estes dois regimes assassinos [...] encontramos [...] a pretensão de possuir uma verdade válida para toda a humanidade, capaz de criar a felicidade geral [...]. Estes regimes, a que chamamos totalitarismos porque querem controlar a totalidade da sociedade e da vida dos indivíduos, realçam de maneira assustadora traços já presentes ao longo de toda a história do Ocidente: a vontade de fazer todos felizes segundo um modelo pré-estabelecido e a eliminação física dos adversários» (Roger-Pol Droit).

9 comentários:

Unknown disse...

Eu penso que Roger-Pol Droit não faz uma análise muito profunda à monstruosidade que foi o totalitarismo no séc. XX, mas ainda assim não resisti a transcrever aqui estas passagens deste autor.
O ódio de nazis e comunistas era contra (no caso dos últimos ainda é) o melhor espírito do capitalismo que vem do séc XIX. Ora os inventores e impulsionadores desse espírito, no Ocidente, foram os judeus.
A palavra de ordem do comunismo era e é a igualdade, mas esta tem que ser paga por alguém! E quem a paga? Obviamente pagam-na aqueles que trabalham e produzem através de impostos que progressivamente vão subindo. A certa altura, todos trabalham para o Estado que centraliza a economia, deixando de haver mercado livre, mola do capitalismo defendido pelos liberais. Ora toda a gente sabe que são os liberais (sentido europeu) o alvo maior do ódio dos comunistas desde Lenine e Estaline, o que não impedia que estes grandes criminosos se entendessem com alguns dos maiores capitalistas (megacapitalistas) americanos.

amadeu silvestre disse...

Não tendo, infelizmente o tempo necessário para desenvolver a análise que pretendia sobre o texto do comentário de JMarafuga, não posso deixar de dizer o seguinte:

1.- Julgo que já tudo foi dito sobre os regimes Nazi e Comunista. A imagem do comunismo é tão incómoda que estes passaram esconder-se atrás da CDU. E não foi só em Portugal.

2. – Só tenho um problema quanto à igualdade. Para mim, igualdade, é tratar de modo igual o que é igual, e de modo diferente o que é diferente. Julgo que o que gera o problema quando se fala de igualdade é que normalmente se reivindica tratamento igual para situações objectivamente diferentes.

3.- Defino-me, enquanto pessoa, como Humanista e Solidário. Defendo a solidariedade geracional e inter-geracional. Com isto já está a ver que não posso ser defensor do liberalismo económico, embora nada tenha contra o sistema capitalista.

4.- Julgo que muito dificilmente conseguirá absolver o liberalismo da responsabilidade da actual crise económico/financeira mundial.

Unknown disse...

Para começar, quiçá, algum debate, o que é que o Amadeu entende por "solidariedade geracional e intergeracional"?

Unknown disse...

Os responsáveis pela crise económico-financeira que estamos a viver respeitaram as normas do mercado?
Se não respeitaram, obviamente que estão a fazer em termos objectivos o jogo dos comunistas e esquerdas em geral que tanto odeiam a economia de mercado.

amadeu silvestre disse...

De uma maneira rápida, a solidariedade geracional materializa-se na distribuição pelos menos afortunados das contribuições dos menos necessitados, já que os mais afortunados, embora contribuam, fogem o mais possível.

É um trabalho feito através da Segurança Social, com o dinheiro dos nossos impostos.

Solidariedade inter-geracional traduz-se no facto de nós estarmos a pagar as reformas dos nossos pais, esperando que alguém mais tarde pague as nossas, e que para além disso pague também as dívidas que o país está a contrair na nossa geração, do mesmo modo que nós estamos a pagar as dívidas que já foram contraídas em gerações passadas.

Então JMarafuga admite que o mercado não pode ser auto regulado como é apanágio do Liberalismo?

Unknown disse...

Quando falo em mercado não falo em selva.
Os direitos de todos os intervenientes no mercado têm que ser garantidos.
É o Estado que recebe de todos nós a força para garantir esses direitos.
Quanto ao mais, o Estado tem que deixar o mercado seguir o seu curso. Se assim não for, estamos perante a estatização da economia, isto é, perante o fim da liberdade.

amadeu silvestre disse...

Não consigo perceber o seu raciocínio.
Por um lado diz que não defende um mercado selvagem, logo, preconiza a regulamentação do mercado.
Depois diz que o Estado deve deixar o mercado seguir o seu caminho, presumo que sem quaisquer impedimentos,
Por ultimo diz que o estado deve defender os direitos dos intervenientes no mercado.
Se eu ainda me recordo de alguma coisa que aprendi há já muitos anos sobre o Liberalismo económico, defendia esta corrente, que teve em Adam Smith o seu principal mentor, que o mercado deveria funcionar por si próprio e que seria auto regulado pelo confronto dos diversos intervenientes em função do confronto dos interesses da oferta e da procura. O Estado deveria manter-se à distância.
Em que ficamos então?
Mercado regulamentado ou mercado livre?
Mercado livre, selvagem, e depois o Estado cobre os prejuízos dos que perderam?
O Estado pode intervir para prevenir os abusos do capitalismo selvagem, ou só serve depois para pagar os prejuízos sofridos?
Se falarmos de Neoliberalismo as coisa, em minha opinião, pioram um bocadinho.
Mas numa coisa estamos pelos vistos de acordo. Estas traquinices dos Liberais/Neoliberais, para além de porem muita gente a passar privações, dão trunfos aos comunistas.

Unknown disse...

Não pode haver liberdade sem regra. Esta tem que ser assegurada pelo Estado, razão por que boa parte dos nossos impostos dão meios ao Estado para exercer coacção sobre quem se obstina a cumprir a lei.
Nas democracias capitalistas, o Estado garante que o mercado seja livre, assegurando o exercício da livre troca sob regras. Os intervenientes com menos recursos não podem ser prejudicados pelos que mais podem. Eu próprio, como consumidor, preciso que o Estado garanta os meus direitos nesta complexa teia do mercado.
O Estado tem que assegurar que os interesses de uns não passem por cima dos interesses de outros sem que se ponha no lugar do mercado. Como diz que não percebe o meu raciocínio? Eu não sou anti-Estado. Eu sou contra o Estado que se sobrepõe à Sociedade prepotentemente. Nisso eu vejo o MAL.
O Estado é preciso para servir a sociedade, para canalizar a obediência dos cidadãos a favor do bem estar e segurança de todos.

amadeu silvestre disse...

Bem, então, para terminar esta série de comentários chegamos a uma importante conclusão. Liberdade é uma coisa, (mercado livre, regulamentado, vigiado)e Liberalismo é coisa distinta. Neste sentido será um defensor da liberdade, tutelada pelo Estado, mas não do liberalismo económico onde o Estado se deve abster de intervir.