12 agosto 2009

Estrada da morte (2)

Diz-nos esta notícia que, no ano corrente, nos 18kms do troço da Estrada Nacional 118, entre Alcochete e Porto Alto, já morreram oito pessoas.
Os registos indicam que, em média, há a lamentar uma morte imediata por mês, faltando saber quantos morreram dias ou semanas depois (porque as estatísticas ignoram esses casos) e quantos mais ficaram estropiados para o resto da vida.
Como sempre, a culpa é dos condutores. Ultrapassagens mal calculadas, excesso de velocidade, condução agressiva, etc., etc. Invariavelmente, assobia-se para o lado e inventam-se desculpas para continuar, passivamente, a assistir ao triste cortejo da morte do alto das cadeiras do poder.
O que ninguém reconhece – porque não convém – é existirem, em ambos os sentidos e no período diurno, filas com oito ou mais camiões, cujos condutores não respeitam a distância legal mínima entre eles; que a estrada não tem faixas de segurança e que na maior parte do percurso há árvores e valas em vez de bermas.
Poderão os poderes central e locais lavar as mãos como Pilatos?
Andarão os autarcas de Alcochete e Benavente tão ocupados ou distraídos que nem reparam nas frequentes notícias sobre este troço de estrada? E não sabem nem podem fazer nada mais que enfiar a cabeça na areia?
E os contribuintes/condutores/candidatos à morte continuam, impávidos e serenos, à espera que chegue também o seu dia?

Nota - A primeira parte deste texto foi publicada aqui há cerca de 16 meses. Sucedeu alguma coisa depois? Sim, continua a morrer mais gente.

4 comentários:

Unknown disse...

Agora deixo aqui uma sugestão, qual seria na sua opinião a solução para este problema?

Fonseca Bastos disse...

Não costumo responder a anónimos mas abro uma excepção: há anos que deveria ter sido prolongado o IC13 até Porto Alto.
Outras soluções imediatas para poupar vidas:
1. Proibir o tráfego a pesados e/ou fiscalizar devidamente a distância entre eles;
2. Impor redução dos limites de velocidade máxima (70km/h poderá ser suficiente);
3. Derrubar as árvores que marginam a estrada, tapar as valas de escoamento de água e construir faixas laterais de segurança.

Unknown disse...

Era aqui que queria chegar, o que escreveu no comentario nao devia estar em comentário, mas sim na própria noticia.
Embora a maior parte dos pontos enumerados seja de dificil execução: "fiscalizar devidamente a distância entre eles (pesados)" é impossível destacar agentes para estarem permanentemente a verificar a distancia; "Impor redução dos limites de velocidade máxima" em todo o lado existem limites, depende de cada um cumpri-los, das poucas vezes que passo por essa estrada fico estupefacto com as manobras perigosas que vejo (é a mentalidade dos condutores) quanto ao último ponto, não me parece que seja dos mais importantes para evitar acidentes.

Fonseca Bastos disse...

O prolongamnto até Porto Alto do então IC3 (hoje IC13) teve um projecto chumbado em Março de 2000 por razões ambientais. Na altura, a conservação da Natureza falou mais alto. Menos de uma década passada e depois de mais algumas dezenas de mortes de seres humanos a assinalar, custa-me a crer que as razões ambientais ainda possam sobrepor-se às demais.
Mas ninguém pôs mãos à obra para poupar vidas naquela maldita estrada. Nunca se passou de piedosas ideias, promessas e intenções.
Embora por razões burocráticas a construção do IC13 possa demorar anos a resolver, os pontos 1 e 2 da minha mensagem anterior resolvem-se numa semana e o ponto 3 em meia dúzia de meses.