26 março 2007

Laranjeiras amargas

Nota prévia
Há tempos que alimentava a secreta intenção de voltar brincar ao cinema. Por ser mais difícil que a fotografia e por guardar imagens insubstituíveis, captadas há 20 anos com uma velha câmara VHS-C. Com o fim anunciado dos vídeogravadores domésticos, chegou o momento de dispor de uma máquina digital para recuperar esse arquivo em DVD.
Porque desconheço blogues portugueses que, regularmente, apresentem documentos filmados pelos autores – o que não quer dizer que sejam inexistentes – posso estar a concretizar mais uma ideia inédita, pelo menos nos arredores.
Tecnicamente o resultado final não foi o melhor, pelo menos desta vez, porque a conversão de vídeo digital para a Internet exige recursos técnicos que ainda não possuo.



Laranjeiras da discórdia
O meu primeiro exercício filmado, mostrado acima (clicar no símbolo ao centro da imagem para ver o filme sonoro), teve por motivo as laranjeiras da avenida 5 de Outubro, em Alcochete, que podem ter os dias contados, segundo se diz por aí.
A obra faz sentido, porque candeeiros de iluminação pública e laranjeiras estão mal situados e prejudicam o estacionamento.
Mas suspeito que algumas árvores poderão acabar no lixo porque, mais dia, menos dia, a paragem de autocarros terá de avançar alguns metros no sentido ascendente da artéria, dado o novo desenho do passeio junto à lateral Sul da Igreja Matriz.

Já aqui se criticou – com inteira justiça, de resto – a situação actual: a paragem está mal posicionada, obrigando quem vem atrás do autocarro a esperar e, às vezes, a desesperar e buzinar.
Nada disto significa que concorde com a destruição de árvores de fruto que para muita gente têm valor simbólico. Dizem-me alguns avós da actualidade que, enquanto garotos, estavam proibidos de tocar nas saborosas laranjas, cujo destino era de índole social.

Não sou versado em fruticultura mas sei que as laranjeiras suportam, razoavelmente, as transplantações. Portanto, poderão ser preservadas e replantadas em local mais apropriado, mantendo-se intocável o seu simbolismo se houver um mínimo de imaginação.
Poderão ser recolocadas mais acima, por exemplo, porque do restaurante à artéria do acesso lateral ao cemitério não há árvore alguma.
Frente à fábrica Orvalho, em ambos os lados da avenida, existem... plátanos! E os do lado Sul parecem-me doentes.
Tratando-se da mesma artéria, lógico seria que as laranjeiras alindassem toda a sua extensão. Mas alguém decidiu, há anos, misturar alhos com bugalhos.
Não é caso único em Alcochete.



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