13 setembro 2006

Acudam aos Barris


Os executivos camarários de Alcochete – este e o anterior – lidam mal com coisas banais, como sejam as zonas verdes, a pequena criminalidade e a conservação dos chamados espaços de utilização comum. O anterior pagou por isso na hora própria e, pelo que se viu até agora, este para lá caminha. Já não se aprende nada com erros alheios?
Admito haver escasso dinheiro para grandes obras, mas parece-me imperdoável que um município e os autarcas que o governam andem tão distraídos que não enxergam coisas erradas que um cidadão topa a cada esquina.
Hoje dou público testemunho do resultado das minhas deambulações pela urbanização dos Barris, situada em Alcochete, entre a escola secundária, as traseiras do quartel dos bombeiros e o depósito de água, a tal onde inúmeros prédios estão um nojo por causa da construção da pomposa variante.
E não creio que a chuva resolva esse problema, porque a poeira acumulou-se em camadas nos locais onde ela não entra. Alguém deveria limpar os edifícios.
Como escrevi em tempos, nomeadamente aqui, considero pequena criminalidade a recente onda de pintura de paredes em Alcochete.
Nos Barris pinta-se tudo, incluindo mármores e cantarias de frontarias e empenas de edifícios, superfícies porosas onde é muito difícil (às vezes mesmo impossível) remover tais inscrições.
Embora haja sinais visíveis de que alguns condomínios gastaram dinheiro a tentar remediar a situação, terá sido dispêndio inútil porque novas inscrições foram já sobrepostas.
É tempo de autarquias, polícia, escolas, pais e os cidadãos em geral fazerem alguma coisa para evitar males maiores.
Passando a questões da exclusiva responsabilidade municipal, alerto que a maioria dos espaços verdes dessa urbanização está mal cuidada. O calor não serve de desculpa, pois há ervas daninhas e recantos pura e simplesmente abandonados.
Inevitavelmente terei também de abordar a questão dos arbustos e do arvoredo, problema que subsiste desde o início da construção da urbanização.
Nunca vi aparar arbustos nos Barris, que crescem ao Deus dará, mas conheço espaços desse bairro onde, em três ou quatro anos, a autarquia já plantou três tipos distintos de árvores. Sempre sem sucesso, porque umas secam e outras não medram.
A realidade é que, ao fim de seis anos, a urbanização onde residem quase um milhar de pessoas continua sem uma única árvore capaz de dar sombra.
Muito mais preocupante, sobretudo por problemas recentes que abordei neste texto, é o caso das grelhas destruídas, empenadas ou desaparecidas e da péssima rede de drenagem de águas pluviais que elas protegem. Situam-se nas traseiras dos edifícios, junto às garagens, são demasiado frágeis e não suportam o vaivém constante de automóveis.
Tendo sido a câmara que autorizou e permitiu, na maioria dos casos há menos de cinco anos, a instalação de sistemas de escoamento visivelmente inadequados em caso de chuva torrencial – alguns até com erros clamorosos de concepção e construção, como demonstrei no texto acima citado – cabe-lhe corrigir as anomalias, tanto mais que tomou posse da urbanização há pouco mais de um ano.
De contrário, receio que ocorram mais inundações graves e incontroláveis e daí resultem sérios prejuízos para proprietários de garagens. E talvez até para a própria câmara, se alguém recorrer à justiça.
Repito o que escrevi mais acima: admito haver escasso dinheiro para grandes obras, mas parece-me imperdoável que um município e os autarcas que o governam andem distraídos e não reparem em pequenas coisas com maior relevância que os elefantes brancos, sobretudo porque se prendem com a qualidade de vida à beira da casa dos munícipes.
Deixo para o final uma observação ao conselho executivo e às associações de alunos e de pais da Escola Secundária de Alcochete. Que pena tenho em ver uma escola nova e bonita rodeada de canteiros ao abandono.

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