Pego nos comentários de Luís Proença ao meu texto "A estrutura mental de esquerda" para focar o que neles acho pertinente, embora inicialmente considerasse que lhes respondia nas minhas respostas a Isobel.
Sim, sou anti-comunista com o mesmo direito que um comunista é anti-capitalista. Diga-se já de passagem que os comunistas quando se afirmam anti-capitalistas querem, no fundo, dizer que são contra o capitalismo normal, isto é, o liberal, defensor dos direitos individuais, do livre-mercado, da limitação do poder do Estado, etc., pois o megacapitalismo parricida é negócio deles.
O Luís parece pensar que com o fim da "outra senhora" acabou a ameaça marxista. Mas eu digo que a ameaça marxista nunca foi tão assustadora como no tempo que decorre. O que mudou foi a estratégia. Se na primeira fase comunista que "falhou" o negócio era a economia, agora o negócio é a cultura. São os códigos culturais que estão, paulatinamente, a ser alterados. O ambientalismo oferece os valores que, caso se impusessem, escravizariam e animalizariam por completo o homem porque este seria mergulhado no mais abjecto imanentismo. Eu não estou contra a imanência. Eu estou contra que se mutile a união da transcendência e imanência.
Noutro comentário mais à frente, o Luís fala em "dogma". Esta palavra vem do Grego e significa "decreto". O respeito que eu devo ao Luís é um dogma porque indemonstrável sob a perspectiva científica. Todavia, sem esse dogma, hoje não existiriam Proenças nem Marafugas.
O Luís talvez gostasse que a existência de Deus se provasse como um cientista prova qualquer coisa em laboratório. Haverá alguma estrutura pensamental mais infantil do que esta? Porque, Luís, respeitá-lo não é poupá-lo ao vigor de um discurso que se reclama da inteligência. Deus é uma exigência da minha inteligência. Sou humilde porque sou criatura. A humildade é a verdade.
Diz o Luís que «no Cristianismo, nem a moral nem a religião têm pontos de contacto com a realidade». Nem o mais empedernido dos ateus faria uma afirmação tão absurda como essa. Ora o Luís diz-se cristão («sendo cristão e não me considerando de "esquerda"...»). Tudo isto me cheira a confusão!
O sentido da Cruz de Jesus Cristo é o fundamento do mundo real: união da eternidade e do tempo, do infinito e do finito, da transcendência e da imanência, do espírito e da carne (carne do homem e carne do mundo).
Deus é o ser supremo e a causa real de todas as coisas. Vêem-no todos os que unem razão e coração porque Ele manifesta-se por toda a parte. Eu próprio sou feito à essência d'Ele. O Luís também.
O pecado é um efeito objectivo do esquecimento de Deus. O esquecido de Deus é um esquecido de si próprio. Este é que é o verdadeiro alienado.
O Cristianismo não tem nada de antropocêntrico. O centro do Cristianismo é Cristo que vem desde toda a eternidade e que tudo ensopa tal como uma esponja que se atira para uma banheira de água é logo ensopada por esta.
Eu não tenho um conceito ou definição de Deus porque se tivesse tal pretensão negaria Deus em vez de afirmá-lo. Alguém pode abarcar Deus? Alguém pode definir Deus, isto é, pôr-Lhe um fim?
Depois o Luís vem com um silogismo manifestamente cartesiano. O ser não é uma consequência do pensamento. Este é uma ferramenta, logo uma criatura. A criatura não cria o Criador. O Criador é que cria a criatura que está infinitamente menos para Aquele do que uma banheira de água para o Oceano Pacífico.
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