21 setembro 2006

Medo do medo

Há pessoas inacreditáveis.
Não dizem nada. Não esboçam um gesto. Vivem no pavor que os outros descubram o que realmente pensam. Só lhes interessa a vidinha delas. O umbigo delas. O outro que se lixe. Que se dane. E estão convencidas de que trilham a vereda certa. Fazem pouco dos que lutam contra a porcaria. Não se metem em nada. Acham que têm muito juízo. Eu acho que o que elas têm é medo. Medo do medo, a completa rendição.
Há pessoas inacreditáveis.
Não acreditam que a nossa liberdade se está a ir dia após dia. Os que cá ficarem que se amanhem, pensam elas. Estão-se nas tintas que amanhã obriguem filhos e netos a caminhar com as mãos no chão.
Há pessoas inacreditáveis.
A defesa da liberdade não cabe aos nossos filhos e netos. A defesa da liberdade cabe a nós. A mim porque sou eu que vejo a progressão do monstro devorador. Uma progressão camuflada como a do camaleão e lenta como a da tartaruga. O meu filho não vê nada disto e menos o meu neto que ainda não nasceu.

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