O cidadão Vítor Cabral, vereador eleito pelo PS para a câmara da Moita, cinco meses após o início do mandato criou um blogue. Desde então, regularmente, aborda temas variados respeitantes ao concelho. Alguns são vincadamente políticos, outros nem tanto.
O blogue do vereador tem escassa audiência – hoje regista pouco mais de 9.500 acessos num município que, em 2006, tinha cerca de 71.000 residentes – mas é útil para acompanhar o pulsar da autarquia numa perspectiva diversa da propaganda "oficial" e "oficiosa".
Essa reduzida audiência terá, provavelmente, a ver com a invisibilidade de interacção com os munícipes. Numa viagem apressada pelos meandros da página não detectei reacções exteriores. E elas mudariam tudo.
Em todo o caso, o exemplo do vereador da Moita – longe de ser único no país e mesmo na península de Setúbal – em devido tempo deveria ter sido copiado por todos os detentores de cargos autárquicos em Alcochete, com ou sem funções executivas. Porque nada torna um cidadão mais indiferente que a ignorância da actividade palpável dos seus representantes políticos.
É bom relembrar que, em Alcochete, três partidos ou coligações (CDU, PS e PSD) criaram sítios na Internet algumas semanas antes da eleições autárquicas de Outubro de 2005. Mas, inexplicavelmente, deixaram-nos parados no tempo e acabariam por encerrá-los.
Em Janeiro de 2006, os eleitos do PPD/PSD à Assembleia Municipal de Alcochete abriam o «Blog Laranja de Alcochete». Menos de dois meses e meio depois era suspenso e assim permanece até hoje.
Mais estranho que existindo em Alcochete, pelo menos, duas dezenas de pessoas com aspirações políticas e meia dúzia com indisfarçável ambição de manter ou dispor de gabinete no primeiro andar dos Paços do Concelho, nenhuma tenha intervenção pública política ou cívica regular em matérias de interesse colectivo.
Fixe-se esta informação:
1. No final de 2006, 40% dos lares portugueses possuíam ligação à Internet. O crescimento médio é de 5% ao ano;
2. Números recentes do INE (OUT2007) indicam que Alcochete é o 4.º concelho do país em poder de compra e o que registava maior crescimento desse indicador (69%).
Tomaria a Imprensa da região dispor de capacidade para atingir esta audiência potencial!
3 comentários:
Diz o sr. Bastos: «Mais estranho que, existindo em Alcochete, pelo menos, duas dezenas de pessoas com aspirações políticas e meia dúzia com indisfarçável ambição de manter ou dispor de gabinete no primeiro andar dos Paços do Concelho, nenhuma tenha intervenção pública política ou cívica regular em matérias de interesse colectivo».
Mas é exactamente isto que me faz "confusão" desde o 25 de Abril.
Há em Alcochete uma mentalidade provinciana que, diga-se a verdade, ainda tem muita força. Essa gente com as tais ambições (mirando projectos pessoais) sempre estiveram e continuam convencidas de que com as conversas de rua e café conseguem o que querem.
Se a circunstância o não permite, cumprimentam-se de raspão, sorriem, piscam o olho, enfim, solidificam cumplicidades.
Não têm nada na cabeça, não sabem articular uma frase complexa, não fazem ideia do que seja uma frase complexa, não falam com um mínimo de logicidade, mas querem ser presidentes disto ou daquilo, vereadores, o diabo que os parta. A não ser o desejo ardente de viverem à conta dos dinheiros públicos, nada mais os faz correr.
Os partidos comunista e socialista estão-se nas tintas para o que eu denuncio aqui, porque para a consecução dos projectos deles é essa gente que lhes interessa. Que interessa o Marafuga se ele se reclama do legado? Não é com o respeito pelo legado dos nossos maiores que os grandes projectos de esquerda podem avançar. Mas para que é que eu estou aqui a falar se só dois ou três milhafres entre comunistas e socialistas juntos é que me percebem, justamente os mais perigosos no meio da manada?
Portanto, isto de estar aqui a escrever, por mais conhecimento que eu revele, não interessa nada para eles porque para eles a "praxis" está sobre o conhecimento, a acção sobre a moral, a eficácia sobre o ser.
Falemos na primeira pessoa porque é muito pedagógico: eu que até tenho a minha mulher a fazer limpezas na casa de um cacique local tenho toda a possibilidade de figurar na lista do partido para Presidente da Junta, ainda que a falar seja uma metralhadora e um dos mais básicos alcochetanos. Pelas ruas e cafés (agora já não há tabernas) de Alcochete vou prestando serviços a esse tal cacique como, por exemplo, desacreditar todos os Marafugas da terra porque são fascistas e o que querem é tacho.
Não há condições!
Está cá a parecer-me que nunca antes terá havido tantas condições para virar isto do avesso.
Quando socialistas ameaçam mandar o partido às malvas e integrar uma lista de independentes, parece-me ter terminado a era dos incondicionais apoiantes de quem tinha aspirações pessoais.
Se tal existe num partido em maioria na governação nacional, interrogo-me sobre estados de alma nos outros.
Eu conheço bem Alcochete. A minha memória desta terra tem mais de cinquenta anos. Estou a descontar só os meus primeiros três ou quatro anos de idade.
O que está a acontecer no PS local não tem a ver com o fim dos caciques, mas com o desenvolvimento da dinâmica caciqueira nesta terra de Alcochete.
Uma vez que 'o grande cacique' (conceito abstracto) perdeu capacidade para gerir as próprias contradições por força da procura de muitos à pouca oferta de cargos públicos, O PS local fragmenta-se em grupelhos, cada um com o seu caciquezinho à frente.
Se ninguém conseguir sujeitar à disciplina o PS locasl, prevejo o reforço destes comunistas perigosíssimos, mas também uma boa hipótese para a direita política nesta sofrida terra de Alcochete.
O responsável por estas linhas é apenas e só o professor João Marafuga. Se se verificar no meu discurso matéria criminalizável, os tribunais estão aí porque em Democracia é assim.
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