Está publicado no «Diário da República» de hoje um aviso da Câmara Municipal de Alcochete, anunciando a aceitação de sugestões e informações sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito da elaboração do Plano de Pormenor do Alto dos Moinhos, uma área de 15 hectares que contempla as instalações da antiga fábrica de alumínio, fronteira à praça de touros e ao campo do Alcochetense.
As reacções dos munícipes serão aceites durante 20 dias úteis, contados desde hoje, nas condições indicadas no citado aviso.
Transcrevo directamente do documento: "O Plano de Pormenor do Alto dos Moinhos tem por fim a reconversão do espaço afecto à antiga Fábrica do Alumínio Português de Angola, com vista à constituição de uma nova área habitacional que complemente e remate o perímetro urbano existente, diversificando e qualificando o local e a oferta do concelho".
O aviso também refere que o plano de pormenor deverá ser elaborado num prazo de 180 dias e "constituir um exemplo de desenvolvimento urbanístico em coerência com princípios de integração e de valorização ambiental e sustentabilidade...".
Peço-lhe, estimado concidadão, que ajude a exercer todas as pressões possíveis para que as promessas não sejam letra morta.
Há não muitos anos, escutei a um ex-presidente da câmara que nessa área de intervenção estavam destinados apenas 4 hectares (26,6%) para um parque urbano.
Caso seja esse o entendimento actual – que se desconhece, porque o executivo autárquico limita-se a cumprir a lei e, erradamente, nunca explica nada acerca das suas intenções – parece-me que a exiguidade do espaço para usufruto dos alcochetanos em geral não qualifica o local e muito menos exemplifica desenvolvimento urbanístico equilibrado e coerente com a valorização ambiental e a sustentabilidade.
Com todo o respeito pelos direitos e expectativas dos proprietários, que têm revelado benevolência cedendo terrenos e velhos armazéns para inúmeras manifestações populares, uma com seculares raízes históricas (Círio dos Marítimos) e outras arreigadas há décadas nas tradições da comunidade alcochetana, no mínimo proponho a divisão harmoniosa da área: metade para urbanização (volumetria nunca superior a três pisos acima do solo e estacionamento coberto para dois veículos por fogo) e metade para usufruto permanente e geral dos alcochetanos, assumindo-se o compromisso público de atribuir ao espaço cedido a denominação Parque Urbano Libertas (nome da empresa imobiliária).
Salvo melhor opinião, parecem-me condições mínimas aceitáveis para que o Alto dos Moinhos seja o primeiro espaço imobiliário do concelho a figurar na galeria de exemplos.
A meu ver deveria ser também o último de uma época triste de destruição da paisagem, porque todos os loteamentos futuros seriam forçados a prever zonas arborizadas e de convívio equivalentes ao quádruplo dos solos impermeabilizados pela construção de edifícios e de arruamentos.
P.S. - Prefere sondagem de opinião ou petição popular acerca dos assuntos acima tratados? É fácil criá-las na Internet.
2 comentários:
Existem vários termos que podem ser usados para o que se vai passar em Alcochete: "betanização", "seixalização", "barreirização"...
O povo diz que é desenvolvimento.
Iremos ver como se destrói um patrinómio em "menos de nada"!
Venha cimento que ele faz falt.
Após a urbanização da Fábrica do Alumínio, onde será que as Festas/eventos de Alcochete se irão realizar?
São estes eventos tradicionais que contribuem para a cultura/unidade de uma comunidade. É bom que se mantenham vivos.
Paulo Benito
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