09 junho 2006
O céptico
O céptico pergunta-me: por que é que o respeito pelo outro é uma certeza absoluta? Eu respondo-lhe que o respeito pelo outro é uma certeza absoluta porque condição sine qua non para os homens viverem em paz. O céptico olha para mim com o olhar da mal disfarçada superioridade e volta à carga: por que é que os homens precisam de viver em paz? Eu topo o primarismo da pergunta de alguém desinteressado de qualquer ponto de encontro, mas aguento para que o céptico não volte contra mim o meu legítimo direito de lhe voltar as costas. Já não sei o que lhe responder com um mínimo de exigência intelectual, mas para ver até onde ele seria capaz de chegar, adianto: sem paz, o homem cairia na antropofagia final. Atalha o céptico: o que entendes por antropofagia final? Fatigado, ainda respondo: o desprezo total pelo outro.
O céptico lançou sobre mim um sorriso luciferino e muito correctamente voltou-se para o colega sentado à esquerda.
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3 comentários:
Mas desde quando não estamos, nós os humanos, numa "antropofagia"?
O respeito pelo outro, a paz, é uma condição sine qua non da vida em sociedade.
Para mim, não são valores, são condições, como diz o Marafuga. Chagar/chegar acho que não foi lapso e foi intencional. Também me pareceu intencional o colega sentado à esquerda. Aí não enfio a carapuça. O Marafuga é que nem sempre junta as palavras aos actos e conheço exemplos em que ele não teve respeito pelo outro nem de modo relativo, quanto mais absoluto... Por exemplo, em comentários ao Expresso, já fechou a porta ao outro. Só para dar um exemplo acessível na Net.
"Chagar" foi lapso, mas até ficaria bem. Já corrigi.
Sim, "o colega sentado à esquerda" foi intencional.
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