Edifício classificado pelo Ministério da Cultura como Monumento de Interesse Público.
Antiga Ermida ou Capela do Espírito Santo, situada na Rua do Norte e Rua da Senhora da Vida (bairro das Barrocas, junto ao Tejo) – Alcochete.
Ao longo de décadas, entre o rico património local este templo tem sido o mais fotografado e filmado por profissionais e amadores, de dia ou de noite, porque o seu enquadramento no Tejo proporciona belas imagens.
É um dos símbolos característicos da vila de Alcochete e está de classificado como Monumento de Interesse Público, pelo Decreto n.º 2/96, publicado no «Diário da República» n.º 56, de 6 de Março de 1996.
Encostado à nave, do lado Poente, existe um edifício de empena triangular onde funcionou o hospital da Santa Casa da Misericórdia de Alcochete (uma placa de mármore sobre a porta principal deste edifício indica essa função de outrora).
Um pequeno templo de nave única e com planta quinhentista, coberto por tecto em madeira, cuja fachada principal é maneirista.
Ao redor das portas principal e lateral há almofadas em pedra do tipo "rusticado".
O tecto original era decorado com uma pintura do séc. XVIII, representando o orago. Em 1986 foram realizadas obras de restauro, pela Santa Casa da Misericórdia de Alcochete, constando da reconstrução da cobertura da nave e de apeamento do púlpito, mas a reprodução da pintura original do tecto nunca foi realizada. Existe levantamento fotográfico do tecto original.
A capela-mor é de planta centralizada, sendo coberta por uma elegante cúpula maneirista, coroada com um lanternim.
As paredes laterais e a capela-mor são parcialmente revestidas com painéis de azulejos azuis e brancos do século XVIII, com passos da vida mariana.
O altar do lado da Epístola, de invocação de Nossa Senhora da Soledade, preserva duas imagens policromadas, talvez seiscentistas, figurando São Brás e Santo António.
A época de construção é a segunda metade do séc. XVI (1577), patrocinada pelo Dr. Afonso de Figueiredo para sua sepultura e de sua mulher, Júlia de Carvalho, cujos túmulos estão no pavimento da capela-mor.Cem anos depois a ermida já não invocava o Espírito Santo mas Nossa Senhora da Vida, quando Nuno Álvares Pereira Velho de Morais, juntamente com alguns conterrâneos, reorganiza a irmandade, cujo compromisso teve confirmação régia em 1674 e já então era fama que a imagem da padroeira teria pertencido ao santuário da Rainha Santa.
Embora datem, pelo menos, do séc. XVII e tenham continuado até ao século seguinte, no século XX apenas em 1930 e 1935 se realizaram, em Alcochete, as Festas de Nossa Senhora da Vida, da devoção do povo porque, segundo uma lenda local, teria sido Ela que o salvara de ser atingido por uma das pestes que grassou no país.
O recorte de Imprensa reproduzido abaixo é a reportagem das festas de 1935, publicada no jornal «O Século» (clicar sobre a imagem para ver ampliação legível),
A organização das festas da Senhora da Vida estava a cargo da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 e tinha como principal impulsionador o director da centenária colectividade musical, José Diogo da Costa.
No início da década de 40 do séc. XX essas festas viriam a dar lugar às do Barrete Verde e das Salinas – por iniciativa do jornalista alcochetano José André dos Santos – estando na origem destas a fundação do Aposento do Barrete Verde.
Vale a pena acrescentar que o acima citado reorganizador da irmandade do Espírito Santo – Nuno Álvares Pereira Velho de Morais, que estará na origem da invocação desta ermida à Senhora da Vida – era descendente dos Monizes de Alcochete, família muito chegada à casa real desde, pelo menos, 1498.
Filho de Nuno Álvares Pereira e de Inês de Novais Neto, era capitão e casou na vila em Maio de 1652. Em 1705 era tido como uma das pessoas principais da vila.
Fontes:
Câmara Municipal de Alcochete (PDM)
Região de Turismo da Costa Azul
Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais
Aposento do Barrete Verde
Bibliografia:
Eduardo Ramos da Costa, «O Concelho de Alcochete», 1902
José António Ferreira de Almeida, «Tesouros Artísticos de Portugal», Lisboa, 1976
Luís Maria Pedrosa dos Santos Graça, «Edifícios e Monumentos Notáveis do Concelho de Alcochete», Lisboa, 1998
José Estevam, «Fidalgos e Mareantes, Apontamentos Históricos sobre os Alcochetanos no Oriente», Alcochete, 2001
Existem igrejas dedicadas a Nossa Senhora da Vida, pelo menos, em Granja do Ulmeiro (Soure), Sobral de Monte Agraço e Calheta (Madeira).
No Brasil é a protectora dos nascituros.
Persistem em Bombaim (Índia) ruínas de uma igreja, construída em 1548 pelos portugueses, em honra de Nossa Senhora da Vida.
Há outras referências a Nossa Senhora da Vida em diferentes pontos do globo, como EUA, Canadá, França e Brasil.
1 comentário:
Obrigado!
Obrigado pelo seu trabalho de pesquisa.
Obrigado por manter informados sobre dados/factos/acontecimentos históricos da nossa bela vila.
Obrigado por manter este blog vivo e interessante.
Paulo Benito
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