09 setembro 2008

Ponte perde tráfego a olhos vistos

Diz-nos esta notícia que a ponte Vasco da Gama está a perder tráfego a uma média diária de 7000 veículos. Considerando que, em 2007, o tráfego médio diário foi de 60.000 viaturas, a actual redução parece-me significativa e as causas prováveis serão a perda de poder de compra e o excessivo valor da portagem (2,25 euros por veículo ligeiro).
Declarações com seis meses e dados de 2007 indicam que, embora a ponte Vasco da Gama continuasse com tráfego dentro das previsões iniciais da Lusoponte, "em relação ao que foi negociado [com o Estado] em 2000 estava 30% abaixo".
Dada a relevância financeira das perdas acumuladas, urge tomar medidas de atracção de tráfego.
A redução significativa do valor da portagem para veículos ligeiros com mais de um ocupante – ideia que, tal como outros, também defendo – por muitas e variadas razões parece-me não só recomendável como até, perante a realidade dos números, absolutamente inevitável.

Sugestões:
Automóveis ligeiros até 2 ocupantes - 2,25€
Automóveis ligeiros com 3 ocupantes - 2€
Automóveis ligeiros com 4 ocupantes - 1,75€
Automóveis ligeiros com 5 ocupantes - 1,25€

2 comentários:

Paulo Benito disse...

Caro Fonseca Bastos,

Não concordo consigo em reduzir as portagens para aumentar o tráfego na ponte Vasco da Gama. Pelo contrário, penso que deverá é ser incentivado o uso do transporte público. O valor das portagens é um factor que pode promover esta política.

Os motociclos, utilizadores da Via Verde, obtêm um desconto de 30% em todas as portagens do país. Todas não! Existe uma excepção. A ponte Vasco da Gama. Esta situação de marginalização e dualidade de critérios afecta claramente a minha sensibilidade.

Paulo Benito
Motociclista
Utilizador diário dos transportes públicos para Lisboa

Fonseca Bastos disse...

Caro Paulo Benito:
Ter-me-ei explicado mal, eventualmente, mas a ideia que pretendia transmitir era a redução do valor da portagem para veículos ligeiros com a lotação esgotada, de modo a que quatro veículos com um único ocupante deixassem de lançar metais pesados na atmosfera.
Seria mais económico para todos, a liberdade e a comodidade pouco seriam afectadas, a concessionaria da ponte perderia menos tráfego e, possivelmente, depressa veria as receitas aumentarem.
Isto traduz a minha concordância com o incentivo do transporte colectivo, embora privilegie sobretudo o automóvel privado com quatro e cinco ocupantes.
Não me pronuncio sobre o transporte público rodoviário porque desconheço tudo acerca dele. Mas continuam a chegar-me relatos que indiciam crescente receio dos utentes. Alguns motoristas praticam condução agressiva, com arranques e travagens bruscos e curvas descritas em excesso de velocidade, o que me dizem transformar as viagens em aventuras penosas, incómodas e tensas antes e após um dia de trabalho.
A verdade é que nos autocarros viajam seres humanos e não mercadorias inertes, Portanto, acima de tudo a condução deverá ter isso em conta. Admito que possam misturar-se vários e distintos problemas, o que dificilmente conseguirei esclarecer sem conversar com motoristas, que poderão estar sujeitos a graves pressões e problemas profissionais. Também são seres humanos e as suas angústias devem ser conhecidas.
Tenho a intenção de realizar algumas viagens nas rotas em que mais frequentemente me apontam problemas, dentro e fora dos períodos de tráfego intenso, para tentar tirar as coisas a limpo.
Como Paulo Benito parece ser utilizador habitual do transporte público, o seu testemunho poderá ser útil.
Convenhamos, entretanto, que trocar o automóvel pela motocicleta será a solução menos viável para a esmagadora maioria.
Não penso o mesmo acerca do uso da bicicleta mas, como também é sabido, continua interdito o uso da ponte por ciclistas. Talvez alguém se debruce sobre isso no dia em que o petróleo bruto chegar aos 200 dólares. Antes, porém, a ponte estará deserta no sentido Sul-Norte.