21 setembro 2009

Boa memória (4)

Para refrescar a memória aos esquecidos, recordo que, em Novembro de 2007, num dos jornais da região foi publicado um texto de Zeferino Boal, no qual o autor se insurgia contra a partilha do "Espaço Alcochete", no Salão Imobiliário de Lisboa, pela Câmara Municipal de Alcochete e por empresas privadas de promoção imobiliária.
Ou seja, rigorosamente a mesma situação que Sérgio Silva denunciou aqui e que continua a repetir-se desde há três anos, pelo menos.

Quais são essas empresas? Sirvo-me de uma notícia respeitante ao salão imobiliário de 2008, cuja fonte me parece insuspeita.


Eis o teor do texto de Zeferino Boal, relatando factos que na altura causaram surpresa e alguma agitação política. Porém, não tenho memória de alguma reacção política visível.



O PODER LOCAL É UM ALIADO DO CAPITAL – EM ALCOCHETE

O sector do imobiliário é um motor de desenvolvimento económico no nosso país. No entanto, é alvo de invejas e alguns consideram que se trata de enriquecimento fácil. Não penso assim!
Esta área de negócio comporta elevados riscos no investimento. Não irei escalpelizar aquela análise, poderá ser feita noutro momento e local.
Mal vai o país e as autarquias locais se continuarmos a crescer e a desenvolver com base no sector imobiliário. Portugal precisa urgentemente de repensar o ordenamento do território e aproveitar e bem as revisões dos Planos Directores Municipais (PDM) para introduzir mecanismos que satisfaçam a qualidade de vida dos cidadãos; os quais são cada vez mais exigentes para com os decisores políticos e pretendem ouvir com clareza e transparência todos os procedimentos.
Visitei recentemente a Exposição no âmbito do Salão Imobiliário de Lisboa. Comparativamente a outros eventos no passado foi fácil extrair que há crise económica no sector e no país.
Foi possível vislumbrar apostas interessantes públicas e privadas, ao nível das empresas. O stand do município de Gaia (presidido por Luís Filipe Menezes) apresentava as suas oportunidades para os privados investirem; o concelho do Seixal também seguiu aquela boa prática.
No entanto, fiquei perplexo com o “Espaço de Alcochete”. Como é aceitável e compreensível que o stand fosse partilhado pela Câmara Municipal e empresas privadas, ao invés das restantes autarquias. E se a isto acrescentarmos que o site do município propagandeou o acto, exige que todos estejamos atentos.
O executivo da Câmara merece a nossa censura!
Não deveria ter ficado surpreendido com este acontecimento, porque tive oportunidade de assistir à apresentação do diagnóstico do PDM aos empresários do concelho e foi deveras surpreendente quando os responsáveis da Câmara disseram aos presentes que não estavam ali para dizer o que pensavam, mas para ouvir da assistência o que queriam construir.
Será tolerante que a meio do mandato autárquico os “camaradas” que estão na Câmara não têm um paradigma estratégico para o concelho? Parece que assim é!
Ao invés, a conversa tida com as associações e colectividades é diferente. São lhes impostas medidas e propagandeiam as opções da maioria na Câmara.
Sou defensor da iniciativa e da criatividade no negócio, em especial se for do sector privado, seja ela vinda da grande empresa ou do comerciante mais humilde. Ambos têm que ser respeitados como tal.
Alcochete precisa de encontrar novas estratégias de desenvolvimento sustentado e com maior acuidade de bons decisores políticos, que estejam imbuídos da missão de serviço público, e não ao sabor dos ciclos eleitorais.
Os tempos modernos exigem mais atenção por parte dos cidadãos.
Proponho que se promova um referendo local e a população se pronuncie sobre qual o modelo de desenvolvimento urbano que pretende. Para tal finalidade deverão ser promovidos debates abertos e claros, se tal não for feito ficaremos a saber quem governa para o povo ou contra o povo.

5 comentários:

Unknown disse...

Somos Cassandras.

Unknown disse...

As hienas atacam em grupo.

Unknown disse...

Onde está o dinheiro aí está a esquerda.

Paulo Benito disse...

A problemática apresentada pelo Fonseca Bastos é a questão fulcral. O ordenamento do território mal conduzido irá hipotecar o futuro das próximas gerações.
Sei que a pressão urbanística é tremenda e que nenhum autarca consegue ficar indiferente a isso, pelo que deve de ser feito um controlo apertado sobre as decisões nessa matéria.

Melo disse...

Mas também outras devem ser feita, para o desenvolvimento do concelho, assim criar melhor qualidade de vida no futuro para os nossos descendentes.
Mas, nunca descurar a entrada de receitas, de forma a equilibrar as finanças da autarquia, ó não..