Não quero deixar de censurar o executivo municipal de Alcochete por atitudes incoerentes nas eleições europeias realizadas neste domingo, marcadas pelo alheamento de mais de metade dos eleitores inscritos no concelho (61,61%).
Enquanto por todo o lado se combate um dos piores vícios da democracia nacional e europeia – a abstenção – os detentores do poder de representação política no município tiveram atitudes reprováveis.
Numas eleições em que, conforme referi aqui há meses, havia 670 novos eleitores recenseados no concelho sobretudo devido às alterações havidas por força da introdução do Cartão do Cidadão, além de não terem fornecido qualquer informação escrita aos eleitores (excepto os editais do costume previstos na lei) também ignoraram as referências ao assunto no sítio do municipio na Internet.
Aliás, o executivo da câmara nunca se dignou sequer a mandar fazer o que neste blogue se explicara há mais de dois meses: como confirmar o local do recenseamento eleitoral via SMS e Internet.
Diferente foi a atitude de executivos autárquicos de dezenas e dezenas de municípios, uns mais próximos (como Palmela, Sines, Mafra e Lourinhã) e outros um pouco mais distantes (casos de Arraiolos, Porto de Mós, Serpa, Matosinhos, Gondomar, Cinfães, Tavira e Ponta Delgada), que deram aos respectivos eleitores amplas pistas para facilitar o cumprimento do dever cívico.
Lamento a dualidade de critérios do nosso executivo municipal, que ignorou o mais importante mas sobre o final da campanha eleitoral ou mesmo depois dela – e este foi o caso da área onde resido – não teve pejo em promover ampla distribuição domiciliária do boletim de propaganda «InAlcochete», datado de Maio, cujo director é o próprio presidente da Câmara Municipal, do qual se publicam seis imagens entre as 16 que ilustram o panfleto.
Dedica-se amplo espaço à habitual propaganda pacóvia mas nem uma linha foi reservada ao acto eleitoral, o que menos justifica a coincidência da distribuição com a data das eleições.
5 comentários:
Não é possível tirar grandes conclusões para as autárquicas dos resultados eleitorais de Domingo. Ainda assim, não resisto em lançar a confusão: se estes resultados se aplicassem, tal como estão, às autárquicas, a distribuição de lugares na Câmara Municipal seria a seguinte:
CDU: 3
PS: 2
PSD: 1
BE: 1
CDS: 0
Se os votos do CDS fossem para o PSD (atenção que não é o mesmo que concorrerem coligados...), o resultado seria:
CDU: 2
PS: 2
PSD: 2
BE: 1
O trabalho titânico está na des-santificação das esquerdas.
As pessoas pensam que as esquerdas estão ao lado dos trabalhadores e excluídos.
As pessoas não conseguem perceber que quando um partido político de esquerda fala de "liberdade" é de PODER que fala.
As pessoas não vêem que todo o problema está em saber se queremos mais Estado e menos economia de mercado ou mais economia de mercado e menos Estado.
Mais Estado e menos economia de mercado é a esquerda.
Mais economia de mercado e menos Estado é a direita.
O avanço do Estado e recuo da economia de mercado põe em perigo a liberdade individual.
O crescimento da economia de mercado e o Estado suficiente é a realidade desejável a favor do homem livre.
Destes resultados eleitorais, há que fazer uma leitura objectiva, e no meu entender há duas questões funadamentais:
1ª O partido socialista perde em larga escala, observando-se para isso dois fenómenos, em primeiro lugar um cartão vermelho a José Socrates e ao governo a nivel nacional e a falta de intervenção local da concelhia de Alcochete do Partido Socialista, e em segundo lugar o fenómeno Bloco de Esquerda, que com um discurso apelativo, de verdadeiro combate político, muitas vezes demagógico é certo, mas que toca profundamente as pessoas em dificuldades económicas e sociais, consegue ir buscar votos quer ao PS, quer ao PC.
2º O reforço da votação no PSD
que consegue uma votação que no plano actual autárquico poderia ganhar 1 a dois vereadores, situação essa verdadeiramente histórica para Alcochete.
Queria ainda realçar a boa prestação do CDS que, com um bom candidato, muitas vezes contra tudo e contra todos conseguio manter os 2 deputados ao parlamento europeu.
Que confusão... e que falta de inteligência.
Sorte a vossa que o Dr. Luís Proença não sofre desse mal.
Infelizmente, não há por aqui muita gente que ouse arriscar.
O medo de errar só favorece o adversário.
Espero que façam bom proveito do cautelismo.
O que seria se estivessem no poder!?
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