24 junho 2009

Aos srs. Maduro e Giro

Torna-se para mim difícil ler textos alienantes de homens que se candidatam a autarcas e não tomar posição. Se esta não tomasse, sentir-me-ia a colaborar com todo o tipo de confusões que sai da pena destes homens.
Na edição de hoje (24/Jun./09) do Jornal de Alcochete, António Maduro escreve assim: «Independentemente da área partidária, vê-se um pouco de tudo. Pessoas que tiveram práticas políticas ostensivas, não só ao grande capital como a tudo quanto cheirasse a capital, que se diziam defensores dos direitos humanos, da liberdade de expressão, da liberdade individual, da democracia, hoje, arregimentados a uma opulência saloia, mudam os princípios, mudam as vontades, as ideias, as convicções, o carácter e a sua própria personalidade» sic.
Vamos lá a ver se nos entendemos. António Maduro faz bem defender um amigo comum, Dr. Mário Balseiro Dias, historiador emérito regional e local. O problema está no tipo de argumentação que usa, manifestamente a denotar confusão por parte de quem quer ser presidente de Câmara.
Mas que história é essa de «...práticas políticas ostensivas não só ao grande capital como a tudo quanto cheirasse a capital...»? Quem tem essas práticas? Um homem de esquerda? Um homem de direita? Mas parte do grande capital defende planos estratégicos de natureza totalitária para o mundo e outra parte está com a Civilização Ocidental Judaico-Cristã! Por exemplo, os Rockefeller estão com todas as esquerdas à escala mundial; os Bush são conservadores.
Por outro lado, como é que é possível alguém estar contra o capitalismo em geral e a favor «...dos direitos humanos, da liberdade de expressão, da liberdade individual, da democracia...», todos estes valores liberais?
António Maduro não sabe o que é direita nem o que é esquerda.
Jorge Giro acredita que o comunismo pode ascender a um patamar de «...defesa intransigente dos interesses de todos os portugueses» sic. Mas como, se o comunismo ataca as propriedade privada, o livre mercado, a liberdade individual, o Cristianismo, a família, o direito de herança, a cultura de raiz popular, etc. e defende o ambientalismo, os direitos dos animais, o feminismo, o aborto, o divórcio, o casamento gay, a eutanásia, etc.? Quase tudo o que acabo de enumerar bem poderia ler Jorge Giro no Manifesto Comunista (1848) de Marx e Engels. Se o meu ex-aluno lesse esta obra, o vade mecum do comunismo à escala planetária, nunca aplicaria o termo honestidade ao comunismo pela simples razão de que concluiria não poder haver comunismo honesto.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Mas como, se o comunismo ataca as propriedade privada, o livre mercado, a liberdade individual, o Cristianismo, a família, o direito de herança, a cultura de raiz popular, etc. e defende o ambientalismo, os direitos dos animais, o feminismo, o aborto, o divórcio, o casamento gay, a eutanásia, etc.? "


Compreendo que a primeira parte seja uma coisa "má"... mas não compreendo onde está o problema na segunda parte...
só se for no feminismo, que é uma forma de discriminação. Mas não sei até que ponto o partido comunista defende o feminismo...
de resto, porque é que é mau defender o ambientalismo e os direitos dos animais? e mesmo o divórcio (??????????) e o casamento gay?

E porque é que salienta tanto a "sociedade judaico-cristã"? As pessoas têm o direito de não concordar com essa definição, sabe?