05 junho 2008

SAP, SAC e saco cheio

Reservo para mais tarde uma intervenção acerca do fecho do Serviço de Atendimento Permanente do Centro de Saúde de Alcochete, quando tiver necessidade de avaliar se o novíssimo Serviço de Atendimento Complementar (SAC) funciona melhor ou pior que o extinto Serviço de Atendimento Permanente (SAP).
Por experiência própria sei que, em tempos, o SAP de Alcochete foi útil e eficaz. Mas ultimamente andava doente e, como tanta coisa nesta terra, funcionava devagar, devagarinho e parado. Há cerca de três meses esperei quatro horas para ser atendido!
Ontem, ao ler a última edição do jornal local, quase chegava à conclusão que na vila de Alcochete existem dois centros de saúde.
Sou assíduo utente de um situado na Rua Capitão Salgueiro Maia, mas o vereador José Inocêncio sê-lo-á de outro, cuja localização exacta desconheço nem consta de qualquer roteiro oficial ou oficioso.
Segundo o tal jornal – que coloca aspas na citação, significando isso que a transcreve – o referido vereador disse ou escreveu o seguinte, a propósito do fecho do SAP local: "...no SAP de Alcochete, onde na maioria das vezes são atendidas uma ou duas pessoas por noite, isso corresponde a um desperdício de um médico”.
Pode o inconfundível ex-presidente do Município de Alcochete esclarecer-me acerca da localização do SAP que atendia "uma ou duas pessoas por noite"?
O da Av.ª dos Barris não era, seguramente, porque há muitos anos encerrava pelas 20h e a última inscrição era aceite até às 19h.
A menos que alguns privilegiados ali tivessem médico e atendimento especial pela calada da noite, há aqui qualquer coisa que não bate certo.
Suspeito que o vereador anda um pouco confundido ou que o problema seja de castas.
Hoje em dia, os portugueses dividem-se em três castas: os que têm ADSE e os que têm e não têm seguro de saúde.
As duas primeiras castas beneficiam de atendimento rápido e permanente, em serviços clínicos catitas da capital.
A terceira espera horas no SNS e a ninguém incomoda o seu triste penar, porque é desperdício ter direito a médico de serviço permanente.
Nem me custa a crer que alguns pensarão ser mais conveniente ao orçamento do Estado subsidiar o cangalheiro, tão depressa quanto possível, porque a casta inferior é, maioritariamente, composta por velhos e estropiados.

Depreendo da declaração atribuída ao vereador que ele pertencerá a uma das castas superiores e, se alguma vez entrou no edifício da Rua Capitão Salgueiro Maia, terá sido para aquilo a que o povo chama "visita de médico".

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