02 maio 2008

Metonímia e alienação


Quando o alienado afirma que ser de direita é ser fascista está a recorrer, sem que tenha a mínima consciência das próprias palavras, a um processo metonímico.
Metonímia (gr. meta, mudança; ónyma, nome), para ser simultaneamente simples e rigoroso, é uma figura de retórica que emprega um nome por outro. Por exemplo, na frase "dá-me um porto", o nome da bebida está pelo do lugar de origem.
A origem do fascismo a partir de 1919 em Itália (exaltação e sacralização da Nação considerada o valor supremo na ordem política) deve procurar-se na urgência do combate ao comunismo.
As ideias fascistas definem-se pela rejeição do liberalismo tradiconal, pela condenação das instituições e das práticas da democracia parlamentar assente nos vários partidos, pela abolição das liberdades individuais, etc. Assim, o fascismo aparece como recusa sistemática à ordem política, económica e social que tinha sido progressivamente instaurada ao longo do séc. XIX na maior parte das sociedades ocidentais.
Vê-se então que o fascismo atacava o comunismo com armas iguais às deste, pois as doutrinas do primeiro e as práticas do segundo tinham de comum a vontade de instaurar um Estado forte cuja autoridade prevalecesse sobre os direitos e liberdades das pessoas.
Aqui chegado, pergunto: o que é que isto tudo tem a ver com a direita política? Obviamente que nada.
Logo, na asserção 'ser de direita é ser fascista' há uma manifesta mudança de nome que visa abolir a realidade cujo estatuto passa para a própria figura de estilo, impor a confusão, instalar o medo, dominar pela alienação.

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