No fundo, todas as palavras têm uma carga simbólica porque são bandeirinhas que remetem para conceitos como uma bandeira nacional remete para o conceito de pátria.
O termo alcochetanidade, património de todos mas cuja paternidade me pertence, é símbolo de um objecto mental que alude a traços marcantes da micro-cultura alcochetana.
Dizem que os mesmos traços se encontram nas populações da Moita ou de Vila Franca. A minha exigência de pensamento rigoroso diz-me que não é assim. As diferenças entre duas terras são tão abissais como entre duas pessoas. Cada uma destas é única e irrepetível.
Mas o que dá mais peso ao conceito de alcochetanidade é esta plêiade de poetas, pintores, artesãos, fadistas e guitarristas de Alcochete que não sei se encontra paralelo nos concelhos da margem sul do Tejo.
ALCOCHETANIDADE
Minha terra, Alcochete, a tradição
É valor sacrossanto para gente
Hospitaleira e sã de coração,
Capaz dum sacrifício boamente.
Vem depois o valor da forcadagem,
Abraço firme de homem e animal,
Pintura, poesia e fadistagem
Deste lindo rincão de Portugal.
Defender a cultura do terrunho
Será tarefa dura nesta era,
Mas deste meu fazer não me acabrunho.
O poema diz, eu sei, valer a espera.
Que cada homem leve o próprio cunho
Ao grande encontro sob a face vera!
João Marafuga
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