06 dezembro 2006

Símbolos (1)

Imaginem, caros amigos, que eu chego aqui e digo: os comunistas são uns mentirosos. Eis uma proposição para um juízo que não é minimamente produtivo porque se trata de um facto.
Os factos, por si só, não mudam nada se não forem trespassados pela verticalidade do símbolo. Só quando este se instala no imaginário colectivo, acolhemos umas coisas, desprezamos outras.
Afirmar simplesmente que os comunistas são mentirosos porque na última campanha eleitoral nesta terra de Alcochete fizeram inúmeras promessas apenas para a caça ao voto deixa tudo como está.
Mas suponham que a luta é levada a cabo através de outro tipo de registo. O poema, por exemplo! Aqui tudo muda de figura porque o objecto artístico tem o condão de dar vida ou morte a símbolos, estruturas complexas que mexem com o ser de cada um.

NINHO

Alcochete, o meu ninho,
Do salineiro e do moço
De forcado e do campino,
De entre nós artreda o fosso.

O valor da tradição,
Da Senhora da Vida
E também da Conceição,
Tu mantém, minha querida.

João Batista o padroeiro,
Tua festa grandiosa
De Agosto dia certeiro,
Guarda sempre mui zelosa.

A família o teu escudo,
Todo o povo o fortim.
Não consintas abelhudo
Que não veja isto assim.

João Marafuga

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