01 dezembro 2006

Índios e 'cowboys'


Na política local a realidade e a ficção estão a anos-luz.
Nos programas e nas campanhas eleitorais promete-se melhoria do bem-estar, desenvolvimento sustentado, uma sociedade mais justa e equilibrada, gestão participada e muito mais, mas a prática demonstra serem promessas vãs.

Passado o período da caça ao voto, uns metem a viola no saco, outros hibernam até à eleição seguinte e os do poder governam e governam-se com rédea solta.
Vem isto a propósito do chamado bairro da Coophabital, situado entre o quartel dos bombeiros, o centro de saúde, a piscina e o pavilhão gimnodesportivo de Alcochete.
O arquitecto que o concebeu teve o cuidado de humanizar o espaço, criando várias áreas de convívio e lazer.
Mas o que se observa – e as imagens acima evidenciam – é que, em cinco anos, pelo menos (um mandato autárquico inteiro e um ano após a chegada do sucessor), ninguém mexeu um dedo para remendar aquela vergonha.

A praça interior situada entre as ruas do Salineiro, da Cooperação, dos Fundadores e da Liberdade, onde existe um arrremedo de parque infantil, foi quase integralmente empedrada e transformada num dos espaços mais frios e desumanos do concelho, espelhando absoluto desprezo por miúdos e graúdos.
Conforme é patente nas três imagens superiores, a pouca vegetação existente nos canteiros foi, visivelmente, obra dos próprios moradores.

No bloco oposto, perto do qual existe um polidesportivo (repare nas duas imagens do meio), a situação é ainda pior: os canteiros estão abandonados e a erva cresce livremente. Talvez por isso, alguém resolveu escrever numa parede frase que possivelmente exprime a frustração destes munícipes.
As três imagens inferiores referem-se ao estado de outro espaço abandonado, situado no prolongamento das ruas Virgílio Martinho e dos Fundadores. Está assim há anos.
Quando reparo nestas coisas, percebo por que as pessoas votam os autarcas ao desprezo. Não merecem outra coisa, de facto.

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