11 agosto 2006

Variações sobre a variante


Afinal, mais depressa do que supunha deram-me motivos para voltar a escrever sobre a variante.
Apressadamente, porque nem todos os semáforos funcionam(!), a segunda fase da variante urbana de Alcochete abriu hoje ao tráfego. De automóveis sobretudo, porque a de peões é problemática.
Por um lado, por não ter havido espaço para passeios contínuos, em ambos os lados, nomeadamente entre as rotundas do Cerradinho da Praia e dos Barris. Por outro, porque nas áreas adjacentes à urbanização dos Barris falta acabar caminhos de circulação pedonal.
Talvez a maioria dos moradores desta urbanização possa, finalmente, voltar a viver em paz e sossego, porque os do Alto do Castelo e da Coophabital nunca mais terão nem uma coisa nem outra.
Descreio do retorno à serenidade mesmo nos Barris, porque os automobilistas odeiam semáforos e muito mais os de radar, fugindo deles sempre que podem.
Planeada em finais da década de 90 mas com construção iniciada apenas em Março de 2004, a segunda fase da suposta variante representa enorme risco para peões. Embora prometida, a passagem pedonal elevada entre o Centro de Saúde e o acesso à Escola Secundária acabaria por ser abandonada. Em seu lugar aparecem semáforos alimentados a energia solar e comandados por radares de velocidade e botões accionados pelos peões.
A alternativa é arriscada e, ao contrário dos actuais autarcas, oxalá peões e automobilistas revelem consciência dos riscos.
Ao separar bairros em que habitam alguns milhares de pessoas, aquilo a que chamam variante – embora nada mais seja que uma avenida parida precipitadamente, como se o mundo acabasse amanhã – prejudica o acesso seguro a duas escolas, ao Centro de Saúde, a dois pavilhões gimnodesportivos e à piscina municipal, pelo menos.
Se ocorrerem fatalidades alguém na câmara fugirá a responsabilidades, mas tenho posição oposta. A principal demonstração de sabedoria dos políticos é anteciparem-se aos problemas e, infelizmente, os semáforos são panaceia para alguns problemas facilmente previsíveis.
Espero, sinceramente, estar enganado nestas previsões. Mas já observei hoje o suficiente para pensar que não. Temo o pior, sobretudo quando as aulas reabrirem.
Abordo, enfim, a justificação para as três imagens acima (click sobre elas para ver ampliação).
As duas primeiras reproduzem sinalização vertical implantada entre a Av.ª Dr. José Grilo Evangelista e o depósito de água e à entrada da estrada da Atalaia junto à vedação da Escola El-Rei D. Manuel I. Ambas apontam para uma via inexistente, conforme demonstro na imagem inferior.
Destinando-se esta sinalização sobretudo a orientar forasteiros, parece-me anedótico recomendar-lhes que circulem a corta-mato para atingir o IC3, a A12 e a ponte Vasco da Gama!
Esta sinalização é disparatada e convém remediar depressa o erro, ocultando as indicações prematuras, dado que a futura via não está sequer planificada nem houve ainda concurso público para a sua construção.
Já agora, chamo a sua atenção para as absurdas dimensões do painel vertical plantado junto à vedação da escola (imagem do meio). Mamarrachos idênticos só existem em vias de circulação a alta velocidade, como auto-estradas. No interior de uma localidade, junto a um dos cruzamentos mais movimentados da vila de Alcochete, uma monstruosidade daquelas revela enorme falta de senso e é atentado à paisagem urbana.
Substitua-se aquilo depressa e devolva-se ao local original o velho loureiro desaparecido para parte incerta, o qual não tem culpa alguma da mania das grandezas de certas "mentes brilhantes"!

P.S. – Pode ser coincidência mas segunda-feira, 14 de Agosto, apareceram ocultadas as indicações prematuras na sinalização vertical mencionada no final deste texto.

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