23 agosto 2006

Abortismo, comunismo e contradições

É consabido que o comunismo está visceralmente contra a propriedade privada. Se alguém tiver dúvidas, consulte na Internet o Manifesto Comunista (1848) de Marx e Engels. Trata-se de um texto pequeno mas suficiente para nos apercebermos de uma das vertentes ideológicas mais abjectas da História da Humanidade.
Dir-me-ão que eu nem sempre pensei assim. Respondo que nunca ocultei a ninguém as minhas ilusões de esquerda ao longo de um período dilatado da minha vida, hoje causa de vergonha para mim, embora creia honestamente que a minha geração tem atenuantes sem querer evadir-me das minhas responsabilidades. Foi, sobretudo, a análise constante da política local que me ajudou a enfiar todas essas ilusões no contentor do lixo.
Lixo são os argumentos repugnantes dos comunistas a favor do movimento abortista. Então agora o corpo já é propriedade do indivíduo? Se o corpo pertence a cada um como cada um pertence a Deus, podemos partir filosoficamente daí para legitimar a propriedade privada: tal como o corpo é inseparável de mim e me prolonga, a minha propriedade é prolongamento do meu corpo. Assim, defendo de qualquer agressão o que é meu com a mesma legitimidade que defendo o meu corpo. Vê-se, nesta conformidade, que o direito à propriedade radica no direito natural.
Meus caros senhores comunistas, vos pergunto eu: no que ficamos? Por que não dizeis abertamente à cidade e ao mundo que, muito longe da nobre intenção de ajudar as mulheres, o vosso alvo oculto é o controlo demográgico à escala planetária? Por um lado acusais o capitalismo de produzir excedentes a montes e por outro afirmais que os recursos alimentares são cada vez mais escassos para uma população global em contínuo aumento.
Quem não vos conhecer que vos compre.

1 comentário:

Anónimo disse...

A melhor forma de "ajudar as mulheres" é sem dúvida a da Educação para a Sexualidade.
Por outro lado, terá de existir uma boa política, de forma a favorecer a conciliação entre o trabalho dos pais e o desenvolvimento saudável e harmonioso das crianças, aliada a propostas concretas relativas à informação, às políticas do quadro de vida, à gestão das horas de trabalho, ao urbanismo e habitação , sem esquecer o real custo de um filho para uma família. O direito ao aborto é uma forma de tapar os olhos ao Zé Povinho... Só temos direito a alguma coisa, quando temos a informação e os meios necessários nas nossas mãos para podermos decidir o caminho a seguir.