Esta manhã, numa esplanada dos Barris, estava a ler o "Editorial" do sr. Presidente da Câmara de Alcochete, Dr. Luís Franco, patente na edição especial do Boletim Municipal, parecendo-me, até com alguma surpresa minha, que a escrita ia deslizando razoavelmente bem.
Eis senão quando chego ao penúltimo parágrafo ( a bem dizer o último porque este é curtíssimo) e levo com um balde de água fria em cima, uma vez que, diz o Presidente, «...o arrear das bandeiras e o fogo de artifício, que sublinham o final das mesmas [as Festas], inculcarão nos nossos corações um sentimento de profundo e estéril vazio». Ora as coisas não são assim porque se assim fossem as festas não serviriam para nada.
Em termos antropológicos, a festa visa assegurar a coesão das comunidades e revigorar as forças para o novo ano de trabalho. Portanto, as palavras desprevenidas do jovem Dr. Luís Franco procedem de uma manifesta imaturidade cultural.
Para mim, que vivo de analisar textos, o que está subjacente ao pessimismo do edil é o desejo oculto de pôr termo abrupto à alegria das pessoas: vocês divertiram-se, mas pronto, acabou-se, aí está o mundo negro, ide ao inferno das vossas vidas e desamparai-me a loja que nesta mando eu.
Os meus leitores achar-me-ão cruel, mas garanto a todos que tenho mais razão nas minhas palavras do que muitos possam imaginar. Escrevo o que escrevo não levado por humores mas por estudos especializados que me fazem ver o que - com sofrimento meu - escapa à maioria.
O que não parece, muitas vezes é.
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