O nosso prezado visitante Olavo Sousa enviou o texto que passo a transcrever, dirigido ao meu companheiro de blogue João Marafuga:
Tenho lido com maior ou menor interesse, de acordo com os respectivos assuntos, os seus textos e tenho mantido o silêncio quer concorde ou discorde de si, mas agora atingi o meu limite e quero expressar não só a minha indignação mas também a minha interpretação dos factos. Desde já o autorizo a usar este texto ou as opiniões nele expressas.
Presentemente, e de há muitos anos a esta parte, não estou ligado a nenhum partido político nem sou contra nenhum. Mesmo quando exerci actividade política, quer a nível local quer a nível profissional, nunca estive numa oposição primária a qualquer partido, movimento ou ideologia. Relativamente ao partido político a que pertenci e no qual militei, orgulho-me de ter sempre mantido um espírito crítico que me levou muitas vezes a discordar das suas políticas e posições oficiais.
Defendo intransigentemente que as ideias são para ser postas ao serviço do homem e não para se servirem dele e, também por isso, sou irredutivelmente contra qualquer forma de fundamentalismo político ou religioso. Sou um indivíduo pacífico e tolerante mas que dificilmente consegue calar a revolta perante a desonestidade sobretudo a do poder instituido.
Não sou natural de Alcochete, vila que só conheci tardiamente na minha vida mas que adoro sem dúvida muito mais do que muitos aqui nascidos e que por imposições e cegueira ideológia e muitas vezes também por desonestidade estão dispostos a sacrificá-la.
Não tenho razão? Então como explicar o "aborto" arquitectónico que rouba a margem do rio a Alcochete, em frente à fábrica da cortiça? Que a amor à vila justifica tal autorização? Este "ultraje" chamou de imediato a minha atenção desde a primeira vez que me confrontei com ele, numa altura em que estava completamente afastado do meu horizonte o vir residir aqui.
Nunca poderia imaginar que um executivo camarário de um partido dito de esquerda tivesse autorizado tal privilégio no gozo da margem do rio que, de certo modo, me faz lembrar as "capitalistas" praias privativas. Foi pois com surpresa que, perante tal "aborto" fui esclarecido de que se tratava de uma câmara com um executivo de esquerda. Hoje conheço mais situações que me surpreendem mas nunca nenhuma teve o impacto daquela.
É óbvio que nem tudo foi mau e há muito de meritório na obra de vinte e tal anos da Câmara de Alcochete sob o domínio da "esquerda".
Presentemente e após um interregno de 4 anos para um partido dito Socialista, esta esquerda volta a "apoderar-se" da Câmara de Alcochete e curiosamente com o contributo de um um golpe da maior desonestidade política como foi a divulgação, a 48 horas das eleições autárquicas, por uma entidade que deveria ser responsável, de um panfleto em que, a coberto da explicação do contencioso à volta da construção da nova biblioteca se fazem denúncias ao executivo camarário ainda em funções, denúncias essas que nada tinham a ver com o referido contencioso e publicadas numa altura em que já não davam hipótese de resposta.
A quem achar que estou errado, pergunto apenas se aceitarão como honesta uma atitude idêntica de qualquer partido nas próximas eleições e contra o actual executivo? Certamente que acham que não porque a "superioridade moral dos comunistas" lhes dá direitos que os outros não merecem. Certamente que acham que não porque a linha política que apoia o actual executivo camarário não comete erros nem ilegalidades que permitam idênticas acusações.
Acho que agora se pode compreender facilmente porque penso o que penso e cheguei às conclusões a que cheguei sobre os 61 postos de trabalho criados na Câmara de Alcochete.
A culpa não é do actual executivo mas do anterior. Passo a explicar: Se não tem havido o "roubo do poder" pelo Partido Socialista, certamente esta medida não teria qualquer justificação. Para quê sobrecarregar a Câmara que tem problemas financeiros com estes novos salários? Durante os vinte a tal anos de poder nunca repararam que os quadros da Câmara eram insuficientes?
Talvez o não fossem mas se o eram, então houve vinte e tal anos de incompetência do executivo camarário que nem soube aproveitar alguns tempos de "vacas gordas" para criar os quadros necessários para um cabal desempenho das suas missões.
Se, de facto, durante aqueles vinte e tal anos, não era necessário um quadro de pessoal actualizado e só agora surge essa necessidade, então certamente isso deve-se a que o executivo do Partido Socialista fez tanto por Alcochete que agora o município é muito mais importante e se torna necessário este aumento dos efectivos camarários. Infelizmente isto coincide com uma altura de crise nacional o que torna tudo ainda mais estranho.
Independentemente de tudo o mais e das possíveis explicações é inapelavelmente desonesto que o executivo Camarário não dê qualquer explicação aos municipes antes do encerramento do concurso e que no site da Câmara apenas se dê enfase a "garantir a gestão integrada dos recursos humanos" e "desenvolver e difundir uma política de gestão integrada dos recursos humanos". Será que vão admitir pessoal para gerir o pessoal?
Durante os vinte e tal anos em que a Câmara de Alcochete foi propriedade da tal esquerda, não se tinha instalado qualquer receio tanto mais que a nossa democracia defende a propriedade privada e nada faria supor que a Câmara de Alcochete assumida como sua propriedade pela tal esquerda pudesse vir a ser "abusivamente" ocupada por outros donos.
Parece mentira mas a verdade é que os Socialistas ocuparam a Câmara e então instalou-se o terror e agora, depois de reposto o "dono" legítimo, com algumas ajudinhas inocentes, como tive oportunidade de referir, houve que pensar em tomar providências e acautelar o futuro.
A tal esquerda, exactamente a mesmíssima esquerda, com uma fachada ligeiramente diferente, na minha opinião destinada a enganar os eleitores traidores que tinham viabilizado o abuso do Partido Socialista, encontrou a solução reforçando em 61 elementos a equipe municipal.
Tal número permite certamente "pôr na prateleira" qualquer elemento menos "devoto" ou ortodoxo e garante seguramente uma minagem completa dos serviços da Câmara, saturando-os de gente de sua confiança.
Assim, na remota hipótese de o partido "dono" da Câmara voltar a ser vítima de qualquer atentado aos seus direitos, a Câmara continuará a ser sua, não nominal mas realmente, com um excelente exército irregular de agentes perfeitamente capazes e preparados para sabotar o trabalho e esforço de possíveis ocupantes.
Para quem não percebeu bem, isto é uma forma de terrorismo que agora se quer instalar em Alcochete mas que há uns anos se pretendeu estender a todo o País.
Gostaria de saber o que pensaria a tal esquerda se idêntica atitude tivesse sido tomada pelo anterior executivo Socialista que, pelo menos, o teria feito numa altura em que a palavra de ordem não era, como agora, reduzir o número de funcionários públicos.
Pobre vila de Alcochete.
Pobre população de Alcochete a quem se aplica que "não há pior cegueira do que a dos que não querem ver".
Pobre vila de Alcochete que merecia poder progredir, guiada por alguém que a ame, com vista a um futuro melhor.
Quero ainda dar um grito de revolta. Ao consultar o site da Câmara para me documentar sobre o assunto desta mensagem, verifiquei que o restaurante escolhido para representar o Município de Alcochete no Concurso Regional de Gastronomia da Costa Azul 2006, que decorre até 15 de Agosto próximo, é, apenas por mero acaso, propriedade de um familiar (suponho que irmã) do antigo Presidente da Câmara, não o do Partido Socialista evidentemente.
Seria demasiada curiosidade saber como foi feita a escolha. Conheço o restaurante mas também conheço outros que, na minha modesta opinião, representariam muito melhor Alcochete e talvez fossem capazes de prestigiar a Vila. Se todos os outros concorrentes forem péssimos, talvez Alcochete ganhe porque o restaurante até é bonzinho.
Infelizmente, tenho a certeza de que estas palavras não vão ajudar a resolver nada porque se esmagam contra a prepotência de um poder com desígnios inconfessáveis. Seria para mim gratificante se soubesse que este grito seria capaz de acordar alguém para se juntar a um pequeno exército de boa vontade decidido a lutar por Alcochete e pelo seu Povo.
Parece-me necessário tocar a reunir, para defender o que é propriedade colectiva e alguns tentam usurpar.
Volto a recordar que as autarquias são geridas por cidadãos em representação dos eleitores. É a estes que os detentores de cargos devem obediência e não a interesses sindicais ou partidários.
As festas são um bom momento para encontros e diálogos de cidadania activa. Aproveitem-nas bem. É a hora!
Até por isso este texto é oportuno. Parabéns ao autor.
4 comentários:
Insisto e re-insisto: há alguém em Alcochete para "acordar"?...
A resposta é óbvia: NÃO!
Recomendo a leitura de "O Triunfo dos Porcos" de G. Orwell
Eu já li esse livro, meu caro colega Ribeiro! Para mim, foi o primeiro tocar de sinos relativamente ao comunismo.
Depois da leitura dessa obra, eu ainda teria que fazer um longo percurso para me ver livre de toda a intoxicação das esquerdas.
Pois coloquem a quinta - cenário do livro em Alcochete! Que acham? E a propósito do título desta posta, retorno: Há alguém em Alcochete para "acordar"?
Ribeiro, o trabalho dos comunistas, em qualquer parte do mundo que se encontrem, é narcotizar as pessoas de forma que estas jamais possam acordar.
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