Recomendo a leitura desta notícia publicada na edição electrónica do JN.
Por ser utente regular do Centro de Saúde de Alcochete deixo aqui o meu testemunho.
Conforme mapa estatístico visível em várias salas e corredores desse centro, embora a população do concelho tenha aumentado em 50% desde 1999 o quadro de médicos e de pessoal administrativo diminuiu significativamente.
Se houvesse intervenção e empenho da comunidade alcochetana na solução dos seus principais problemas talvez este assunto estivesse resolvido há muito, porque o caso não é recente nem da esfera do munícipio. Só aos serviços do Ministério da Saúde compete corrigir os mecanismos de funcionamento e dotar o centro dos meios humanos suficientes para atender a população.
Como a maioria dos alcochetanos se alheia destas e outras coisas importantes, muito por culpa das péssimas lideranças políticas existentes – existirão? – os problemas avolumam-se.
Há muito que uma comissão de utentes, por exemplo, deveria ter metido o dedo no assunto, confrontando a administração regional de saúde com esta realidade: sendo muito maior a afluência e cada vez menos os meios humanos disponíveis o centro de saúde tende a funcionar pior.
Parece-me que no Centro de Saúde de Alcochete algumas coisas correriam melhor se houvesse um grupo de voluntários a orientar os passos dos utentes, nomeadamente dos idosos, menos exigentes e reivindicativos mas indiscutivelmente carentes de atenção especial.
À data da inauguração (salvo erro em 1998) o centro tinha condições para ser modelar, mas nunca funcionou a 100% e hoje começa a parecer a aldeia da barafunda, onde todos ralham e têm razão mas pecam por serem incapazes de se organizar para tentar resolver os problemas.
Tenho assistido a frequentes cenas caricatas, nomeadamente a altercações entre funcionários e utentes, uns e outros impacientes porque as coisas vão de mal a pior.
Sobretudo administrativamente desorganizadas, em meu entender, porque as informações variam consoante o funcionário e assim ninguém se entende. Por vezes parece-me até que as facilidades dependem do utente ser ou não conhecido do funcionário, mas essa é outra história.
Também os médicos são pressionados pela quantidade de utentes que têm de atender diariamente e a qualidade do atendimento tende a piorar. A observação da ficha clínica, o diálogo e o estetoscópio cedem lugar à caneta e ao bloco de receitas.
O sistema de marcação de consultas é do mais retrógrado que conheço. Numa era de comunicação electrónica não entendo a necessidade da deslocação para esse efeito. Muito menos às 06h00 ou 07h00 da manhã para ser atendido às 12h00; ou às 14h00 para atendimento raramente anterior às 18h00 ou 19h00.
Tenho conversado com gente que se levanta às 06h00 da manhã e, por falta de transporte, abanca no centro de saúde todo o dia. Alguns saem de lá às 17h00 ou 18h00, obviamente fartos de tudo e de todos.
Há necessidade disto em 2006, em Portugal, caros alcochetanos? E estão à espera que na câmara vos resolvam o problema?
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