Na sequência dos comentários pertinentes já expostos pelos autores Fonseca Bastos e Luís Proença venho, sobre o mesmo tema, tecer algumas considerações.
As empresas que constituem o Pólo Logístico encontram-se geograficamente próximas, actuam no mesmo sector de actividade pelo que poderia admitir-se a cooperação entre as mesmas. Nesse pressuposto poderia ainda ser teorizado o funcionamento, entre os actores empresariais de uma partilha de recursos, a acumulação de tarefas complementares, o estabelecimento de canais de comunicação formais e informais com vista à criação de um network integrado.
Poderia à primeira vista classificar-se o conjunto das empresas sediadas no Pólo Logístico como um aglomerado, um micro cluster ou um cluster local.
Contudo, parece faltar ao conjunto dessas empresas as características essenciais distintivas para que mereçam tal denominação: a actividade económica não é de cariz industrial mas ligada ao transporte de mercadorias, não são dotadas de recursos humanos qualificados susceptíveis de serem partilhados, as empresas não assentam num sistema de inovação integrador da definição da base tecnológica.
Não se percebe quais as vantagens da união e de como esta pode potenciar ganhos de proximidade e escala com reflexos na cadeia de valor, ou atrair investimento directo estrangeiro significativo.
Apesar das intenções voluntaristas que o executivo municipal acaba de manifestar a emergência destes aglomerados de empresas surge em regra naturalmente sem necessitar de tutelas das autoridades públicas, embora seja salutar que estas actuem no sentido de remover eventuais falhas nos sistemas de cooperação já criados entre as empresas.
Outra ameaça impende sobre a natureza da actividade desenvolvida na logística do transporte de mercadorias – a sua viabilidade é extremamente dependente do preço do combustível, um produto derivado dos combustíveis fósseis.
O jornal “Expresso” aborda, na sua penúltima edição, o tema do beco sem saída em que se encontra a civilização do petróleo, a perturbação dos mercados financeiros e também num artigo com o título “A caminho dos 100 dólares”o problema do pico da produção global de petróleo, a estagnação da oferta e a pressão com que a China impulsionou a procura.
Por exemplo, no último mês a procura por parte da China cresceu 40% em relação a mês idêntico do ano passado. Até 2010 poderão faltar no mercado 2,5 milhões de barris por dia. Por agora, o preço do crude acabou por ser fixado no máximo histórico dos 83 dólares. Parafraseando o ex-secretário de Estado Schlesinger por enquanto os políticos andam muito distraídos.
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