Em 2006 existiam em Alcochete 3761 pensionistas, para uma população residente estimada em 3890 cidadãos com idade superior a 65 anos. Em 1998 eram oficialmente estimados apenas 1550 residentes na mesma faixa etária, embora, surpreendentemente, o número de pensionistas fosse superior em mais do dobro à desses residentes.
Desde 1998 tem havido oscilações no número de pensionistas, entre o máximo de 3940 (em 2005) e o mínimo de 3566 (em 1998). Não há dados que permitam compreender as causas da redução apreciável de 2005 para 2006: de 3940 para 3761 pensionistas.
Importante é ter presente que, na actualidade, haverá cerca 4000 alcochetanos residentes com mais de 65 anos de idade, dos quais à roda de 1400 terão mais de 75 anos.
É sabido que a maior parte dessa população tende a viver em isolamento. E aos maiores de 75 anos acresce o problema da dependência crescente.
Refiro estes números para apelar a uma reflexão séria de potenciais candidatos aos órgãos das autarquias locais do concelho, aos quais me parece recomendável o estudo de soluções que minimizem o isolamento e a dependência dos idosos, especialmente dos que vivem sozinhos. E destes nem se conhecem sequer números aproximados, se é que alguma vez foi feito tal levantamento.
Não houve no passado recente – e muito menos existe no presente – uma política social adequada de apoio à população idosa, ajudando-a a matar o tempo e a resolver pequenos problemas domésticos que afectam o bem-estar e a idade impede de solucionar.
Muitas dessas pessoas terão ainda suficientes capacidades de locomoção e de raciocínio, cultura e conhecimentos técnico-profissionais para o desempenho de pequenas tarefas em autarquias, nas empresas, em colectividades e instituições de índole social.
Julgo ser ilógico que muita gente ainda útil continue por aí em bancos de jardim ou, o que se me afigura pior, viva isolada entre quatro paredes.
Há anos que os autarcas se revelam pouco atentos ao fenómeno. Basta notar que, a 25 metros da porta dos Paços do Concelho, os bancos existentes no pequeno e descuidado jardim do Largo de São João são extremamemente incómodos. Estão ali há uma década, pelo menos.
No entanto, em 2005 todos os programas eleitorais para as autarquias de Alcochete continham inúmeras referências directas ou indirectas aos idosos e seu bem-estar. Em 2001 idem e em 1997 também.
Que se fez de então para cá? Nada, absolutamente nada, excepto o costume: o poder dedica-se à caridadezinha dos passeios, dos almoços e das festas. Tão errado como tentar confiná-los a centros de dia, a centros de reformados ou o que queiram chamar a esses depósitos desumanos.
É urgente preencher, utilmente, o tempo e o vazio dos idosos, para que as mentes se mantenham activas e saudáveis e os corpos não caminhem, invariavelmente, para os postos de saúde, em busca de alívios que pouco têm a ver com a medicina porque derivam do isolamento e do desinteresse da sociedade.
No Centro de Saúde de Alcochete deparo com idosos que vão para lá ao raiar do dia, mesmo que a consulta esteja marcada para muitas horas depois, por dois motivos essenciais: falta de transporte e oportunidade de cavaquear com quem está.
Creio que para ambos os motivos há soluções alternativas, ao alcance do orçamento municipal, se os candidatos a autarcas fizerem bem o trabalho de casa e se, em vez de promessas vagas, calendarizarem acções concretas nos primeiros 100 dias de mandato.
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