Há inúmeras matérias a exigir estudo atento a potenciais candidatos a futuros autarcas de Alcochete. Eles terão de preparar respostas para problemas preocupantes. Para a abstenção não ser superior a 50% deverão apresentar planos de acção detalhados e calendarizados, e de transmitir confiança, porque de promessas está o inferno cheio.
Abordo hoje a reorganização dos serviços municipais, matéria do interesse geral porque a todos se exige o dinheiro necessário para pagar a quem os mantém.
As soluções devem ser postas em prática no início ou no primeiro ano de mandato e nunca no final, sendo imprescindível acompanhá-las de boa informação interna e externa.
São necessárias reformas urgentes e realistas na organização municipal. Notícias como esta e esta, por exemplo, relevam um contexto socioeconómico extremamente desfavorável.
Num tal contexto parece-me impensável que, sendo a oferta de habitação nova e usada visivelmente superior à procura, cerca de metade das receitas municipais continuem dependentes do imobiliário.
Recordo que os últimos dados estatísticos conhecidos, respeitantes a 2005, revelam que as receitas do Município de Alcochete cobriram apenas 97,4% das despesas e que a taxa de despesas com pessoal municipal em função das receitas era de 47,91% – a mais elevada da península de Setúbal! – pese embora cada residente contribuísse já com a significativa verba de 776€ (cerca de 155 contos em moeda antiga) para as receitas da autarquia.
Este panorama é pouco lisonjeiro e não recomenda uma estrutura de serviços crescentemente pesada, compartimentada e burocratizada. A eficácia, a eficiência e a celeridade na prestação de serviços à população só se conseguirá com menos câmara e melhor câmara: diminuição dos níveis hierárquicos, flexibilização dos processos de decisão, inovadores estilos de gestão.
Tem de haver lucidez e compreensão acerca das condições do meio envolvente (o país, a região, o concelho), que continuam em mutação acelerada. Não readaptar a organização administrativa ao novo ambiente significa incumprimento de compromissos, aceleração da degradação e risco crescente de insolvabilidade.
As empresas estão, há anos, a emagrecer estruturas e hierarquias, a reduzir pessoal, a agilizar processos de decisão e a contratar serviços externos para executar tarefas rotineiras. No país e no mundo concentram-se serviços para enfrentar as crises e sobreviver sem riscos.
Jamais o desejo de dominação partidária poderá justificar que na organização administrativa se ampliem estruturas funcionais no topo da pirâmide hierárquica.
8 comentários:
Sr. Bastos, gostei do seu texto "Realidades e fantasias", mas não vejo em Alcochete quem torne as ideias expressas nele exequíveis.
O partido comunista não pode levar à prática o que é dito no texto porque o mesmo não se enquadra na ideologia marxista. Se os comunistas levassem a sério o seu discurso, automaticamente deixariam de ser comunistas.
Também não podemos esperar consecução do que o sr. Bastos defende no artigo por parte dos dissidentes partidários que se perfilam a formar uma lista independente. Esses ex-militantes de partidos políticos têm projectos individuais de poder à revelia dos lídimos interesses das populações. Sei quem eles são e se avançarem, denunciá-los-ei na altura própria.
Os que se posicionam para a tomada do PS local com manifestos objectivos sobre as eleições autárquicas do próximo ano são mais do mesmo, razão por que não poderão merecer qualquer credibilidade dos eleitores.
É preciso um homem sério disposto a renunciar ao interesse particular e colocar-se ao SERVIÇO das populações, recebendo ao fim do mês apenas e só o que a lei estipula. Esse homem não poderá aproveitar a proeminência do cargo público obtido através da confiança dos votantes para fins particulares. Se o fizer é traidor e ladrão.
Eu só poderia ser útil no domínio da Cultura e inserido num projecto de direita porque eu sou um homem de direita finalmente reencontrado com as raízes dos meus maiores. Essas raízes têm a ver com o respeito pelo Cristianismo, pela tradição, pelas liberdades individuais, pela família, pela propriedade privada, pela livre iniciativa, etc., enfim, com o respeito por todos os princípios e valores que fundamentam a Civilização Ocidental Judaico Cristã.
Recomendo-lhe alguma contenção discursiva porque qualquer partido tem condições para revelar alguém que corresponda ao perfil por si traçado.
E o perfil pouco significa. Falta conhecer o conteúdo programático da candidatura e os nomes subsequentes na lista.
Aliás, conviria conhecer primeiro o programa e depois os seus executores, sejam estes independentes ou propostos por partidos.
Presumo que não excluirá liminarmente as senhoras do sistema político local.
Como? Usar de "contenção discursiva" para quem faz o mal em nome do bem? Para quem quer minar os alicerces de tudo o que fizeram os nossos pais e avós? Para quem adultera religião, cultura, desporto, etc.? Para quem quer impor uma nova ordem mundial? Julga o sr. Bastos que os comunistas de Alcochete e de Portugal são diferentes dos de todo o mundo? Se não nos erguermos hoje resolutos contra os projectos dos comunistas, ninguém julgue que amanhã seremos poupados pelo bom coração deles. Contemporizar com os comunistas é aceitar a derrota e colaborar num mundo de escravidão material e espiritual para os nossos filhos e netos. Aqui não há confusões: o comunista está do lado de lá, eu estou do lado de cá. Entre mim e o comunista não há diálogo, só a força da lei para ele e eu usufruirmos do direito à vida. Por estas afirmações não deixo de ser menos cristão porque só é verdadeiramente cristão quem é verdadeiramente realista.
Claro que conto com as mulheres para a gestão do que interessa a todos. Esta minha afirmação parece-me ridícula no ano de 2008. Costumo no meu discurso empregar a palavra "homem", mas esta tem a ver só com a economia desse discurso. Mas uma pessoa, por ser mulher, não fica incólume à crítica pública no campo político! Somos todos peças iguais de um "jogo" ou não? Ou seremos todos iguais, mas alguns mais iguais que a maioria?
Hoje as mulheres não reclamam igualdade de género? Ou esta igualdade é só para aquilo que lhes convém?
Espero que não apareça mulher em Alcochete a encabeçar uma lista que, por um lado defenda a igualdade de género, mas por outro, em campanha para eleições, esteja à espera de um discuro politicamente mitigado por ser mulher. Seria a contradição das contradições (superlativo hebraico).
Referia-me apenas ao perfil da pessoa por si desejada e a nada mais.
O que fizeram e não fazem os partidos é outra matéria. A crer numa sondagem recente, parece que todos agiram mal. Mais de 60% dos inquiridos acham que o nosso sistema partidário não tem credibilidade. Como não há democracias sem partidos, fico à espera de perceber no que isto vai dar. Hoje está a dar para o torto. Amanhã não sei.
Mudando de assunto. Há múltiplas formas de combater iniquidades políticas. Prefiro a da demonstração dos erros e o apontar de soluções de futuro. Sem esclarecimento e apoio dos concidadãos, individualmente nada mudaremos. O meu voto não vale mais que o seu ou o de outros recenseados. A minha palavra talvez, se me fizer entender.
Os nossos vizinhos pagam, vivem passivamente e precisam de despertar para a realidade. Eles também pagam as festanças, os foguetes deitam-se com o seu dinheiro e pagam ainda para que se apanhem as canas. Ignorar isto não tem sentido.
Costumo catalogar os comunistas em dois grupos: os autênticos e os que andam lá supondo estar do lado certo para viver melhor.
Não conheço nenhum autêntico. Houve alguns, mas deixaram este mundo tristes e amargurados.
Cheguei à conclusão que 90% dos comunistas de Alcochete pertencerão ao segundo grupo. Dá algum trabalho convencê-los a mudar, mas noto evolução. Quando em reuniões de grupos fechados, em Alcochete, aparecem vozes críticas e esclarecidas, alguma coisa está a mudar. Ainda bem.
Passemos às senhoras. A época da reivindicação da igualdade de género já passou. Hoje a questão é outra: levá-las a demonstrar a incapacidade dos homens e a explicar como deve fazer-se. Apareçam muitas, o mais depressa possível, antes que isto acabe mal.
Como o sr. Bastos sabe, eu continuo, não obstante tudo, a crer nos partidos políticos. Simplemente ergo-me com todas as minhas forças contra a ideia de uma militante de base de um dos nossos grandes partidos de que, hoje, "o que está a dar é a política e a droga". Isto é o fim da sociedade e do próprio ser humano.
Em política, tudo o que não for SERVIÇO é latrocínio. Ora eu penso que os ladrões devem ser desmascarados às populações e remetidos para o quintal deles. É assim que temos que falar porque quem trai a confiança que recebeu dos eleitores não tem contenção nenhuma. Por que razão eu hei-de ter essa contencão com essa pessoa?
Para vencermos certas pessoas que podem precipitar a caminhada dos homens para um beco sem saída, temos que fazer violência sobre nós próprios, sobre o sentido último dos nossos valores porque a defesa destes pode exigir mais que a minha bondade cristã. Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955) costumava dizer que não convinha que o cristão fosse só um cordeirinho; era preciso que de vez em quando aparecesse o leãozinho. Ora o grande teólogo católico, amado por uns, odiado por outros, mais não fazia do que aplicar por palavras simples o sentido profundo da Cruz de Cristo.
Quanto à "demonstração dos erros" de que o sr. Bastos fala, eu penso que tem conseguido resultados. Para o comunista o facto é divino. Se o confrontarmos com os factos, preto no branco, o comunista mete os pés pelas mãos porque ele é um recluso dos factos. Claro que a estratégia terrível do comunista é agarrar-se a factos em torno dos quais arranca a minha própria aquiescência. Por exemplo, o comunista pergunta-me se devemos respeitar a natureza ou não. Eu digo que sim. A partir daqui, o comunista vai defender que eu não posso fazer nada nos meus hectares de terra porque, à última da hora, se descobriu no que é meu uma espécie de ratos em vias de extinção. Para salvar a colónia dos ditos roedores, aparecem logo projectos do arco da velha contra a minha ideia de construir na minha herdade uma empresa em grande escala para a criação e exportação de gado. Assim se agride os valores da propriedade privada e da livre iniciativa.
Quanto ao "apontar de soluções para o futuro", nada podemos esperar do comunista porque o que é mal para ele é bem para mim e o que é bem para mim é mal para o comunista. Este tem um projecto para o mundo que não conta com nada daquilo que eu possa defender em termos de princípios e valores. Eu defendo o Evangelho, a Igreja Católica, a família, a História de Portugal, o patriotismo, etc. Vejam se Saramago defende estes valores na obra dele. Claro que não os defende, antes os ataca insanamente.
É evidente que o Sr. Bastos não conhece comunistas autênticos porque não há autenticidade no comunismo. Quando uma ideologia, subrepticiamente tudo faz para a transmutação dos códigos culturais dos povos, na consecução da boa lição de Gramsci, essa ideologia o que quer é dominar, transformar o mundo numa "Animal Farm".
Os comunistas que morreram amargurados foram os que se viram traídos na boa fé de uma vida inteira. Isto mesmo me poderia acontecer a mim num futuro breve, mas Deus teve misericórdia de mim e salvou-me para mim e para o rosto do outro.
Finalmente, o tema-problema das mulheres. Aqui parece chegado o ponto onde mais discordamos. Sr. Bastos, eu fiz "Estudos sobre as Mulheres" na Universidade Aberta a nível de Mestrado. Estou em condições de lhe poder dizer que em termos de bem e de mal, todas as pessoas, sejam homens ou mulheres, padecem das mesmas imperfeições. O perigo mais perigoso é pensarmos que assim não é. Quando isto acontece, abrem-se as portas a todas as utopias que durante o séc. XX mataram entre 150 a 200 milhões de pessoas.
No que resta dos partidos políticos descreio. Ou mudam, ou nada feito.
Os ladrões são um problema dos políticos, da polícia e dos juízes. Quanto aos políticos, estamos conversados. Os outros têm capacidade para mudar muita coisa: uns dispõem de armas e outros de leis. Eu, pobre cidadão indefeso, pouco poderei fazer por eles sem me ajudarem a mudar de políticos e de política.
No caso dos comunistas não entro mais. Pensamos diferente e isso basta-me!
Eu convivo com damas há décadas e continuo a aprender. Cada uma é um caso aliciante e curioso.
Somos todos imperfeitos e, deste ponto de vista, o sexo não nos distingue. Dependemos uns dos outros desde a idade das trevas e não conheço melhor maneira de sobreviver.
Voltando ao princípio da conversa: não gostava de ter uma presidenta?
Infelizmente, não tive ainda oportunidade de estudar a fundo a história municipal mas parece-me que Alcochete nunca teve nenhuma. Até onde cheguei (década de 20 do séc. passado), só encontrei homens. Acho ser altura de preconizar que apareçam mulheres capazes de pegar nisto pelos cornos!
Eu gostava de ter uma presidenta, mas não como, por exemplo, Fátima Felgueiras.
Faty talvez pudesse ser uma auxiliar mediana em qualquer escola deste País. Professora é que não! Muito especialmente não poderia ser professorinha de Religião e Moral porque é exactamente esta última que lhe falta, razão por que o páraco da área onde estivesse implantada essa escola poderia perder toda a piedade e denunciá-la ao bispo da respectiva diocese, alegando perante o hierarca que ela não cumpria.
Logo havia de escolher o pior exemplo feminino que persiste na memória colectiva!
Desculpe, mas não entro na discussão dos professores. Sigo-a com atenção e prudente distanciamento, porque não se apagam fogos com gasolina.
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