A exemplo do jornal nocturno da SIC deste domingo (23 de Março), até ao próximo fim-de-semana a comunicação social dedicará tempo e espaço ao 10.º aniversário da abertura ao tráfego da ponte Vasco da Gama, que se cumprirá no sábado.
É bom recordar que a localização desta travessia foi escolhida com o intuito de aliviar o congestionamento de tráfego na ponte 25 de Abril, mas tal não sucedeu. Nem mesmo a ligação ferroviária entre ambas as margens teve o efeito complementar planeado.
No entanto, a ponte mudou muito Alcochete.
De vila pacata e rural, em que todos se conheciam e cumprimentavam, transformou-se num lugar impessoal e desumano onde surgiram outros sinais preocupantes.
Foi uma comunidade coesa e solidária, neste século deixou de o ser.
Até 1998 a população decrescia e envelhecia, desde então os residentes aumentaram 70%.
Em década e meia duplicou o número habitações e triplicou o consumo de energia eléctrica.
Em nove anos duplicou o consumo de água, tal como o número de crianças matriculadas no ensino pré-escolar e o de jovens no secundário.
Criaram-se as condições necessárias para assegurar emprego e qualidade de vida aos actuais 17.000 habitantes?
A minha resposta é negativa e facilmente demonstrável com dados estatísticos.
Entre 1999 e 2006 aumentou em menos de uma centena o número de empresas com sede no concelho e diminuiu o daquelas que se dedicam à indústria transformadora.
No mesmo período, embora tenha duplicado o pessoal ao serviço das empresas, os números são irrisórios: para uma população activa avaliada em cerca de 13.000 pessoas, em 2005 existiam somente 3.454 postos de trabalho garantidos.
Seria bom que, em Alcochete, se aproveitasse a efeméride para reflectir acerca destes e outros assuntos da década passada, para nos entendermos acerca do que deve ser emendado e iniciado na próxima, porque os autarcas continuam a sonhar com, pelo menos, 25.000 residentes.
Desconheço em que critérios se baseiam para definir tal meta e se pensam montar cancelas com guarda à entrada do concelho quando esse número for atingido, porque as habitações devolutas, recém-concluídas, em obra e em projecto excedem, largamente, em capacidade, esse limite.
P.S. – Têm relação directa com o acima apontado dois dados complementares constantes desta notícia do «Diário Económico»: entre 1999 e 2007, os passageiros transportados pelos TST, através da Ponte Vasco da Gama, cresceram de 1.010.950 para 1.548.666 (+53%).
Só na zona de Montijo/Alcochete, no mesmo período, o número de serviços ao dia útil quadruplicou, passando de 34 para 138, e os passageiros transportados quintuplicaram, subindo de 154.700 para 770.616.
4 comentários:
Eu nem sou de comentar nestas coisas, mas muito respeitosamente lhe peço um esclarecimento: O Sr. Fonseca Bastos é natural e desde sempre residente em Alcochete?
Se sim, peço desculpa pela intromissão e despeço-me com os melhores cumprimentos!
Se não, o que é que veio para cá a fazer? Engrossar o número?
Eles começam a atacar!
Se o começo já é assim, o que será lá para o meio e mais perto do fim?
A quem falta coragem para intervir usando nome próprio não respondo.
Para haver absoluta coerência, nem deveria publicar o comentário... mas se o faz, não vejo porque não responder a um pedido de esclarecimento tão simples e claro... Não conseguem ver nenhum comentário despido de segundas intenções ou politiquices?
Assina: O Anónimo
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