09 agosto 2007

A culpa não é do mensageiro (3)


Não havendo dinheiro para muito mais, nos dias de hoje fazer alguma coisa pela comunidade alcochetana seria:
1. Encará-la, informá-la e esclarecê-la, procurando envolvê-la na gestão autárquica. Um sítio municipal na Internet não pode nem deve ser mero cartaz de espectáculos, feira de vaidades ou calendário desportivo. Não obstante os muitos erros de concepção herdados, parece-me que transformá-lo em algo útil, aos autarcas e aos munícipes, depende apenas da vontade de quem manda;
2. Recuperar os parques infantis e pô-los de acordo com as normas legais. Já aqui o escrevi vezes sem conta: além de escassos, a maioria dos espaços de lazer e recreio é indigna dos alcochetanos. E quase todos os dedicados às crianças violam as normas legais;
3. Andar por aí e descobrir o que está errado ou descuidado. Saber antecipar-se aos problemas é uma virtude em política. Um exemplo caricato: nos n.ºs 24 a 28 da Rua Ciprião de Figueiredo, em Alcochete, existe um edifício pertencente ao património municipal (ver imagem acima). Está classificado como de interesse arquitectónico, mas jaz encerrado e ao abandono. Alguém repara no seu mau estado de conservação?
4. Mandar alindar rotundas, canteiros e recantos do concelho, na esmagadora maioria dos quais só há mato;
5. Obrigar proprietários de terrenos urbanos a cumprir a lei: construção de muros ou colocação de vedações e limpeza regular desses espaços;
6. Reparar e manter em bom estado de conservação estradas, caminhos e artérias municipais, para que não haja excessivo afluxo de tráfego nas vias transitáveis;
7. Atribuir números de polícia a todas as portas do concelho, usando critérios entendíveis. Que critério existe quando o n.º 35 é ladeado pelo 42 e pelo 29?
8. As placas toponímicas são a maior bagunça jamais vista. Existem de todas as formas e feitios, boa parte delas com caracteres ilegíveis a mais de 10 metros;
9. Fazer o trabalho de casa que permita acabar com o amontoado e o emaranhado de fios de energia e de telecomunicações nos centros históricos. A obra em si será longa e cara, mas existem fundos nacionais e europeus para ajudar;
10. Estudar uma solução rentável e útil para o fórum cultural. Três anos depois de inaugurado continua no meio de um deserto e mesmo encerrado é um sorvedouro de dinheiro;
11. Não pactuar com a eternização da subsídio-dependência da esmagadora maioria das colectividades porque, crescentemente, será necessário socorrer as indispensáveis e insubstituíveis;
12. Contratar mais fiscais (ou criar um corpo de polícia municipal) para aplicar com rigor as posturas camarárias. Por exemplo: são proíbidos os despejos na via pública mas continua a haver gente que, como nos velhos tempos, lança baldes de água suja pela porta e pela janela. Já vi até da varanda abaixo!
13. A gestão urbanística é tudo menos transparente. Já houve quem neste blogue comentasse um texto reproduzindo uma lei que demonstra quão errados têm sido os procedimentos seguidos até ao momento;
14. Dar uma volta pelos municípios do Oeste e descobrir como foi possível que a esmagadora maioria das vilas e aldeias tenha casario recuperado e apresentável, enquanto os centros históricos de Alcochete e de Samouco estão ao abandono e a morrer lentamente. As leis em que se basearam não são as mesmas vigentes no território de Alcochete?
15. O famigerado boletim municipal, muito prometido mas nunca concretizado porque tentam copiar-se ideias caras e o orçamento não estica.
Dei uma volta pela Internet e concluí que nove em cada dez municípios têm boletins coloridos para mostrar o presidente e sua corte, com variadíssimas indumentárias e em todas as situações e posições. Os maiores editam-nos mensalmente, os pequenotes variam entre trimetrais e anuais.
Mas há excepções e apresento algumas:
Boletim Municipal de Lisboa
Boletim Municipal de Penafiel
Boletim Municipal do Porto
Boletim Municipal de Odivelas
Boletim Municipal de Oliveira de Azeméis
Que há de comum entre estes boletins? Noticiam o que mais interessa aos munícipes, são singelos, não têm fotografias do presidente e sua corte, escrevem-se, paginam-se e imprimem-se em qualquer computador e, sendo baratos, podem ser diários ou mensários, dependendo da dimensão da autarquia. E lêem-se facilmente na Internet!
Não tenho a menor dúvida existirem no Município de Alcochete funcionários habilitados a editar um boletim idêntico e a colocá-lo na Internet. Mas como a maioria dos munícipes não tem acesso à WWW, será necessário continuar a usar o papel. Com consultas ao mercado e pagamento a pronto, 12 números anuais custariam à autarquia menos que um único a cores.

2 comentários:

Anónimo disse...

E pronto... eis um razoável programa eleitoral exequível!

Anónimo disse...

sendo eu um oliveirense não posso estar mais em desacordo com a informação que presta pois esse boletim a que se refere é apenas um boletim sobre os procedimentos autárquicos que é disponibilizado apenas a meia dúzia de pessoas e na internet está desactualizadissimo. olhe que por cá a propoganda no boletim AZEMEIS também é muito grande e dispendiosa