Os resultados da eleição intercalar para a autarquia de Lisboa encerram algumas lições que devem ser aprendidas.
Primeira, a balbúrdia tem custos políticos pesados: PS fica no limite mínimo esperado e CDU e Bloco de Esquerda perdem apoios em relação a 2005.
Segunda lição, a opacidade na gestão autárquica desmotiva os eleitores: 62,61% de abstenção é triste recorde nacional! O Verão não explica tudo.
Terceira lição, pelo menos nos meios urbanos finou-se o poder dos partidos. Dois independentes – eventualmente penalizados por terem símbolos nos boletins de voto – conseguem eleger menos um vereador que o vencedor (Carmona Rodrigues elege 3 vereadores e Helena Roseta 2, contra 6 de António Costa).
Estas são apenas as lições mais evidentes. Há outras, contudo.
Sabe-se, há muito, que a capacidade de mobilização, a sinceridade e a transparência são algumas das armas mais fortes do poder local.
Que não há dinheiro, "nem para mandar cantar um cego", é tão evidente que até os mais distraídos percebem. Demonstrar a ginástica feita com cada euro entrado nos cofres das autarquias é um exercício arriscado mas urgente e indispensável.
É possível informar e esclarecer com verdade, porque até os alheados de tudo reconhecem a sinceridade.
Nunca é bom que os cidadãos vivam "à margem da gestão do património público", segundo palavras sábias da ainda presidente da comissão administrativa da autarquia da capital.
Porque no Portugal de hoje, com as receitas autárquicas estupidamente dependentes do betão, não é fácil mostrar trabalho sem cedências ocultas e perigosas. Isto toda a gente percebeu, há muito.
Amanhã voltarei a este assunto das licenças de construção.
4 comentários:
De tantas lições não conseguiu ver as duas mais importantes? As derrotas do PSD e do CDS?
Não acredito que esse esquecimento tenha sido involuntário.
Se o(a) embuçado(a) anónimo(a) descobrir a cara prometo que lhe responderei.
É a sua lição que eu tenho de aprender, sr. Bastos.
Desde que se pense um pouqinho, a resposta a qualquer anónimo é um absurdo.
Não obstante as minhas pomessas de não responder a anónimos, acabo, muitas vezes, por dar o dito por não dito porque, para mim, qualquer escrita prologa sempre o rosto do outro. Perante este fraquejo, sabendo eu que estes anónimos, ainda por cima, gozam com a minha humaníssima fraqueza.
Por vezes custa resistir. Mas é o melhor que há a fazer.
Enviar um comentário