06 outubro 2008

Ignorância ou desonestidade política?


Ontem apanhei do chão um desdobrável da Câmara Municipal de Alcochete cuja nota de abertura assinada pelo sr. Luís Franco reza assim no seu primeiro parágrafo: «Após um pequeno interregno, o In Alcochete regressa ao convívio com os seus leitores, num momento de crise generalizada sobretudo nos mercados financeiros. Trata-se de mais um período negro num sistema falido que afecta o quotidiano dos cidadãos e que resulta de políticas e medidas neoliberais que apoiaram a especulação financeira em detrimento de políticas económicas e sociais que verdadeiramente poderiam promover o desenvolvimento e o progresso no Mundo, mas também no nosso País».
Sr. Presidente, a crise não é das instituições liberais. Como diz o insigne economista brasileiro José Nivaldo Cordeiro em artigo intitulado "O fim do liberalismo?" (Midia sem Máscara), «uma das qualidades [...] da ordem liberal é a sua capacidade de auto regulação, seja no plano económico, com sua mobilidade de preços, de capital e de mão de obra, seja no plano político, com a alternância de partidos no poder. Essa forma auto-regulada de existência tem sido o antídoto contra todas as crises e todos os surtos totalitários que ciclicamente assolam o Ocidente».
O que faliu foi a observância da receita liberal. Nivaldo Cordeiro, mais à frente no seu artigo, acrescenta: «...a crise tem origem na traição do ideal liberal e não na sua prática. Emissão descontrolada de dinheiro, excesso de governo e de impostos, gastos descontrolados, tudo [...] sinónimo de socialismo e não de liberalismo».
Sr. Luís Franco, as «...políticas e medidas neoliberais que apoiaram a especulação financeira...» são apanágio de metacapitalistas (conceito de Olavo de Carvalho) todos feitos à escala planetária com as esquerdas: estas como aqueles têm em comum a cobiça pelos dinheiros dos contribuintes.
O que poderá «...promover o desenvolvimento e o progresso no Mundo...» é a redução do poder do Estado, a garantia das liberdades individuais, o travão à regulamentação abusiva, a baixa de impostos, a poupança, etc.
Quando aproveitamos em benefício próprio a insuficiente prevenção do nosso semelhante, não só fazemos pouco deste como, no mínimo, acedemos à mais reles demagogia.

5 comentários:

Unknown disse...

A minha esgrima não é a economia, mas pelo menos sei o que não quero.

Anónimo disse...

Eu também sei o que NÃO QUERO, Professor Marafuga:
1)Não quero ler mais o Sr. Professor a tratar o Sr. Presidente da Câmara Municipal por "Sr. Luís Franco", porque nem Alcochete é a Madeira nem o Sr.Professor Marafuga é o Alberto João Jardim, que tem por hábito tratar o Sr. Presidente da Republica por "Sr. Silva"!
2)Não quero ler ainda expressões como "reles demagogia"ou "em benefício próprio".

Por mais que custe a muita gente - onde o Sr. Professor está manifestamente incluído- Alcochete está a melhorar, respira-se melhor, cresce de forma sustentada, e não são estes textos carregados de ódio e de frustração que irão abalar quem, de forma séria e honesta, conduz os destinos de Alcochete.

Atenciosamente,
Paula Pereira

Unknown disse...

Só faltava esta!

Anónimo disse...

Subscrevo o teu texto Paula!

Beijinhos
Manuel Pereira

Anónimo disse...

Ò Paulinha, por acaso sabes o que quer dizer a palavra Sr?...