Há cerca de dois meses escrevi aqui o seguinte:
"Considero os dirigentes [partidários] nacionais particularmente responsáveis, por encararem os alcochetanos como simples números. Para eles, representamos pouco mais que zero. Valemos 4% dos votos do distrito e desinteressaram-se de nós há muitos anos. Enquanto assim for nada mais deverão esperar que desprezo recíproco!".
Quem isto escreveu não pode deixar passar sem referência dois factos políticos:
1. No passado fim-de-semana, o PS organizou, em Alcochete, um seminário sobre desenvolvimento na Península de Setúbal, cuja cerimónia de abertura foi presidida pelo n.º 2 da hierarquia do Estado e a de encerramento pelo n.º 3. Reflexos aqui;
2. Terça-feira, 29 de Janeiro, reuniu-se num hotel local a Comissão Política do PSD, o mais importante órgão da estrutura partidária fora de congressos. Reflexos aqui.
Fico à espera de cenas dos próximos capítulos, por duvidar que outros partidos fiquem quietos. Os animais políticos também marcam o terreno.
Lembro, contudo, que no artigo acima citado levantava outras questões pertinentes. Durante anos sucessivos tem havido alheamento, ignorância ou insensibilidade social ante problemas com que os cidadãos residentes no concelho de Alcochete se defrontam, diariamente, em infra-estruturas tuteladas pelo Estado ou dependentes da sua acção directa e indirecta.
A julgar pelos reflexos na Imprensa, nenhum dirigente dos dois maiores partidos nacionais se lembrou das gentes desta terra.
Há casos gritantes sem solução à vista: carências graves de espaço e condições em estabelecimentos para os ensinos pré-escolar, básico e preparatório; deficientes instalações nas extensões de saúde de Samouco e São Francisco; e lar da Misericórdia a precisar de remodelação urgente e aumento da capacidade de resposta às solicitações.
Precisamos de soluções para esses e outros problemas, actuais e reais, que meros discursos e encontros de cúpulas partidárias nunca resolvem. Deveria aproveitar-se o ensejo para os observar e apontar, evidenciando alguma consciência social. Nada disso sucedeu. Lamentável, no mínimo.
Alcochete não deve ser mero ninho de cucos. O Aeroporto Internacional Alcochete-Jamé é para daqui a oito ou nove anos. Nós já cá estamos, somos gente e pagamos impostos.
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