São pessimistas as minhas expectativas para o ano político em Alcochete. O poder continua opaco há demasiado tempo e, consequentemente, os cidadãos demonstram soberana indiferença pelo que está além da porta de casa. Alguns guiam-se pela propaganda oficial e oficiosa, não cuidando de ir ao terreno observar. Supõem conhecer a realidade, mas estão iludidos e só o descobrirão tardiamente.
Perante sinais visíveis e testemunhos não me arrisco a outra leitura, por muito que esta possa desagradar.
A actual maioria autárquica atingiu, demasiado cedo, o prazo de validade. Lida mal com a penúria de recursos financeiros, desperdiça oportunidades e nunca revelou imaginação. O futuro é pouco auspicioso quando a boataria sobreleva a acção.
Mas há pior: desconhecem-se alternativas credíveis.
Os socialistas mantêm-se em estado vegetativo há quase três anos: divididos e sem rumo. Soluções precárias foram impostas de fora, por duas vezes, mas nada resolveram. São mais numerosos os indiferentes que os crentes. Em Março haverá nova oportunidade de perceber para onde caminha o saco de gatos.
Os social-democratas dependem de balões de oxigénio. Daí não poderem agitar-se as águas. Há anos que alguns "históricos" prometem partir a loiça. Mas uma revolução nunca é fácil, muito menos quando escasseiam os peões.
Os líderes centristas migraram e restam meia dúzia de órfãos. Os bloquistas não existem nem nunca existiram.
Sobra ainda o problema dos independentes. São dezenas e têm negócios e interesses muito diversificados. Uni-los parece-me quase impossível. Não me admiraria que, em Alcochete e Samouco, viessem a formar-se duas ou mais listas.
Com este pano de fundo, que perspectivas existem?
(continua)
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