10 janeiro 2008

Aeroporto: sim, mas... (20)

Contrariamente ao que fora decidido em 1999, o governo prefere o novo aeroporto no espaço ocupado pelo centenário campo de tiro militar gerido pela Força Aérea e pelo Exército.
A vila de Alcochete é hoje a localidade mais próxima – cujo nome está associado, desde sempre, ao campo – embora a maioria dos terrenos esteja na esfera administrativa do Município de Benavente, distrito de Santarém. Alguns espaços adjacentes pertencem aos municípios de Montijo e Palmela, distrito de Setúbal.
Na realidade, Alcochete apenas emprestou o nome ao campo de tiro e nem um metro quadrado do seu terreno está sob a alçada administrativa do município local.
Contudo, o governo condiciona a decisão definitiva da construção do aeroporto aos resultados de um estudo de "impacte ambiental estratégico".
Embora não se saiba, em rigor, o significado real da expressão, o trabalho de campo imprescindível demorará, no mínimo, um ano. Adicionem-se mais dois a três meses para a elaboração do relatório final e esperem-se novidades lá para o Verão de 2009.

Então poderão sobrar razões para alterar a preferência do governo porque, até à data presente, ninguém estudou a fundo as consequências ambientais da chamada "opção Alcochete".
De resto, Bruxelas tem uma palavra definitiva a dizer nesta matéria, baseando a sua decisão num estudo de impacte ambiental que talvez não seja somente "estratégico", porque há normas europeias muito precisas. Ora, só o trabalho de campo para um estudo dessa natureza – dizem os especialistas – é coisa para demorar um ano.
Convém recordar que alguns corredores aéreos previstos na nova localização do aeroporto da Grande Lisboa sobrevoam, parcialmente, a Zona de Protecção Especial (ZPE) da terceira mais importante zona húmida europeia – a Reserva Natural do Estuário do Tejo – internacionalmente abrangida pela Rede Natura 2000 e pela Convenção Ramsar.
É reconhecido que a RNET e sua ZPE são dos mais importantes locais de alimentação e descanso de aves migradoras, cuja convivência com aeronaves é problemática porque perigosa para a segurança.

Voltarei em breve a este assunto e, entretanto, gostaria de acolher neste blogue todas as opiniões de quem julgue ter algo a dizer.


P.S. - Estão destacadas acima (a negro) duas emendas posteriormente introduzidas no texto. O estudo de impacte ambiental demorará, no mínimo, um ano a realizar – ao invés dos seis meses avançados por alguma comunicação social – pelo que dificilmente o governo estará em condições de obter a concordância de Bruxelas para a localização do aeroporto
antes do Verão de 2009. E se os ambientalistas não levantarem "ondas". De contrário...

4 comentários:

Anónimo disse...

Há aqui uma questão importante e a discutir. Nesta fase Portugal-Europa (não desdenhável, entenda-se) em que a pergormance política local (ou nacional como queira) tem várias vantagens (para os políticos entenda-se): a de poder transferir a responsabilidade de uma decisão delicada para um orgão autónomo e de difcil (ou mais difícil) imputabilidade. Curioso. E deixo à reflexão. Com ambientalistas locais (ou nacionais como queira) do tipo Quercus podemos nós bem. Agigantam-se os ambientalistas europeus. Mas depois de ter falado com um Flamingo o que ele me disse foi: que maravilha! continuem continuem! Eu por mim estou nesta: http://xador-xador.blogspot.com/

Unknown disse...

Em vinte e quatro horas, as notícias sobre a colocação do novo aeroporto internacional de Lisboa em Alcochete são incontroláveis dentro e fora de Portugal.
Duas ou três pessoas que colaboram neste blog tinham a certeza desde há muito tempo que a decisão do Governo seria a favor de Alcochete. Não andam cá por ver andar os outros, embora os cegos façam crer a outos cegos o contrário.
Dentro de um curto espaço de tempo teremos uma outra Alcochete, mas eu pergunto: será que teremos os mesmos homens a mandarem nesta terra? Eles, os mesmos desde o 25 de Abril salvo uma ou outra excepção, terão ainda pedalada para o que aí vem? As grandes formações partidárias não começarão a olhar para a gestão deste concelho com outros olhos? Os Boieiros, Inocêncios e Francos continuarão a servir para a sede camarária mais próxima de um dos maiores aeroportos do mundo ao ponto de em muitos artigos aparecer designado como aeroporto intercontinental?
Para mim, eles nem uma loja na Rua Direita seriam capazes de gerir na qualidade de gestores do séc. XXI quanto mais uma câmara.

Anónimo disse...

A pergunta pertinente e fundamental cuja resposta é evidentemente certa será: NÃO! Os anciões e aldeões Homens desta terra não terão pedalada. Seguramente! And let's go to WORK! NEW ALCOCHETE!! 2008

Anónimo disse...

Quando o novo aeroporto estiver concluido temos o Marafuga no poder. Para mim é o lider ideal!