18 janeiro 2008

Pouco louca

Para quebrar a monotonia, já que nos últimos dias cada texto meu se assemelha a um lençol e escasseiam tempo e paciência para leitura que envolva farnel, abordo hoje assunto ligeiro inspirado na "quinta" de uma vizinha desconhecida.
Deparei com este curioso texto num blogue com o sugestivo título «Diário de uma gaja (mamã) louca...», animado por uma alcochetana que, como a maioria, tem imensas dúvidas e escassas certezas acerca dos benefícios de vir a dispor de um aeroporto nas cercanias da mesa-de-cabeceira.
Como muitos "estrangeiros", a autora decidiu morar nesta vila pelo bucolismo. Mas com um aeroporto tão perto teme que o filho – agora com 8 meses – nunca chegue a conviver com arrozais, cavalos, ovelhas e flamingos que a atraíram para aqui.
Sendo esse o óbvio receio de inúmeros alcochetanos, que útil seria os seus autarcas transmitirem-lhes, urgentemente, uma vigorosa palavra de confiança. Qualquer coisa do género: descansem porque, para pior, já basta assim!
Vale a pena ler essa página do diário de uma alcochetana, publicitária e benfiquista, de 33 anos e signo Touro, que partilha o exíguo espaço de estacionamento com "lagartos seniores" e gostava que tapassem um buraco existente na sua rua.
Recomendo a leitura de mais alguns dos seus textos precedentes, porque tem rara sensibilidade. E coragem!
Saudações de um conterrâneo sénior... mas não "lagarto".

5 comentários:

Unknown disse...

Mas o problema é mesmo esse, a quinta do vizinho, enfim, as quintas!
Andaram os aldeanos a fazer pouco dos alcochetanos durante décadas e décadas a respeito do comboio e agora vamos ter um de alta velocidade para servir o aeroporto que aí vem. Para mim tudo bom. Mas penso cá com os meus botões: vão ser feitas desafectações ou desanexações (como se diz?)de terrenos. Ora há lei geral para essas coisas, mas a câmara tem nisto uma palavra decisiva. Sabê-la-á dar? Pois aqui é que está o busílis ([die]bus illis)! Só espero é que a incompetência não leve à descaracterização dos lugares com a destruição de quintas nas mãos de famílias há gerações.
A minha esperança é que estas coisas não sejam feitas por estes homens que tudo resolvem com uma piscadela de olho, palmadinhas nas costas, febralhadas, etc.

Unknown disse...

O meu post anterior foi lançado com alguma pressa, razão por que estou com a impressão de não me ter explicado bem.
Vai haver muita pressão sobre os autarcas por parte de lobbies da construção civil para se levantar casario em tudo o que é chão.
Ora para se resistir aos lobbies, isto é, ao poder do dinheiro, o autarca precisa de estar revestido de conhecimento e cultura sólidos, grande consciencialização do homem e do mundo, possuir firmeza de carácter, colocar os interesses das populações acima do interesse próprio e de grupo, contentar-se apenas e só com o vencimento legal ao fim do mês (sobre este último requisito, diga-se já que é ladrão, portanto criminoso, o autarca que não se contenta com o recibo legal ao fim do mês e se aproveita do cargo público para ganhos privados).
Depois é provável que se façam desafectações no nosso concelho por força do comboio de alta velocidade. Aqui as coisas têm que ser feitas com sensibilidade, muito respeito pelas pessoas e pela propriedade perivada, aquelas em primeiro lugar e esta depois, valores tão indissociáveis quanto inalienáveis.
Nós queremos o progresso, mas para que este seja verdadeiro, tem que se cruzar com a dignificação das pessoas. Caso contrário, não se tratará de progresso senão de latrocínio, pois as facilidades para uns não poderão ser conseguidas à custa de dificuldades para outros.
Chegado a este ponto, vem a minha pergunta: temos autarcas à altura do momento crucial que Alcochete está a atravessar? Sou peremptório e categórico na resposta: NÃO!
Poderá ser defeito meu, mas eu não acredito que a bandeira das populações seja a bandeira destes homens. Toda a análise me leva a pensar, sem dispensar as advertências da minha vertente cristã que defendo com todas as forças, que estes homens, salvo um ou dois, se não fosse o 25 de Abril, viveriam hoje, quiçá, um pouco acima da linha da indigência.
Se forem estes homens a tratar da vasta gama de problemas qua aí vêm com grande repercussão na vida das populações, prevejo não só o caos para o nosso concelho como também a acusação posterior, por parte deles próprios, de que a culpa desse caos está na dinâmica capitalista.

Unknown disse...

Reli os meus dois posts anteriores e cheguei a uma conclusão: continuo a ser ingénuo por força dos valores cristãos fortemente arreigados em mim!
Se os comunistas apareceram à face da terra para acabar com aquilo que eu lhes peço, como me esqueço e insisto com eles?
Ora vejam: o partido comunista pretende ser a vanguarda consciente, organizada e organizadora da classe operária. Mas - dizem eles - a missão histórica e estratégica da classe operária é a de assumir o poder como um dos actos fundamentais para a destruição do regime de propriedade privada. Que concluo? Que eu não tenho cura, pois rogo-lhes à boa meneira evangélica que tenham respeito pelo valor da propriedade privada!
Mas eu, ainda que ao retardador, estou atento à minha idiossincrasia. E os muitos que não estão? São peixe na rede deles!

Anónimo disse...

Teimar não é ingenuidade. É teimosia.

Anónimo disse...

Olá!!! Bem... não sou Alcochetana de gama, embora faça parte do "deserto" que é a Margem Sul! Não sou mas tenho muito orgulho em morar numa vila tão bonita que é Alcochete... não escolhemos o lugar em que nascemos mas sem dúvida que escolhemos o lugar onde moramos!
Acho que é uma vila cuidada, bonita e com gente simpática... gosto da Praia, dos Flamingos, da Igreja, dos Arrozais, dos cavalos, das ovelhas, das casas antigas e do "tal" sossego... gosto de sair de casa pela manhã e ir até ao centro da vila comprar o meu jornal e tomar o pequeno almoço... até gosto do Centro de Saúde onde sempre sou sempre recebida com algum carinho!!!!
Não gosto do estacionamento na minha rua, do muro da escola que caiu no ano passado e o qual ainda não foi arranjado a "sério", das pessoas que lavam as suas varandas à mangueirada e dos cães que fazem cocó nas ruas!
Escolhi Alcochete para morar porque me aquece o coração...
E como habitante estou deveras preocupada com a vinda do Aeroporto... não porque sou contra o progresso mas como se gere o mesmo!!!!
Um beijo muito grande e obrigada!
Activestresss