21 janeiro 2008

Antevisão do ano (2)


A primeira parte deste texto está aqui.

Com as dependências da gamela municipal e o governo a arvorar-se na única oposição visível, hoje em dia qualquer obra de média dimensão à escala local implica empréstimos bancários. Até as de 70 mil contos em moeda antiga impõem a ida ao banco.
Consequentemente, em Alcochete há inúmeras obras repetidamente anunciadas mas raras postas a concurso e algumas nunca irão além da capa de jornal. A maioria dos cidadãos nem repara nisso porque usa o jornal para forrar o caixote do lixo, ficando desmemoriada.
Recuando o menos possível, a esmagadora maioria das obras incluídas no "famoso" orçamento participativo para 2007 não viu ainda a luz do dia. Nem as mais simples e menos onerosas.
Para 2008 há antigas promessas: arranjos exteriores do fórum cultural (caso bicudo e insolúvel há quase três anos) e inauguração da nova biblioteca pública, sem se saber se terá adjacente o planeado jardim.
Os infantários têm listas de espera e as escolas básicas más e acanhadas instalações. Continuam a existir as mesmas artérias por pavimentar e, pela segunda vez, descerrou-se com pompa e circunstância placa toponímica numa via inacabada, onde os peões circulam na lama.
Mas insiste-se em substituir o Estado na solução da extensão de saúde de Samouco, quando seria mais rápido e barato levar doentes incapacitados e limitados ao Centro de Saúde de Alcochete, considerado um dos melhores do distrito em instalações.
E, mediante empréstimo de 566.300 euros (mais de 113 mil contos), anuncia-se a Zona Desportiva e de Lazer de Valbom (Alcochete), cuja premência ninguém explica.
Vive-se um tempo de imensas dificuldades. Poderiam escassear traços de construção e ser notório o empenho em semear e reorganizar o futuro. Mas nem aí se vislumbra acção. Não há uma única medida de fundo, concluída, que represente inovação ou mais-valia na vida municipal.
O município vive divorciado dos residentes, revelando estes autarcas com funções executivas incapacidade ou receio em aderir sequer à democracia electrónica. Basta atentar no sítio municipal na Internet, do qual continua ausente informação verdadeiramente útil (inclusive a obrigatória), tal como subsistem, desde há três anos e meio, várias secções com a inscrição «A disponibilizar brevemente!". Uma delas refere-se à Assembleia Municipal, órgão invisível para a esmagadora maioria.
O prometido Conselho Municipal continua no papel, apesar de descrito como "órgão máximo de promoção e da participação dos cidadãos, na lógica de uma democracia participada".
Para resumir ideias, basta-me uma frase extraída do programa eleitoral desta maioria: "fazer do município de Alcochete uma referência nacional de conciliação harmoniosa e inteligente, entre crescimento sustentado e qualidade de vida, oferecendo aos seus munícipes elevados padrões de satisfação em áreas fundamentais como requalificação urbana e ambiental, turismo ecológico e lazer, promovendo o emprego e as dinâmicas empresariais, estimulando a captação de investimento".
Estão a fazer isto, não estão?

2 comentários:

Ponto Verde disse...

Parabéns pelas análises aqui publicadas e oa agradecimentos pela disponibilização dos textos publicados este fim de semana no a-sul onde foram lidos por 578 leitores. Cordialmente.

Unknown disse...

Evidentemente que a maior parte das pessoas não acredita no que eu digo, embora eu leia em português, castelhano,francês e inglês mais num dia que muitos num ano inteiro.
Mas que digo eu? Digo que muitas Alcochetes deste País estão a caminhar para um totalitarismo municipal de forma tão silenciosa e sorrateira quanto real.
O objectivo estaria no aproveitamento da denominada "via pacífica" (XX Congresso do Partido Comunista da então União Soviética, 1956) para a tomada do poder nos países não comunistas. Porque engana-se absolutamente quem pensa que o alvo almejado pelos partidos comunistas no mundo seja outro.
Em Portugal, a longo prazo, não haverá condições objectivas para a tomada do poder central por parte dos comunistas, mas, tenham a certeza do que aqui vos digo, eles não têm pressa e jamais desistirão das etapas traçadas há décadas. Para tal fim, vão pacientemente preparando a sementeira na nossa Alcochete como noutras até o FIGO ficar suficientemente maduro e cair por si. Eis a moldura que vos pinto, ainda que antecipadamente conte com a vossa incredulidade. Mas é exactamente com esta que os comunistas contam para a execução das estratégias tenebrosas deles.