04 junho 2007

Defesa da Festa Brava em resposta a comentário anónimo

Ó meu amigo, a festa brava é a festa da violência?
Nunca vi cenas de pancadaria no interior dos recintos taurinos nem nos espaços exteriores à entrada para o espectáculo e à saída deste. Qual a razão? Porque a festa de toiros, nomeadamente a sua vertente mais nobre que é a corrida, confronta o espectador com valores que são freio ao afloramento de impulsos negativos.
Quais valores? O valor do homem, o valor da arte, o valor da coragem, o valor da entreajuda, o valor da coabitação de classes, etc.
A mão sobre o toiro não significa só a mão inteligente do homem sobre a natureza, mas também, e sobretudo, simboliza a mão que cada um deve ter sobre si próprio.
O toureio a pé ou a cavalo é uma arte. Alguém seria capaz de dizer o contrário a Picasso e a milhares de homens de letras espalhados um pouco por todo o mundo?
A coragem é um acto de afirmação individual detestado por todos os adeptos do carneirismo, confessos ou não. De facto, um toureiro na arena é um verdadeiro rei cuja imponência se opõe à directriz de um projecto totalitário.
A força organizada dos forcados prova que se nos dermos as mãos seremos capazes de vencer as forças mais brutas que venham a ameaçar o homem.
O espectáculo da corrida de toiros à portuguesa evoca o elo existente no antigo regime entre a aristocracia (cavaleiro) e a plebe (forcado). Por este caminho, a nossa corrida faz jus à História de Portugal que vem desde o séc. XII.
O meu amigo fala em virilidade. Estará a dar uma mãozinha ao feminismo? Acha que este apêndice marxista é alternativa à festa de toiros? Dirá que não estou a respeitar as mulheres. Eu digo-lhe que respeito mais as mulheres que os defensores e defensoras do feminismo e derivados porque em cada mulher eu vejo uma pessoa igual a mim, mas distinta na individualidade. Eis aqui uma linguagem que não interessa ao marxismo. O meu amigo não perfilhará esta ideologia utópica, mas tenha cuidado, porque pode colaborar com eles sem dar por isso.
A frase agostiniana "ama e faz o que queres" pode ter duas leituras. A primeira será a que lhe dá o meu amigo: se amo verdadeiramente, não prejudico ninguém porque as minhas escolhas só podem estar ordenadas ao bem. Isto é o livre arbítrio negado por Lenine, o que não surpreende porque se o livre arbítrio trava o avanço da fatalista ideologia marxista, esta não pode querer nada com aquele. A segunda leitura da frase do tão platónico como pessimista Santo Agostinho poderá ser gnóstica: amo tanto Deus que com Ele sou um. A partir daqui posso fazer o que quero, inclusive os maiores crimes que estes não me sujam. Ora eu julgo poder poupar o meu amigo à explicação de que isto encerra um gérmen totalitário.
Não podemos colocar no mesmo plano restrições do cristianismo contra estruturas caducas de um império moribundo e a lide dos toiros no séc. XXI. Toda a mistura de ideias e factos pertencentes a planos diferentes falsifica a análise, podendo, logo à partida, ser uma desonestidade intelectual, o que não se ajusta ao meu amigo por força do que me diz entre as linhas e para lá delas.
Finalmente, o meu amigo parece comparar o espectáculo taurino com um comício fascista dos anos 30 levado a cabo na Alemanha de Hitler ou na Itália de Mussolini. Estes e outros doentes que tanto mal fizeram à Humanidade, quando se dirigiam às massas, recorriam ao substrato mítico, irracional, instintual, etc., a fim de que as emoções ficassem ao rubro e impedissem a visão objectiva da realidade. Acha que é isto que se passa na corrida de toiros? Esta, meu amigo, faz parte da estrutura da realidade contra todas as utopias.
O misticismo em Espanha, o culto mariano em Portugal e a festa brava em toda a Ibéria são muralhas indeléveis que susterão a cega onda marxista.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caríssimo Amigo

Apesar de não perfilhar consigo o amor pela festa brava, contudo, subscrevo qualquer manifesto anti marxista, porquanto o marxismo, na sua deriva leninista e estalinista FOI RESPONSÁVEL PELA MORTE DE MAIS DE 20 MILHÕES DE ALMAS.
Durante desenas de anos milhões de homens e mulheres foram subjugados aos mais vis tratos, simplesmente por recusarem uma doutrina que pretendera construir o HOMEM NOVO, baseado numa perspectiva colectivista, isto é de que esse novo homem, não integraria qualquer classe e seria filho de uma nova sociedade a-classista. Ora todos sabemos que rapidamente que novas classes surgiram, novos interesses sobrepuseram-se aos do homem. A arte, a música, a literatura foi modelada a um novo diapasão a do socialismo real. Em nome desta nova sociedade foi destruída a anterior, não só pelo exercício da violência, mas também da morte infligida a todos os que não cooperavam com as autoridades soviéticas, pense-se nos 6 milhões de ucranianos que morreram de fome.. aquando da colectivização forçada das suas terras...
Creio que com grande orgulho podemo-nos afirmar como católicos, pois nos paises de leste, onde a fé católica tinha expressão, em especial na Polónia e na Hungria o povo resistiu com heroicidade não só ao aocupante soviético mas também á subserviência das autoridades nacionais, muito sangue cristão( católico) foi derramado na defesa de um direito primacial para qualquer ser humano, o direito a livremenhte escolher a sua orientação de fé e bem assim a livremente pensar e agir, porque o católico bem sabe que é peregrino nesta terra ele provém de Deus e vai para Deus. e é consciente de qwue apenas deve obedecer ás autoridades legitimamente constituidas, isto é baseadas na livre escolha dos cidadãos e respeitadoras da dignidade da pessoa humana.
Poder-me-ão perguntar porque motivo os cristãos ortodoxos, em certa medida se acomodaram ao status quo, isto deve-se, pelo facto da Igreja Ortodoxa, não evangelizar o seu povo( quero com isto dizer que não há doutrinação, melhor catequese, as verdades essenciais da fé não são transmitidas)e por outro sempre ter dependido dos privilégios conferidos pelo poder temporal, em especial económicas, era o maior proprietário de terras aquando da revolução bolchevique. diga-se em abono da verdade que houve alguns mártires ortodoxos que coragem denunciaram o bolchevismo, mas a maioria do clero e por conseguinte do põvo aceitou o novo regime e a Igreja Ortodoxa passou a ser porta voz do poder soviético,acaso era ateu em alguns forums internacionais como o conselho mundial das Igrejas.
A Igreja Católica desde sempre procurou afirmar a sua autonomia face a princípes e a governantes, situação muito clara no século XX, em que teve um papela dete4rminante na denúncia dos crimes perpetrados pelos regimes marxistas e leninistas mas também os de carácter fascizante. a Igreja Católica prima acima de tudo pela defesa do homem e da sua dignidade inertente á condição de ser humano dotado de uma alma, as qual é específica deste e em caso algum re- encarnará..
contudo isso será para uma reflexão ulterior....

J. Fortuna

Unknown disse...

Subscrevo inteiramente o texto do meu desconhecido e ilustre interlocutor.